Cidades

DF tem resultados parecidos na maior parte das zonas eleitorais

A apuração das urnas mostrou que tanto nas regiões centrais quanto nas periféricas apostaram nos mesmos candidatos: Ibaneis liderou na maioria das cidades; já Bolsonaro venceu em todas as zonas eleitorais

Deborah Fortuna
postado em 08/10/2018 17:05
Fila de votação em Santa Maria: DF teve eleição mais homogênea
Ao contrário de outras eleições polarizadas dentro do Distrito Federal, as escolhas de 2018 foram homogêneas, segundo mostrou os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ou seja, tanto regiões centrais quanto periféricas da capital federal têm preferências, em maioria, pelos mesmos candidatos.
Para presidente, Jair Bolsonaro (PSL) ficou em primeiro lugar em todas as regiões do DF, com variação apenas na porcentagem. Ciro Gomes (PDT), opção de terceira via para quem não desejava o capitão reformado ou o candidato do PT, ficou em segundo na maioria. Fernando Haddad (PT) só ultrapassou o pedetista na zona eleitoral n; 6, em Planaltina, onde conquistou o segundo lugar no ranking.
O mesmo ocorreu na disputa pelo Palácio do Buriti. Ibaneis Rocha (MDB) ficou à frente da corrida em todas as regiões, exceto nas zonas eleitorais n; 1, na Asa Sul, e n; 14, na Asa Norte. Nos dois locais, Rodrigo Rollemberg (PSB) foi o preferido. Em todas as outras, o segundo lugar alternou igualmente entre o atual governador e Rogério Rosso (PSD).
No Senado, os dois eleitos também foram os que lideraram os votos em todas as zonas eleitorais do DF. Leila do Vôlei (PSB) e Izalci (PSDB) ficaram à frente na maioria das regiões da capital. Apenas nas zonas n;18 e n;11, em São Sebastião, Jardim Botânico e Cruzeiro, o segundo lugar foi tomado por Cristovam Buarque (PPS). Na zona n;1, no entanto, Paulo Roque (Novo) ocupa o primeiro lugar e Cristovam, o segundo.
Para o mestre em ciência política e especialista em política eleitoral Alessandro Costa, a própria organização geográfica do DF favorece que o discurso de candidatos "reverbere" nas regiões de forma igualitária. "Há um tempo, havia muita diferença entre as cidades, na questão de saneamento básico, por exemplo. Ceilândia e Riacho Fundo II tinham uma série de carências que não existiam no Plano Piloto. Isso fazia com que o discurso do candidato tivesse que ser fragmentado", explicou Costa.
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No entanto, na avaliação do cientista político, as diferenças deixaram de ser tão acentuadas, e os moradores, agora, têm as mesmas demandas: saúde e segurança. "Essas são as principais. Plano Piloto, Samambaia e outras regiões elegeram isso como prioridade. Isso fez com que o discurso apresentado pelos políticos, em especial Ibaneis e Rollemberg, ascendessem de forma homogênea", afirmou.
O mesmo ocorre com o resultado presidencial. Para o cientista político, o fato de o brasiliense ter escolhido para o segundo turno entre Bolsonaro e Ciro Gomes mostra uma experiência passada com governos locais do PT, que não foram bem avaliados. "Brasília tem sido essa homogeneidade. Ou seja, o discurso que vem em relação à política brasiliense é absorvido como se fosse um grande único centro de eleitor. E isso, reflete em todas as regiões do DF", disse.
O que difere, por exemplo, da polarização ocorreu em 1998, durante a disputa de governo entre Cristovam Buarque e Joaquim Roriz. O discurso de Roriz que "governava para pobres", segundo Souza, mostrava o abismo que existia entre as regiões do DF. "Enquanto o centro vivia o primeiro mundo, nas regiões afastadas, sequer tinha água encanada. O discurso funcionava e pregava a polarização. Agora não mais. Avançamos nesse sentido. ;Rico; contra ;pobre; não tem tanta força quanto antes", avaliou.

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