Alexandre de Paula
postado em 13/09/2018 06:00
A pesquisa de intenção de votos para o Palácio do Buriti publicada ontem pelo Correio revela um jogo embolado e ainda aberto para alterações, na visão de especialistas. Cientistas políticos avaliam que, para crescer, candidatos devem focar em questões sensíveis, sobre as quais a população almeje mudanças e melhorias, como saúde e segurança pública. Para eles, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) tem o grande desafio de superar a rejeição, que chega a 64,2%.
Conforme os especialistas, os números do levantamento do Instituto Opinião Política mostram a tendência de que deve haver segundo turno nas eleições do DF, mas é difícil precisar quem estaria nele. Eliana Pedrosa (Pros) lidera a disputa com 19,1% dos votos. Em segundo lugar, está Alberto Fraga (DEM) com 13,2%, seguido por Rollemberg, com 12,1%. Rogério Rosso (PSD) ocupa a quarta colocação, com 10,1%.
Segundo o cientista político e especialista em políticas públicas pela Universidade de Brasília (UnB) Emerson Masullo, os candidatos que lideram a pesquisa estão apostando nas áreas em que o eleitorado demonstra interesse. A estratégia, para ele, tende a ser eficaz para a ascensão entre os eleitores. ;São concorrentes que estão falando o que a população quer ouvir. Muitos focam na questão da segurança pública, que é um problema sério hoje; outros adotam o discurso da família tradicional, já que o eleitorado tende a ser mais conservador;, avalia. ;O que vai decidir são as estratégias de campanha e a capacidade que cada um vai ter para afinar o discurso;, ressalta.
Desafio
O cenário não é positivo para o atual governador Rodrigo Rollemberg (PSB), na avaliação do cientista político Creomar de Souza, da Universidade Católica de Brasília (UCB). ;O crescimento dele está estagnado;, observa. Se, apesar disso, o socialista conseguir chegar ao segundo turno, terá dificuldades. ;Quem desse grupo ligado ao Roriz ; Eliana, Rosso e Fraga ; entrar no segundo turno vai ter uma grande vantagem estratégica, porque a tendência é de que os outros candidatos venham juntos;, analisa.
Para o cientista político e professor da UnB Ricardo Caldas, o governador terá um grande desafio pela frente. ;Há um desejo do eleitor do DF em ver mudança. Isso explica porque os dois primeiros colocados na pesquisa são oposição. Ele precisa fazer um trabalho de convencimento, que é difícil de dar certo em três semanas.;
Caldas avalia ainda o crescimento de Eliana Pedrosa. Ela, para o professor, absorveu de maneira mais direta o eleitorado de Jofran Frejat (PR), que liderava as pesquisas quando desistiu da candidatura. Fraga também se aproveitou da rejeição de Rollemberg, de acordo com Caldas. ;Muita gente dava como uma candidatura sem perspectiva, lançada de última hora, mas ele soube reverter isso.;
Indefinição
Apesar do descolamento da líder Eliana Pedrosa (Pros) dos outros candidatos, Creomar de Souza avalia que até a liderança pode mudar. ;Mesmo a Eliana, que é líder, não chega a 20% do eleitorado. Todos os candidatos têm uma rejeição consideravelmente alta;, afirma. O fato de três dos quatro primeiros colocados ; Eliana Pedrosa, Rosso e Alberto Fraga ; terem raízes políticas no grupo dos ex-governadores Joaquim Roriz e José Roberto Arruda (PR) complica ainda mais a questão, para Creomar. O crescimento de qualquer um deles pode ter impacto negativo para os outros.
A subida de Fraga, para o cientista político, também está relacionada com o desempenho do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), a quem Fraga declarou apoio mesmo sendo da coligação de Geraldo Alckmin (PSDB). O democrata aparece na segunda colocação, com 13,2%. No primeiro levantamento, divulgado em 16 de agosto, ele estava na quarta colocação. A pesquisa mostra que Bolsonaro lidera com folga no Distrito Federal. O candidato ao Planalto aparece com 34,8% das intenções de voto. O índice é mais do que o dobro do segundo colocado, Ciro Gomes (PDT), que teve 14,9% das menções no levantamento.