Cidades

Nos últimos dias de campanha, Rollemberg busca expor fraquezas de Ibaneis

A estratégia do governador é desconstruir o discurso do emedebista e aproveitar o espaço na tevê durante programas eleitorais para mostrar ao brasiliense a melhor opção. O advogado não teve agenda externa nessa terça

Ana Viriato, Alexandre de Paula, Ana Maria Campos
postado em 24/10/2018 06:00
Ogovernador Rodrigo Rollemberg (PSB) tem pela frente quatro dias de embate com o adversário Ibaneis Rocha (MDB). A estratégia é subir do tom das críticas ao emedebista, especialmente relacionadas à representação feita à Justiça Eleitoral sobre abuso de poder econômico e compra de votos no episódio em que o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no DF prometeu construir casas derrubadas pela Agência de Fiscalização do DF (Agefis) com dinheiro do próprio bolso, na Colônia Agrícola 26 de Setembro, perto de Taguatinga.
;Nos próximos programas eleitorais, vou fazer com que a população conheça quem é Ibaneis. Porque, quem conhece, não vota nele;, enfatizou o governador.

Essa denúncia será explorada nos três dias de programa eleitoral no rádio e na televisão, nos quais cada candidato ao Palácio do Buriti tem cinco minutos nos dois blocos ao longo do dia. Outras críticas devem ser feitas a Ibaneis. A aposta da campanha de Rollemberg é tentar desconstruir a imagem do oponente, que lidera as pesquisas. O governador também quer aproveitar o espaço que seria destinado por emissoras de tevê aos debates entre os candidatos para reforçar o discurso.

Enquanto parte para o confronto com Ibaneis, Rollemberg também reforça o corpo a corpo com o eleitor. Até sábado, último dia de campanha permitida pela Justiça Eleitoral, o chefe do Buriti terá agendas pela manhã, reuniões com apoiadores de campanha e gravações para o horário eleitoral.

Homem público

Em compromisso de campanha na Feira dos Importados de Taguatinga, Rollemberg também comentou o resultado da pesquisa encomendada pelo Correio. O socialista ressaltou que permanece confiante de que será vitorioso nas urnas. ;Não existe, na prática, essa rejeição. Vamos aguardar 28 de outubro, porque essa é a grande pesquisa;, argumentou.

Na visita, Rollemberg aproveitou para, mais uma vez, criticar o rival. ;Nunca houve em nenhuma eleição no DF um candidato que demonstrasse arrogância e desrespeito tão grandes com o eleitor, fugindo dos debates. Quem quer ser um homem público tem de se expor e se colocar para a apreciação da população;, disse o governador, em referência às ausências de Ibaneis em encontro recente.

Para Ibaneis, a estabilidade do quadro de intenção de voto deve-se ao fato de ;a população estar suficientemente esclarecida sobre os projetos dos dois candidatos;. ;Agora, vamos desacelerar um pouco. Claro que permaneceremos nas ruas, mas pretendemos buscar agendas alternativas e ouvir grupos específicos que nos procuram. Não deve haver grandes modificações daqui para a frente. Acreditava nas pesquisas quando tinha 1,4% e continuo acreditando agora;, alegou o emedebista. Ele não cumpriu agenda pública ontem.

2 milhões
Número de eleitores no Distrito Federal

19
Zonas eleitorais atenderão o público

6.732
Urnas eletrônicas estarão disponiblizadas

Eleitor de Bolsonaro e Haddad prefere Ibaneis

Com ampla vantagem na corrida pelo Palácio do Buriti, o advogado Ibaneis Rocha (MDB) lidera a disputa na capital eleitoral dos presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Conforme pesquisa estimulada encomendada pelo Correio Braziliense e realizada pelo Instituto Opinião Política, o emedebista conta com os votos de 75,7% dos apoiadores do capitão da reserva e de 53,9% dos eleitores do ex-ministro da Educação. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) tem o suporte de 17,6% de quem diz votar em Bolsonaro e de 39,5% dos adeptos à candidatura petista.

Formalmente, Ibaneis e Rollemberg não escolheram lados no confronto pelo Palácio do Planalto ; o emedebista limitou-se a dizer que ;torce; por Jair Bolsonaro e, à reportagem, alegou não ter definido se declarará voto oficial até a data do pleito. ;Tenho mantido uma interlocução com os candidatos do PSL e do PT. Pelo movimento que Bolsonaro tem feito, parece-me que ele tem mais condições de unir o país. Mas preciso avaliar se vou declarar apoio expresso, pensando sempre na minha cidade;, disse Ibaneis. Candidato à reeleição, Rollemberg afirmou, reiteradas vezes, que, ;em favor da defesa da união do Distrito Federal, adotará a postura de independência;.

Apesar da posição dos adversários pelo GDF, a maioria dos partidos que compõem os grupos formados para o 2; turno aderiu a uma das candidaturas ao Palácio do Planalto e, nas ruas, pede votos casados. Das 18 siglas que integram a base de apoio a Ibaneis, nove declararam, a nível regional, suporte a Bolsonaro.

Caciques

Entre os nomes que defendem o capitão da reserva estão os deputados federais Rogério Rosso (PSD), candidato ao Executivo local no 1; turno; Marcos Pacco (Podemos), presidente regional do Podemos; e Izalci Lucas (PSDB), senador eleito. Nos oito que se posicionaram neutros, alguns caciques políticos escolheram um lado, a exemplo do senador Cristovam Buarque (PPS), que votará em Haddad.

Na coligação de Rodrigo Rollemberg, regionalmente, Rede e PV mantiveram-se na neutralidade ; diversos integrantes dos partidos, no entanto, optaram pelo apoio à candidatura petista. PDT e PCdoB, sigla da aspirante à Vice-Presidência Manuela D;Ávila, declararam suporte ;crítico; à chapa encabeçada pelo ex-ministro da Educação.

Entre os eleitores que votarão branco ou nulo para presidente da República, 50,6% declararam apoio a Ibaneis, e outros 14,6% a Rollemberg. Entre os indecisos quanto à disputa pelo Planalto, 55,6% darão suporte ao emedebista, e 12,5%, ao socialista.

A pesquisa foi realizada entre 19 e 21 de outubro e está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob a identificação DF-08287/2018. Para a amostra de 1.190 entrevistas, a margem de erro estimada é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com um intervalo de confiança de 95%.

Preferência

Quando o levantamento leva em consideração os votos brancos e nulos, Ibaneis aparece com 67,4% das intenções de voto, enquanto Rodrigo Rollemberg conta com a preferência de 22,1% do eleitorado. Se considerados somente os votos válidos, fórmula adotada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para divulgar o resultado oficial do pleito, o emedebista lidera a corrida com 75,6%, e o socialista tem 24,4% dos votos dos entrevistados.

O diretor de Negócios do Instituto Opinião Política, Carlos André Almeida Machado, avalia a vantagem do emedebista entre os eleitores dos dois presidenciáveis: ;Rollemberg não conseguiu reverter, de forma significativa, a rejeição. Além disso, Ibaneis montou uma campanha forte, com presença massiva na propaganda eleitoral e contou com a capilaridade do MDB. O advogado ainda surfou nessa onda de procura por mudança;, analisou.

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