Isa Stacciarini
postado em 05/09/2018 06:00
"Ele só judiava dela. Batia, xingava. Era uma pessoa muito ruim para a minha filha." O desabafo é de Maria Oneide de Sousa Lima, 54 anos, mãe de Simone de Sousa Lima, 25, assassinada com pelo menos sete golpes de faca. O principal suspeito é o ex-companheiro dela, Josias Sacramento Santos, 40. A Justiça decretou a prisão preventiva dele no mesmo dia do feminicídio, mas o acusado segue foragido. "Eu nunca o considerei nada meu. Só quero que a Justiça seja feita, por mais que isso não vá trazê-la de volta", disse Maria Oneide. O corpo de Simone será sepultado hoje, às 14h, no Cemitério do Gama. Não haverá velório. O Centro de Referência de Assistência Social (Cras) pagará o enterro.
Simone é a 21; vítima de feminicídio no Distrito Federal. A vítima e Josias se relacionaram durante três anos, idade do filho do casal, mas estavam separados. Na madrugada de segunda-feira, o suspeito pediu que ela fosse até a quitinete dele, na QR 417 de Santa Maria. Simone vivia na casa dos pais. No local, segundo a investigação, o ex-companheiro a matou. "Ela estava morando na casa dos pais, mas se encontravam. O que não dá para saber é se o Josias a chamou com a intenção de matá-la. Alguns vizinhos contam que ouviram um barulho, mas não sabem especificar o que era. Está tudo muito vago", contou o delegado-chefe da 33; Delegacia de Polícia (Santa Maria), Rodrigo Telho Correa.
O feminicídio ocorreu às 6h. De acordo com a Polícia Civil, havia resquícios de cocaína em uma mesa da quitinete, o que levanta a suspeita de que possa ter ocorrido consumo de droga por parte do suspeito. Segundo informações de familiares, a vítima estava grávida de dois meses. "Os policiais encontraram o teste de gravidez na casa dele", disse a irmã de Simone, Raimunda de Sousa.
Crimes
O suspeito deixou o local horas depois e foi até a casa do cunhado, casado com a irmã dele, que o denunciou. Josias teria confessado o crime, trocado de roupa e fugido. "Não sabemos o que aconteceu dentro do apartamento, mas a hipótese de ter sido por causa da gravidez é descartada, pois a tese mais provável é de que o filho seria dele", explicou Rodrigo.
Simone tinha uma medida protetiva contra Josias, registrada em dezembro de 2017. No dia do crime, haveria uma audiência na Justiça referente ao processo. O homem também responde a outra ação por violência doméstica, de setembro do ano passado. "Uma pessoa que mata a companheira com golpes de facão demonstra violência, ódio e intenção de matar", destacou o delegado.
Segundo o investigador, desde o dia do crime, equipes de investigação estão nas ruas para tentar localizar o suspeito. Além dos processos de violência doméstica, Josias tem passagens por lesão corporal e ameaça, adulteração de sinal de veículo, receptação de veículo roubado e porte de arma.