Cidades

Crônica da Cidade: Encontro esclarecedor

Severino Francisco
postado em 12/10/2018 16:56
Ilustração mostra homem com urna eletrônica dentro da cabeça
O debate entre os dois candidatos a governador, Rodrigo Rollemberg e Ibaneis Rocha, promovido pelo Correio Braziliense e pela TV Brasília, foi intenso, polêmico e tocou em pontos cruciais que eu tinha curiosidade de saber ou de me aprofundar. Ibaneis Rocha subiu de maneira fulminante de pouco mais de 2% para 40% das intenções de voto. Fez algumas promessas mirabolantes. Ibaneis criticou a timidez de Rolllemberg para lidar e enfrentar os problemas de Brasília, como é o caso da saúde, que, apesar de ter melhorado, permanece um tormento para grande parte da população.

De sua parte, Ibaneis ficou vulnerável ao ser questionado sobre a promessa de acabar com a Agefis, a agência de fiscalização do GDF, que tem jogado duro para evitar que a cidade cresça desordenadamente. É preocupante a intenção de liberar as construções ilegais quando sabemos que a cidade sofre os efeitos da grilagem de terras públicas, da especulação imobiliária e da destruição de nascentes.

Ibaneis chegou a afirmar que pagaria com dinheiro do próprio bolso a reconstrução das casas derrubadas. É uma proposta surreal. Os questionamentos de Rollemberg foram importantes para esclarecer que Ibaneis teve como clientes grileiros do Maranhão e defendeu os garotos que incendiaram o índio Galdino, em um dos maiores traumas de Brasília. Claro que um advogado tem todo o direito de defender quem quiser. Mas as escolhas que ele faz são também reveladoras dos valores que ele pratica: ;A sua história é a de um profissional competente, que topa tudo por dinheiro;, atacou Rollemberg.

Ibaneis é alvo de uma ação civil do Ministério Público Federal por superfaturamento no recebimento de honorários de mais de R$ 3 milhões de verbas destinadas exclusivamente à educação. Ibaneis defendeu-se afirmando que tem direito ao pagamento pelo trabalho que desenvolveu e que fez tudo dentro da lei. Ibaneis defendeu uma solução negociada, com o pagamento das empresas construtoras do Centrad, que seria sede do governo em Taguatinga. Envolvido em denúncias de corrupção, o projeto bilionário nunca foi inaugurado: ;Discordo. Nós observamos o interesse público;, comentou Rollemberg.

O debate promovido pelo Correio Braziliense e pela TV Brasília esclareceu fatos, desmistificou promessas inviáveis, esvaziou mentiras deslavadas e traçou um perfil mais realista dos candidatos. Isso ajuda muito o eleitor a fazer uma escolha lúcida.



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