Cidades

Leila do Vôlei é a primeira mulher eleita para o Senado no Distrito Federal

Com 98,13% das urnas apuradas, a candidata do PSB tem 17,75% dos votos válidos e garantiu matematicamente o primeiro lugar

Marcos Amorozo*
postado em 07/10/2018 18:38
Leila do Vôlei (PSB), senadora eleita pelo Distrito Federal
Das quadras à areia, Leila Gomes de Barros (PSB), 47 anos, ou simplesmente Leila do Vôlei, teve uma carreira vitoriosa no voleibol. Pela seleção, destaca-se a conquista das medalhas de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta e Sidney, de ouro nos Jogos Pan Americanos de Winnipeg e os três campeonatos do Grand Prix. Individualmente, foi eleita a atleta feminina do ano pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), em 2000, e, por duas vezes, a melhor jogadora do Grand Prix. Mas talvez o maior desafio de sua vida começa agora, com a vitória obtida nas urnas: o título de primeira mulher senadora eleita pelo DF, com 17,8% dos votos válidos.
"Estou muito feliz em saber que o povo de Brasília confiou e me elegeu para representá-los no Senado Federal. O fato de ser uma mulher só engrandece essa conquista, que não é só minha, e sim de todas nós brasileiras que, ainda hoje, representa uma minoria feminina do parlamento. Tenho consciência que há muito trabalho para concretizar tudo que priorizamos, mas acredito na boa intenção do ;novo; e, principalmente, na comunhão de ideias dos representantes que buscam o bem comum", afirma após a vitória.

Pela estatura (1,79m), o salto era uma de suas características mais marcantes em quadra, que a permitia alcançar a bola a 3m do chão. Na carreira política, a ex-jogadora também "pulou" etapas e elegeu-se senadora sem experiência prévia em cargos eletivos. Chegou a disputar uma cadeira na Câmara Legislativa em 2014. Recebeu 11.125 votos e ficou como suplente de seu partido. O cargo mais influente que ocupou, até a vitória desta eleição, foi a Secretaria de Esportes e Lazer do DF no governo de Rodrigo Rollemberg (PSB) entre 2015 e o início de 2018.

Dona Francisca, a mãe, é a razão de tudo o que aconteceu na meteórica carreira política da filha. Antes de morrer, em 2003, a matriarca pediu que ela ajudasse os jovens menos favorecidos a praticar e crescer no mundo do esporte. Nessa época, a ex-jogadora trabalhava como comentarista no Rio de Janeiro e estava em ascendência na carreira.

Leila retornou a Brasília em 2006 e, junto da amiga e conterrânea Ricarda Lima, ex-líbero da seleção, começou um projeto social que beneficiou 50 mil crianças, adolescentes e adultos. Criaram e administram, há cinco anos, o Brasília Vôlei, equipe de alto rendimento que participa da Superliga Feminina de Vôlei, o campeonato mais importante do Brasil. Além da Secretaria de Esportes do DF, a senadora eleita compôs o Conselho Nacional do Atleta e o Conselho Nacional do Esporte, que atuam na defesa dos interesses dos esportistas e norteiam as discussões do Ministério do Esporte.
"Minha mãe foi o meu exemplo e inspiração para desejar um mundo melhor para todos, caso contrário, eu nem estaria aqui falando sobre ela e a política na minha vida. Vivemos um momento de muita insatisfação, e consequentemente sofremos com a falta de crença no outro. O esporte muda essa realidade. Como praticar um esporte sem parceria, estratégia ou diálogo? Impossível. Hoje, tenho a chance de colocar em prática uma série de ações que precisam de decisões e outros tipos de parcerias, agora, políticas", assegura sobre a entrada na vida política.

Família e início da carreira


Filha do mecânico Francisco e da dona de casa Francisca, Leila nasceu em 30 de setembro de 1971, em Taguatinga. Cresceu na cidade e, junto do irmão mais novo, o músico Marcelo Cram, e só saiu de lá aos 13 anos, quando ganhou uma bolsa de estudos em um colégio particular do Plano Piloto. Por conta da distância de sua casa, teve de morar num quartinho dos fundos da instituição de ensino por três anos e meio.

O vôlei já era sua prática esportiva favorita, junto do handebol. Com 17 anos, em 1988, iniciou a carreira profissional em Belo Horizonte (MG), no Minas Tênis Clube. Dois anos depois já estava no elenco da Seleção Brasileira e só parou de jogar em 2008, quando se despediu do esporte. Nesse tempo ainda atuou no vôlei de praia, sendo uma das duplas a representar o brasil nos circuitos no mundo.

E foi nas areias que a ex-atleta conheceu Emanuel Rêgo, multicampeão de vôlei de praia com a camisa do Brasil. Casados há 15 anos, eles têm um filho de 7 anos, Lukas Rêgo, que, mesmo muito novo, já indica que seguirá o caminho do esporte.
"Minha família foi fundamental para que eu aceitasse o convite para concorrer ao Senado Federal. Estava preparada para enfrentar uma campanha para deputada distrital, e isso já estava conversado, mas houve uma mudança, e lá estava eu, em uma corrida que me levava além da política local, e me colocava em uma esfera federal. Um espaço mais amplo para que minhas prioridades de mandato alcancem mais pessoas", declara.
*Estagiário sob supervisão de Roberto Fonseca

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