Cidades

Miragaya defende PT e propõe região metropolitana articulada com Goiás

Segundo ele, a criação de uma administração articulada com o governo vizinho e municípios do Entorno facilitará ações para a melhora da infraestrutura e a geração de empregos

Marcos Amorozo*
postado em 03/10/2018 21:33
Último debate promovido pelo Correio Braziliense com candidatos ao Governo do Distrito Federal (GDF), com transmissão da TV Brasília. Na foto, o candidato Júlio Miragaya (PT).
O candidato do PT ao Governo do Distrito Federal, Júlio Miragaya, propôs a institucionalização da região metropolitana durante o último debate para governadores, organizado pelo Correio e pela TV Brasília nesta quarta-feira (3/10). Além disso, Miragaya teve de responder algumas questões sobre seu partido e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A ideia, segundo ele, é a criação de uma administração articulada com o Governo do Goiás e dos municípios para o planejamento de ações para melhorar a infraestrutura desses locais e a criação de empregos. "Grande parte das consequências dessa desigualdade [entre DF e Entorno] causam impacto aqui no Distrito Federal, em nossos hospitais, trânsito, etc", afirmou o petista.

Questionado sobre a relação entre o baixo desempenho nas pesquisas e a defesa da inocência de Lula, Miragaya afirmou que "não referencia a campanha nesses resultados". Ele ainda relembrou o caso de 1988, em que Luiza Erundina, filiada pelo PT à época, estava em quarto lugar na disputa pela prefeitura de São Paulo a três semanas das eleições e, no fim, se elegeu em cima de Paulo Maluf.

Miragaya, assim como a maioria dos candidatos, criticou as propostas de Ibaneis Rocha (MDB). "Essa questão que ele fala de gerar 100 mil empregos apenas em micro e pequenas empresas não tem cabimento, é insustentável. É mera demagogia, é chute! Não tem sustentação. Ibaneis vem aqui e propõe coisas que não tem a menor possibilidade", constatou.

Em meio ao clima de troca de acusações, o petista diz que "não é assim que se faz política" e que a população "quer a troca de propostas, não a troca de baixarias". Veja a seguir os principais momentos de Miragaya no debate.

Influência da prisão de Lula na campanha

"A gente não leva em consideração para nossa campanha as pesquisas eleitorais. Eu tenho citado vários casos, como o de 1988 onde Luiza Erundina, que, a três semanas das eleições, estava em quarto lugar nas pesquisas, venceu Paulo Maluf na prefeitura em São Paulo. A gente não referencia a nossa atividade política em pesquisa política. Temos outros nortes na campanha, temos larga representação na classe trabalhadora, um segmento majoritário e a gente acredita que temos as melhores propostas nos planos nacional e distrital. Nós temos propostas para criação de empregos, para retomar o crescimento da economia, promover distribuição da renda e inclusão social. São questões que interessam o povo brasileiro e brasiliense."

"Lula é um preso político. Não há provas de crime, só delações. Só tem pessoas que querem se safar, assim como Palocci que quer reduzir a sua pena. Escuta aqui eleitor, essa delação foi recusada pelo MP e o Moro divulgou cinco dias antes das eleições tentando interferir no processo eleitoral. Lula foi o melhor presidente da história desse país. Pelo menos o que mais olhou para as políticas sociais. Foi ele quem colocou o negro e o pobre na faculdade, fez o Mais Médicos. A prisão arbitrária do Lula foi feita para barrar sua candidatura que ganharia no primeiro turno, como mostravam as pesquisas. De forma alguma, a defesa de Lula prejudica a minha campanha, pelo contrário."

Desgaste do PT no DF

"O desgaste ocorre em todos os partidos, com seu pontos negativos e positivos. No última gestão do PT, a proposta foi recusada pois era governo e não conseguiu se reeleger, mas isso não significa uma avaliação totalmente negativa do governo. A questão do estádio foi muito negativa para Agnelo, mas acredito que isso já tenha acabado."

Entorno

"A área metropolitana de Brasília, o Entorno, é como bairros do DF, mas, por uma circunstância, estão em outra unidade da Federação, que dificulta muito a administração tanto da parte de lá como de cá. Nós queremos institucionalizar a região, e isso é possível por meio do Estatuto das Metrópoles, aprovado pelas casas legislativas dos dois estados (DF e GO). A partir disso, o DF pode acessar programas do governo federal e o passo seguinte seria criar um órgão gestor para que, por exemplo, na área da saúde, pudesse fazer o planejamento integrado, assim como na educação e, principalmente, na geração de emprego e mobilidade. É possível, a partir desse órgão, trabalhar de forma integrada com Goiás e com os municípios. Afinal, metade da população dessas cidades trabalha ou procura emprego aqui. Se existe uma desigualdade no DF, com esses municípios metropolitanos, a realidade é ainda pior. Uma situação estarrecedora. Em algum deles, mais de 90% da população não têm saneamento básico. Outros não têm acesso ao ensino superior, nenhuma faculdade privada. Eles têm que vir a Brasília porque não tem essa oferta. A dificuldade nos empregos é limitada pela baixo desenvolvimento da atividade produtiva. Eles têm que procurar emprego aqui. Por isso, a atuação em conjunta pode melhorar essa situação."

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Delação de Palocci

"Quero inclusive dizer aqui que conversava com o (Alberto) Fraga que me disse que a ditadura mais poderosa é a do Judiciário. Ele tem razão. Esse denuncismo barato que joga o nome da pessoa na lama, para só depois apurar. Isso tem que acabar nesse país. Não é assim que se faz política. Se faz política discutindo ideias, não jogando o nome de pessoas na lama."

Emprego

"A gente tem colocado a necessidade de atração de indústrias para a área metropolitana do DF. A ocupação industrial atual é de 3%, em outras metrópoles é de 25% a 30%. Cada emprego na indústria gera de três a sete postos em serviços. Não existe atrativos nem infraestrutura para essas novas empresas."

Considerações finais

"Antes de mais nada queria fazer um registro e dar meus pêsames à família do economista Mário Sérgio Sá Lourenço, que faleceu ontem à tarde. O PT tem propostas decentes para o Distrito Federal e para o Brasil. O PT foi fundado há 38 anos e está ao lado da população mais pobre. Nós temos propostas para equacionar os problemas que afligem a população, para retomar o desenvolvimento social e econômico. Não interessa o crescimento econômico, se não tiver inclusão social e distribuição de renda. Esse compromisso está no DNA do PT e, por isso, peço o seu voto."

Confira o debate realizado pelo Correio na íntegra:

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*Estagiário sob supervisão de Roberto Fonseca


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