Renata Nagashima*, Sarah Paes*
postado em 03/09/2018 06:00
Já pensou em produzir um filme gratuitamente e ainda mostrar para outras comunidades as riquezas da sua cidade? Graças ao projeto Reconhecendo meu território, descobrindo possibilidades, oferecido pelo Museu da Educação do DF (Mude), em parceria com o Museu Vivo da Memória Candanga, isso será possível. Duas turmas, com 25 alunos cada, serão responsáveis por descobrir locais, eventos, festividades e pessoas importantes em uma comunidade.
Responsável pelo setor de educação patrimonial do Mude, Luciana de Maya Ricardo conta que, inicialmente, o curso era voltado para moradores da Candangolândia, local onde o museu será erguido, porém, pessoas de outras regiões demonstraram interesse. ;Vai acrescentar riquezas culturais ao projeto, com mais histórias de cada cidade, já que temos matriculados alunos de diversas regiões, como Núcleo Bandeirante, Recanto das Emas e Planaltina.;
Segundo ela, o principal objetivo do curso é mostrar para as pessoas que os patrimônios de uma comunidade não são apenas coisas institucionalizadas, podem também ser simples, como o samba do fim de semana, aquela praça de que os moradores cuidam, um evento ou até mesmo uma pessoa que a comunidade respeita. ;Queremos que os participantes se identifiquem com essas pessoas e esses lugares e produzam um filme para que outras sejam influenciadas e consigam identificar o patrimônio histórico da comunidade delas também;, destaca.
Quando concluído o filme, a ideia é que uma devolutiva seja feita para a comunidade, entre 17 e 18 de dezembro, nos locais onde foram gravadas as imagens. ;Como vamos explorar muito esses patrimônios imateriais, dos quais as pessoas desconhecem o valor, como costumes, tradições, queremos apresentar para elas depois;, afirma Luciana. ;Queremos que elas percebam que essas coisas do dia a dia delas também têm valor.;
Ao todo, serão 16 encontros, divididos em três etapas, sendo a primeira uma coleta de dados de cada local e a produção de um inventário. Em seguida, com essas informações, será montado um roteiro e definido o formato do projeto, se será documentário ou filme, por exemplo, e, por último, filmagens e edição do projeto. ;Eu quero ensiná-los, principalmente, como podem se expressar por meio da linguagem audiovisual, para que eles possam apresentar as riquezas de cada local de forma sensível;, explica a cineasta Patrícia Dantas.
Jade Gabriela de Deus Morais, museóloga que auxiliará na composição dos inventários, afirma que, apesar de ministrar as aulas, também aprenderá com as histórias de cada aluno. ;O mais interessante é que eu vou poder ver o que os outros têm para apresentar. Eles vão trazer a vivência deles, o que é importante no local onde moram. Isso é muito tocante.;
Pioneiro
Yussef Jorge Sarkis, 63, morador de Águas Claras e presidente da Associação dos Candangos Pioneiros de Brasília, é um dos milhares de candangos que chegaram à cidade durante a construção da capital. Seu pai e seu tio vieram para a cidade participar diretamente do processo de formação de Brasília. O pai de Yussef, José Paulo Sarkis, foi o dono da primeira loja de materiais de construção da cidade, localizada na 2; Avenida da Cidade Livre, atualmente Núcleo Bandeirante. Local também do seu primeiro endereço na cidade, em uma casa nos fundos da loja.
Com o pai visionário, cresceu se mudando, morou no Núcleo Bandeirante, na Asa Norte, na Asa Sul e em muitos outros lugares. ;O primeiro prédio da W3 Sul foi construído pelo meu pai, uma loja. Segundo minha mãe, parecíamos uma família de ciganos. Nós nos mudamos mais de 20 vezes;, afirma Yussef. Ele cresceu vendo a cidade do coração se transformar e ganhar as características de metrópole. ;Brasília nasceu para ser cosmopolita, aqui é uma síntese do que é o Brasil;, acrescenta.
Para ele, iniciativas como a do curso oferecido pelo Mude, em parceria com o Museu Vivo da Memória Candanga, são fundamentais para a cidade. ;Temos experimentado um crescimento rápido. Brasília é uma cidade jovem e, para qualquer lugar que olhamos, tem uma construção;, observa. ;Essas histórias têm de ser contadas;, enfatiza o pioneiro.
* Estagiárias sob supervisão de Mariana Niederauer
ANOTE
Reconhecendo meu território, descobrindo possibilidades
Turma A
Período: 3 de setembro a 17 de
dezembro de 2018
Dia e horário: segundas-feiras,
das 14h30 às 17h30
Local: Casa Amarela do Museu Vivo da Memória Candanga
Turma B
Período: 4 de setembro a 18 de dezembro de 2018
Dia e horário: terças-feiras, das 14h30 às 17h30
Local: Casa Amarela do Museu Vivo da Memória Candanga
As inscrições podem ser feitas gratuitamente, pelo e-mail cursosmude@gmail.com.