Isabela Guimarães*, Sarah Paes*
postado em 13/09/2018 06:00
Em uma semana, a primavera chegará para mudar ainda mais o cenário de Brasília durante a seca. O marrom e os tons acinzentados devem se transformar em variações de verde, com os ipês para completar a aquarela do Planalto Central. O clima dos próximos dias ainda promete umidade baixa e temperaturas altas. A umidade pode chegar a 10% e a temperatura, a 33;C. A previsão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) é de que a estação comece às 22h54 de 22 de setembro.
A gestora financeira Geovana Coimbra, 19 anos, reclama do clima seco e não vê a hora de a próxima estação chegar. ;A seca está me matando. Eu estou vivendo à base de sorvete;, brinca. O calor intenso também incomoda. ;Eu acordo às 5h e já vou correndo tomar banho;, relata a jovem. Ela deseja que a chuva chegue logo para que possa realizar as atividades diárias com mais tranquilidade. ;A gente consegue dormir e trabalhar melhor quando o tempo está mais ameno;, completa.
A torcida de Geovana pode trazer resultados logo. Com a primavera, as chuvas ficam mais frequentes, marcando o período de transição entre a estação seca e a estação chuvosa e dando uma trégua ao clima árido. É a época da polinização das flores e da reprodução de alguns bichos característicos desta estação, principalmente das aves e de insetos, como as borboletas. O ciclo reprodutivo de alguns animais muda com o aumento da oferta de alimentos na natureza.
O tempo seco também prejudica a analista de sistema Tamires Gouveia, 31 anos. Para amenizar o calor, ela tem uma estratégia. ;É bom ir ao shopping para aliviar o clima quente, por causa do ar-condicionado;, brinca. Ela conta que o nariz costuma sangrar nessa época e que utiliza cremes especiais para proteger a pele. A analista destaca que a proximidade do fim do período de seca também pode representar alívio no orçamento. ;Vai ser bom para o bolso também, porque a gente já vai poder desligar o umidificar e o ventilador. O valor da conta de energia melhora;, destaca.
A principal diferença dessa estação é a mudança da paisagem, como apontado pela equipe do Jardim Botânico de Brasília, formada pela diretora de Fitologia, Priscila Oliveira, diretora de Manejo de Recursos Naturais, Ana Luiza Caldas, e a superintende técnico-científica Vânia Soares.
No local, mais de 200 espécies de plantas são conservadas, divididas entre diferentes coleções e jardins. Algumas espécies iniciam a troca de folhagem e muitas iniciam o processo de floração. Apesar da mudança do clima, elas ainda alertam para os riscos de queimadas. A queima de lixo e de restos de poda podem gerar grandes incêndios, com perdas de biodiversidade, alertam as especialistas.