Cidades

Agentes se infiltram para prender traficantes de classe média

Um casal foi preso com 250 comprimidos de ecstasy e R$ 3,5 mil em espécie. A ação é um modo de coagir o tráfico nas classes média e média alta de Brasília

Sarah Peres - Especial para o Correio
postado em 30/08/2018 18:15

Agentes apreenderam 250 comprimidos de ecstasy e R$ 3,5 mil em espécie com o casal de traficantes Policiais da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) prenderam dois traficantes que vendiam entorpecentes na cena de música eletrônica de Brasília. Os agentes se infiltraram em meio aos criminosos e demonstraram interesse em realizar uma compra em atacado de ecstasy. Após concretizar a venda, foi dada a voz de prisão aos acusados. Houve a apreensão de 250 comprimidos da droga, além de R$ 3,5 mil em espécie. O caso ocorreu na tarde de quarta-feira (29/8), em frente a uma faculdade particular de Águas Claras.

O casal de namorados, um homem de 22 anos e uma mulher de 20, vendiam as drogas juntos. Ele é morador do Guará 1 e ela, de Vicente Pires. Ambos são estudantes de engenharia em uma faculdade particular. Os jovens foram autuados em flagrante por tráfico de drogas. O coordenador de repressão às drogas, Luiz Henrique Sampaio, explica que a dupla se enquadra no novo perfil de traficantes de classe média e média alta, que atuam em festas eletrônicas da capital.

Para identificar a atuação desses bandidos, os agentes da Cord estão utilizando a técnica de infiltração. Para chegar até o casal de traficantes, foi feito o contato com outros quatro criminosos, que também acabaram presos. Todo o trabalho de investigação durou cerca de duas semanas. A Polícia Civil não soube especificar o tempo de atuação da dupla.

;O que percebemos é que se estabelece uma rede de tráfico de drogas elitizada, a qual visa um público específico, que são pessoas poder aquisitivo alto. Os usuários são pessoas que não querem ir até as bocas convencionais. Eles estão dispostos a pagar a mais pela facilidade de aquisição da droga. Consequentemente, os traficantes surgem dessa mesma classe social;, delimita o coordenador Sampaio.

Luiz Henrique analisa que o perfil desses traficantes é parecido. ;São pessoas estudadas, que cursam ou cursaram a faculdade. São jovens que, em maior parte, não apresentam perfil violento. Portanto, o trabalho de infiltração não oferece risco ao agente, que recebe treinamento e uma rede de apoio para a atuação nesse tipo de trabalho;, destaca.

Adaptação

A infiltração dos policiais é uma nova técnica usada pelos agentes da Cord. A ação ocorre porque esses traficantes realizam as vendas discretamente, atuando em meio aos grupos sociais os quais estão inseridos. O contato com o usuário é mantido por meio do uso de aplicativos de comunicação, que dificultam o monitoramento diário dos policiais.

;Estamos diante de uma proliferação desse tipo de traficante nas festas eletrônicas. Esses locais têm sido palco para o comércio intenso de drogas sintéticas. As mais comuns são ecstasy, haxixe e skunk. Por isso, treinamos os agentes para se infiltrar nesse meio e buscar uma aproximação com o traficante, criando um falso laço de amizade. Desse modo, coletamos provas da ação criminosa e articulamos situações de flagrante como essa;, esclarece.


Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação