Jornal Correio Braziliense

Cidades

Ministério Público de Contas também apura suspeita de fraude no Na Praia

As possíveis irregularidades nos projetos do Na Praia beneficiados pela Lei de Incentivo à Cultura são alvo de processo que corre no Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), além da operação Praia de Goa


As possíveis irregularidades nos projetos do Na Praia beneficiados pela Lei de Incentivo à Cultura são alvo de processo que corre no Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), além da operação Praia de Goa, deflagrada ontem pela Polícia Civil. O Ministério Público de Contas do DF (MPC-DF) pediu a análise da questão com relatório, assinado pelo procurador Marcos Felipe Pinheiro Lima, em que apresenta uma série de problemas envolvendo as iniciativas. O MP também apura a ligação da ex-servidora da Secretaria de Cultura com os projetos beneficiados.

Para o Ministério Público, o benefício foi concedido em favor de projeto com alto potencial lucrativo, o que torna desnecessário o financiamento estatal. Além disso, o órgão avalia que há indícios de falhas nos orçamentos dos projetos. O relatório acrescenta que os eventos do Na Praia arrecadaram recursos individualmente apesar de se valerem da mesma estrutura e ocorrerem no mesmo período.

De acordo com o MP de Contas, os recursos obtidos pelos três projetos ultrapassam o teto de renúncia fiscal previsto na Lei Orçamentária, segundo a qual um único beneficiário não poderá arrecadar mais de 5% do limite definido. No período, o valor estava estabelecido em R$ 700 mil. O montante recebido pelas duas edições do Na Praia Cultural e pela segunda edição do Na Praia Social foi de R$ 2.055.592,95. A estratégia para driblar o limite foi dividir os projetos entre proponentes diferentes.

Com o pedido do MPC-DF, o TCDF solicitou esclarecimentos à Secretaria de Cultura em junho deste ano. A pasta enviou documentos ao órgão. O processo agora está em fase de distribuição.

;Desproporcional;


Em nota, a R2 Produções criticou a operação, que considera ;desproporcional;, e manifestou surpresa com as investigações. ;A empresa jamais foi chamada a prestar qualquer tipo de esclarecimento e nenhum dos sócios foi instado a dar informações;, diz o texto.

A produtora destaca que os documentos relacionados ao projetos são públicos e que não há pendências em relação às prestações de contas. ;A empresa reitera a integral lisura de suas atividades, sua postura colaborativa com a Justiça e demais instituições e permanece à disposição para ajudar na elucidação deste ou de qualquer outro procedimento.;

Também por meio de nota, a Secretaria de Cultura afirma que colabora com as investigações desde abril, quando encaminhou cópias dos processos entregues ontem à Polícia Civil. De acordo com a pasta, são seguidos critérios rigorosos para seleção dos projetos contemplados pela Lei de Incentivo à Cultura. ;Contando com membros técnicos qualificados, pareceristas externos e um órgão colegiado formado pelo poder público e a sociedade civil.;

A pasta destaca a disposição para colaborar com as investigações. ;Incluindo a apuração do envolvimento de algum servidor público (comissionado ou efetivo) que possa ter recebido vantagem indevida;, completa. A nota afirma também que todos projetos ainda estão em fase de análise de prestação de contas e, caso sejam constatadas irregularidades, serão aplicadas as penalidades previstas em lei.

A Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer afirma que passou todas as informações requeridas pela PCDF, assim como todos os documentos solicitados pela corporação. ;A pasta destaca o seu comprometimento no cumprimento das regras impostas pelo ordenamento jurídico e ressalta a total disposição em colaborar, de maneira integral, para os devidos esclarecimentos à sociedade;, diz nota divulgada pelo órgão.