Mariana Machado
postado em 02/10/2018 06:00
O mês de outubro começou com aulas suspensas devido à gripe H1N1. Em Ceilândia, a escola EduSesc dispensou uma turma de educação infantil depois que três crianças de 3 anos foram diagnosticadas com a doença. A previsão é de que a classe retorne amanhã. Já em Taguatinga, todos os estudantes de uma unidade do colégio Ideal foram liberados após a confirmação de três casos e a suspeita de haver outros três. Desde janeiro, foram registrados 67 ocorrências de gripe H1N1 em todo o DF, seis delas levaram à morte do paciente.
A mãe de uma aluna do 4; ano do EduSesc estava preocupada. Segundo ela, a escola não comunicou os pais de crianças de outras turmas a respeito da circulação do vírus no colégio. ;Os professores foram na turma dela e avisaram sobre os alunos doentes. Eu não sabia de nada, fui pega de surpresa;, disse a mulher, que preferiu não se identificar.
Por meio de nota, o Serviço Social do Comércio no DF (Sesc-DF) afirmou já ter tomado todas as providências necessárias para evitar a transmissão do vírus dentro da escola.
Na manhã de ontem, o colégio Ideal, em Taguatinga, acionou a Secretaria de Saúde comunicando sobre os casos de H1N1. Na unidade em que as aulas foram canceladas circulam cerca de 600 crianças, de 4 a 11 anos. Não foi informado, no entanto, de quais turmas são os alunos diagnosticados com a doença, apenas que eles têm entre 7 e 11 anos de idade.
A suspensão foi sugerida pela direção e aprovada pelos pais. Em nota, a instituição afirma que as aulas serão repostas posteriormente para que não haja prejuízo aos estudantes. ;O colégio tem tomado as medidas necessárias de prevenção ao H1N1;, diz o texto.
Em uma escola de Samambaia, um aluno de 3 anos também foi diagnosticado com o vírus. Segundo o diretor Cleber Nascimento, não foi necessário cancelar nenhuma aula. A unidade também notificou a Secretaria de Saúde.
O Correio procurou a pasta que negou ter sido informada a respeito de casos da doença em Taguatinga e Ceilândia. ;A Secretaria de Saúde esclarece que não existe uma epidemia de Influenza A H1N1 no Distrito Federal;, ressalta a nota. A campanha de vacinação este ano imunizou 97,8% do público-alvo, que inclui, entre outros, idosos, gestantes e crianças de 6 meses a 5 anos.
O pai do estudante do colégio em Samambaia esteve com o filho no Hospital Anchieta, na sexta-feira. O homem de 49 anos não quis se identificar, mas relata que e viu alguns pais aflitos no local. ;A pediatra que nos atendeu disse que outras nove crianças também estavam com o vírus. Vi um pai desesperado com a filha de 5 anos que tinha acabado de receber o exame positivo para a doença;, lamentou. O hospital não se pronunciou a respeito.
Cuidados
Ontem, em Águas Claras, uma escola de ensino infantil também avisou que vai suspender as aulas depois que duas crianças de 6 anos tiveram a confirmação da doença. Hoje e amanhã todos os alunos estão liberados. ;Aos pais cujos filhos estejam sob suspeita clínica de gripe, pedimos que não encaminhe seu filho nos próximos dias;, diz uma circular distribuída aos responsáveis. Em outro comunicado oficial, a direção informa que acionou a Secretaria de Saúde para orientações e que estão em contato com as famílias dos estudantes que apresentaram sintomas.
A bancária Sandra Siebra Alencar, 46, disse que houve pânico entre os pais quando souberam das infecções. ;Todos ao longo do dia foram buscando os filhos mais cedo;, conta. A filha dela tem 5 anos e estuda na sala a lado da turma onde foi registrado um dos casos. A assessoria de comunicação do centro de ensino, que atende 720 crianças de até 6 anos, disse que a Secretaria de Saúde não considerou necessário fechar o prédio, mas a direção optou pela medida para higienizar local.
Para o médico Werciley Júnior, infectologista, chefe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Lúcia e membro titular da Sociedade Brasileira de Infectologia, a melhor forma de se previnir da gripe é ter cuidados básicos de higiene, como lavar as mãos, e evitar aglomerações. ;Fechar as portas de uma escola é um pouco de exagero, não precisava. O que importa é educar sobre a higienização e nada mais. Suspender as aulas cria pânico e gera demanda desnecessária e sem benefícios. Quem já foi contaminado, já foi e ponto;, analisa o médico.