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Quanto custa cada voto de um distrital? Veja o levantamento do Correio

Levantamento detalha o gasto dos parlamentares com a conquista de uma vaga na Câmara Legislativa. Enquanto a campanha mais barata teve despesa média de R$ 1,09 por apoio na urna, a mais cara alcançou R$ 57,7

Helena Mader
postado em 17/10/2018 06:00
Levantamento detalha o gasto dos parlamentares com a conquista de uma vaga na Câmara Legislativa. Enquanto a campanha mais barata teve despesa média de R$ 1,09 por apoio na urna, a mais cara alcançou R$ 57,7
Os 24 deputados distritais eleitos para a próxima legislatura receberam, no total, R$ 6,4 milhões para gastar na campanha. Na corrida por uma vaga na Câmara Legislativa, candidatos de variados perfis fizeram apostas diferentes para conquistar o eleitorado e chegar ao parlamento local. O Correio avaliou as declarações dos candidatos vitoriosos para verificar quem financiou as campanhas dos eleitos. Entre eles há políticos que contaram com recursos próprios, de partidos, repassados por parentes ou por correligionários, além de arrecadação por meio de vaquinha.

A análise do custo médio por voto também revela divergências. O concorrente que teve a campanha com menor custo por voto conquistado foi Daniel Donizet, do PRP. Com foco nas redes sociais, ele recebeu R$ 10 mil e conquistou 9.128 eleitores ; isso representa um custo médio de R$ 1,09 por voto (veja Custo de campanha). A média mais alta foi a de Eduardo Pedrosa (PTC), sobrinho da ex-distrital Eliana Pedrosa. O empresário declarou receitas de R$ 739,5 mil e teve 12.806 votos. Com isso, cada apoio nas urnas custou uma média de R$ 57,7.

A campanha mais cara foi a do distrital reeleito Agaciel Maia. Ele arrecadou R$ 970 mil para gastar nas eleições, e todos os recursos saíram dos fundos partidário e eleitoral do PR. Dos três distritais da sigla atualmente na Câmara Legislativa, só Agaciel se reelegeu. Robério Negreiros (PSD), também reeleito, ficou em segundo lugar entre as campanhas mais caras, com receita total de R$ 907,5 mil. Desse montante, R$ 150 mil foram de recursos próprios, e R$ 300 mil doados pelos pais de Robério. Ele recebeu, ainda, R$ 222 mil do candidato ao Senado Fernando Marques (SD), entre recursos próprios e da campanha do empresário. O PSD doou R$ 19 mil a Robério.

Clique na imagem para ampliarEm seguida, aparece o distrital Delmasso (PRB). Com uma divulgação de R$ 891,1 mil, ele conseguiu 23.227 votos. O deputado reeleito recebeu R$ 389 mil de Fernando Marques, entre recursos próprios e do comitê eleitoral da campanha do candidato ao Senado. Teve ainda repasse de R$ 104 mil do PRB e conseguiu R$ 26 mil em vaquinhas.

Rafael Prudente (MDB) declarou receitas de R$ 747,8 mil para obter 26.373 votos ; média de R$ 28,3 por voto conquistado. Do montante arrecadado por Prudente, a maior fatia foi uma doação do pai do distrital, Leonardo Prudente, que repassou 46% do total declarado. O quinto com a maior arrecadação foi Eduardo Pedrosa, com R$ 739,5 mil. Do total, R$ 634 mil foram recursos próprios, e o restante doações, de pessoas físicas, principalmente familiares, como o pai e a avó. Os demais 19 candidatos eleitos gastaram valores abaixo de R$ 320 mil. Esse montante foi o declarado por Telma Rufino, do Pros, que teve 80% da campanha financiada pela legenda, e o restante pago com recursos próprios.

Correligionários


Valdelino Barcelos (PP), do Sindicato dos Caminhoneiros, arrecadou R$ 222,7 mil de pessoas físicas. Martins Machado (PRB) somou receitas de R$ 187,6 mil, dos quais 54% saíram dos cofres do partido ; 15% saíram do PSD e 27% tiveram como origem a campanha do correligionário Júlio César, eleito federal. O empresário do ramo de prestação de serviços José Gomes (PSB) separou R$ 173 mil para gastar na disputa pelo primeiro mandato. Desse total, 95% são recursos próprios.

Cláudio Abrantes, do PDT, recebeu R$ 170,6 mil e conquistou 14.238 votos. Das receitas do distrital reeleito, 11% foram de recursos próprios. O restante veio de pessoas físicas, além de R$ 3,6 mil de vaquinhas virtuais. Jorge Viana (Podemos), do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF, arrecadou R$ 162,4 mil ; 92% foram dos cofres da campanha de Rogério Rosso (PSD) ao GDF. O petista Chico Vigilante, reeleito com 20.975 votos, declarou R$ 152,8 mil. A maior doação saiu do partido dele, que repassou 28% do montante arrecadado por Vigilante. Roosevelt Vilela também teve como maior financiador da campanha o diretório de seu partido, o PSB.

Dos R$ 95,5 mil declarados por Arlete Sampaio (PT), quase metade foi de recursos próprios, e R$ 20 mil saíram da sigla. Reginaldo Sardinha, do Avante, obteve R$ 93,7 mil para conquistar o primeiro mandato de distrital. Do total, 65% foram do MDB, aliada à legenda do policial civil, e 26% chegaram pelo bolso de Sardinha. Hermeto, do PHS, recebeu a maior fatia dos R$ 84,6 mil arrecadados do partido. O delegado Fernando Fernandes (Pros) foi o segundo mais votado, perdendo para Martins Machado. O custo por voto do policial ficou entre os mais baixos: R$ 2,58. Do total arrecadado por Fernandes, 65% saíram da campanha de Hélio José a deputado federal, e 26% foram repassados pelo Pros. O restante veio de pessoas físicas.

Fábio Félix, do PSol, foi o campeão de arrecadação on-line. Dos R$ 62,2 mil declarados pelo novo distrital, metade saiu de plataformas de financiamento coletivo. Iolando (PSC) conseguiu R$ 54,3 mil, dos quais 91% foram repassados por sua sigla. Professor Reginaldo Veras (PDT) teve o segundo voto médio mais barato da eleição: ele conseguiu 27.998 votos a um custo de R$ 41 mil, o que representa R$ 1,46 por voto. Todo o montante gasto por Veras saiu de recursos próprios. João Cardoso Auditor (Avante) declarou R$ 38,6 mil. Metade do montante foi doado pelo advogado Luís Felipe Belmonte, suplente de senador da chapa de Izalci Lucas (PSDB).

Os três candidatos com as campanhas mais baratas foram Leandro Grass (Rede), com gastos de R$ 30,7 mil; Júlia Lucy (Novo), com R$ 29,9 mil; e Daniel Donizet (PRP), com R$ 10 mil. Júlia e Leandro usaram, principalmente, recursos próprios e de vaquinhas. Daniel recebeu o valor total da campanha da deputada federal eleita Bia Kicis, sua correligionária.

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