Cidades

Em um mês, polícia prendeu seis universitários por tráfico de drogas no DF

Na 208 Norte, um personal trainer de 28 anos aproveitava a proximidade com a UnB para negociar skunk e haxixe com alunos

Walder Galvão - Especial para o Correio, Thiago Melo*
postado em 12/09/2018 06:00
No imóvel do personal trainer, a polícia apreendeu, além de drogas, R$ 2,5 mil em dinheiro e anabolizantes
A Polícia Civil prendeu, nos últimos 30 dias, seis universitários por tráfico de drogas no Distrito Federal. O caso mais recente é o de um jovem de 28 anos surpreendido no apartamento onde mora, na 208 Norte. No imóvel alugado, os agentes encontraram porções de skunk (maconha potencializada), haxixe e uma droga não identificada. Também havia no local uma balança de precisão, cinco ampolas de um anabolizante clandestino e R$ 2,5 mil em dinheiro.

Segundo o diretor da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), Luiz Henrique Dourado, o acusado traficava os entorpecentes no próprio apartamento. Como ele morava próximo à Universidade de Brasília (UnB), a principal clientela dele era estudantes de classe média e alta. Segundo a apuração policial, denúncias anônimas levaram os investigadores ao suspeito. Em seguida, os agentes passaram a monitorar a movimentação de usuários. No entanto, de acordo com o delegado, como as drogas eram negociadas dentro do imóvel, houve dificuldade para comprovar o crime. ;A suspeita é de que ele comercializava as drogas, consideradas de alto valor, principalmente entre a comunidade universitária de Brasília;, afirmou Luiz Henrique.

De acordo com o investigador, o jovem trabalhava como personal trainer e estudava em uma instituição de ensino superior; por isso, o acusado alegou que os anabolizantes encontrados pela polícia eram para uso pessoal. ;A quantidade pequena desse produto não pode ser caracterizada como tráfico, mas, em relação aos entorpecentes, não há dúvida quanto ao crime;, ressaltou Luiz Henrique.

O delegado alertou que um novo tipo de comércio de drogas surge no Plano Piloto e em outras áreas de classe média e média alta do DF. Nesses locais, os traficantes negociam novos entorpecentes, mais potentes e perigosos. ;A gente tem verificado que eles costumam vender drogas diferentes, algumas sintéticas e outras que são desenvolvidas a partir de substâncias conhecidas e que, normalmente, são muito mais fortes que as originais;, detalhou o diretor da Cord.

No celular do suspeito preso na 208 Norte, os investigadores encontraram listas de transmissão. De acordo com os agentes, ele usava aplicativos para divulgar a prática. O jovem, que não teve o nome divulgado, foi autuado por tráfico de drogas. Se condenado, pode receber pena que varia de 3 a 10 anos de prisão. Suspeita-se que as substâncias traficadas por ele tenham vindo de Belém, no Pará.

Renda
O sociólogo e especialista em segurança pública da UnB Antônio Flávio Testa explicou que o tráfico e o consumo de drogas no meio universitário é histórico no Brasil. Segundo ele, em muitos casos, os traficantes começam como usuários, repassam para os colegas e enxergam nisso uma forma de fazer renda. ;Eles começam a vender poucas quantidades e ficam corajosos. Com o tempo, percebem que é um negócio rentável e encaram como uma espécie de emprego;, disse.

* Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer

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