Cidades

Bispo de Formosa renuncia ao cargo; pedido é acolhido pelo papa Francisco

Bisbo Dom José Ronaldo Ribeiro é acusado de participar de esquema de desvio de mais de R$ 2 milhões dos cofres da Igreja Católica

Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 12/09/2018 08:55
Operação Caifás, realizada pela Polícia Militar, Civil e Ministério Público de Goiás, prendeu líderes religiosos de Formosa (GO)
Investigado por participar de esquema criminoso de desvio de mais de R$ 2 milhões da Igreja Católica, dom José Ronaldo Ribeiro renunciou ao cargo de bispo de Formosa (GO). A Nunciatura Apostólica no Brasil comunicou a decisão do papa Francisco em aceitar a renúncia na manhã desta quarta-feira (12/9). A notícia foi publicada no jornal L;Osservatore Romano, às 12h de Roma.

Em 19 de março, o Ministério Público de Goiás (MPGO) deflagrou a Operação Caifás, que resultou no cumprimento de nove mandados de prisão contra grupo acusado de desviar dinheiro de 33 paróquias vinculadas à Diocese de Formosa. A suspeita é de que os réus faturassem por meio de batizados, casamentos e eventos realizados pela igreja. A investigação aponta que os religiosos tenham adquirido propriedades, veículos e jóias.

O bispo, cinco padres e outras pessoas vinculadas à Cúria da Região permaneceram presos por quase 30 dias, mas, após a terceira tentativa de habeas corpus, conseguiram a liberação do Presídio de Formosa, impetrada pela defesa no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). Os suspeitos são acusados de apropriação indébita, associação criminosa e alguns por lavagem de dinheiro

As audiências do caso começaram nesta segunda-feira (10/9) em Formosa. Até o momento, a Justiça ouviu duas testemunhas de acusação. A audiência estava marcada para agosto, mas foi adiada a pedido da defesa, quando os promotores do MPGO apresentaram novas provas sobre a atuação dos religiosos no desvio de dinheiro. A próxima sessão está marcada para esta quinta-feira (13/9).

Além do bispo, são acusados: Waldson José de Melo, Pároco da Paróquia Sagrada Família, em Posse; Guilherme Frederico Magallhães, secretário da Cúria de Formosa; Darcivan da Conceição Serracena, funcionário da Diocese de Formosa; Edmundo da Silva Borges Junior, advogado da Diocese de Formosa; Pedro Henrique Costa Augusto e Antônio Rubens Ferreira, empresários apontados como laranjas do esquema; Tiago Wenceslau de Barros Barbosa Junior, juiz eclesiástico; Mario Vieira de Brito, pároco da Paróquia São José Operário, em Formosa; Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Formosa; Epitácio Cardozo Pereira, vigário-geral; e José Ronaldo Ribeiro, bispo de Formosa.

A reportagem entrou em contato com a defesa do bispo dom José, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também foi procurada, mas ainda não emitiu um posicionamento. A Cúria de Formosa informou que os padres estão em reunião e não poderiam conversar com o Correio.

Trajetória

Dom José Ronaldo Ribeiro foi nomeado presbítero em 5 de maio de 1985 em Brasília. Ele tomou posse como pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada da Conceição, em Sobradinho, em 1 de junho de 1985.

Em 6 de junho de 2007, dom José foi nomeado bispo de Janaúba (MG). Sete anos mais tarde, ele ficou à frente da Diocese de Formosa e tomou posse do lugar em 22 de novembro de 2014. No fim de 2015, já haviam denúncias de fiéis sobre os desvios da Igreja Católica.

Bispo interventor

Após as acusações contra o dom José Ronaldo, o papa Francisco nomeou o arcebispo de Uberaba, dom Paulo Mendes Peixoto, para assumir a administração da Diocese de Formosa. O sacerdote está à frente do município goiano durante todo o trâmite judicial. O comunicado do Vaticano o nomeou como bispo oficial da Diocese de Formosa.

Quando a primeira audiência de instrução de julgamento foi marcada, dom Paulo pediu à Justiça a liberação da participação como testemunha do julgamento dos religiosos acusados. Ele alegou sigilo de ofício para dispensa em juízo.

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