Augusto Fernandes
postado em 17/10/2018 15:58
Primeiro deputado distrital eleito pelo PSol, Fábio Felix concedeu entrevista nesta quarta-feira (17/10) ao programa CB.Poder ; parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília ;, e disse que, durante seu mandato, tentará ser uma ;central viva de direitos humanos" dentro da Câmara Legislativa do DF (CLDF).
"O eleitor pode esperar uma central de defesa da dignidade humana, de combate ao feminicídio, ao racismo e à LGBTfobia, de defesa às mulheres e de enfrentamento às desigualdades sociais, mesmo em tempos difíceis. Será um mandato de portas abertas, construído coletivamente, e que não seja distante das pessoas. Vamos usar a tribuna da CLDF como um espaço de diálogo com a população e para denunciar as violações de direitos", garantiu o futuro parlamentar.
[SAIBAMAIS]Escolhido por 10.955 brasilienses, Fábio Felix será o primeiro gay assumido a assumir uma cadeira na Câmara Legislativa. Segundo ele, um dos principais desafios durante os próximos quatro anos será dialogar com os deputados de partidos mais conservadores a respeito de pautas como redução da maioridade penal e a revogação do Estatuto do Desarmamento.
"Vamos precisar enfrentar isso todos os dias, não será fácil. Será necessário muito debate e diálogo, inclusive na sociedade, com setores importantes, como organizações religiosas. Eles precisam nos ajudar a convencer o Congresso Nacional de que temos que apostar na juventude e não encarcerá-la", apontou. Além disso, Fábio Felix defende que o sistema socioeducativo precisa de investimentos.
"Sou assistente social e já trabalhei em algumas unidades de internação do DF. Em 1990, o Brasil tinha 90 mil presos. Hoje, já são 700 mil, e isso não resolveu o problema da segurança pública. Nossa grande aposta é a implementação de políticas sociais. Se tivermos um sistema socioeducativo que funcione de forma pedagógica, dando oportunidades e educação de qualidade, além de profissionalização, esporte, cultura e lazer, teremos condições de tirar a juventude do crime e colocá-la no trabalho ou na universidade", comentou o distrital eleito.
Ainda de acordo com Fábio Felix, um dos seus objetivos na CLDF será disputar espaços nas comissões. "Quero chegar para disputar tudo. Não necessariamente a presidência da Casa, mas para fazer parte das comissões e defender as ideias que acredito. É importante, especialmente com o que pode acontecer com o Brasil, de que defendamos a democracia na presidência da CLDF. O autoritarismo não pode vencer", disse.
"Ibaneis de jeito nenhum"
A 11 dias das eleições do segundo turno, o partido de Fábio Felix ainda não declarou apoio a nenhum dos candidatos ao Palácio do Buriti. De qualquer forma, não está nos planos da legenda fazer campanha para Ibaneis Rocha (MDB). "Sem chances de apoiarmos o Ibaneis, não faz parte das nossas possibilidades. Tenho preferência pelo Rollemberg, e o PSol acha que podemos dialogar mais com ele. Contudo, ainda esperamos do candidato uma posição sobre a eleição nacional", afirmou.
Para o parlamentar eleito, Rodrigo Rollemberg (PSB) tem de "preservar a sua história". "A história dele é de defesa à democracia. Ele não necessariamente teria de declarar apoio a Fernando Haddad (PT), mas tem que ser mais explícito naquilo que a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) significa para o Brasil hoje: autoritarismo, atraso e ideias conservadoras", alertou.
Sobre o candidato do PSL, ainda disse: "Não acredito que o governo dele vá respeitar as instituições construídas na democracia. Vamos precisar construir alianças para defender democracia no próximo período e resistir. Temo pela violência, pelo salvo conduto das polícias e do exército, pelas políticas de segurança pública, pela juventude e pelo retrocesso nas áreas de gênero. Conseguimos grandes avanços e, hoje, o presidenciável que tem chances de ganhar, pode voltar à idade média", analisou.