Augusto Fernandes
postado em 24/10/2018 16:05

Para comentar sobre o cenário de fake news nas eleições deste ano, o programa CB.Poder ; parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília ; entrevistou, nesta quarta-feira (24/10), o professor e consultor de marketing digital, Marcelo Vitorino. Segundo ele, as medidas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para controlar a disseminação de notícias falsas nas redes sociais foram ;tacanhas;.
;Houve avanços em algumas frentes, mas, no caso do WhatsApp e Facebook, poderiam ir além. Mas até as coisas se regularem, podem levar no mínimo cinco anos. Enquanto isso, as pessoas precisarão aprender a conviver com as fake news. É difícil pará-las. Depois de enviada, não conseguimos controlá-las;, comentou.
Para Marcelo, a possibilidade de as notícias falsas interferirem nas eleições no Brasil vinha sendo anunciada há alguns anos. Como exemplo, ele citou as escolhas de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos e Emmanuel Macron para presidente da França, que teriam sido influenciadas por fake news. Como forma de combater esse fenômeno, ele apontou duas saídas. Uma delas, para o WhatsApp.
[SAIBAMAIS];Como o WhatsApp não consegue restringir a conversa entre as pessoas, seria preciso que os responsáveis pelo aplicativo fizessem um pacto com as empresas de telefonia. Hoje, qualquer pessoa consegue comprar um chip e ativar por meio de um gerador de CPF. Fora do país, se você quiser comprar um chip, precisa apresentar um passaporte. Por que aqui é tão fácil? Temos que restringir que aquele número de telefone esteja atrelado ao aplicativo;, sugeriu.
A segunda é voltada para os proprietários do Facebook. ;Durante a reforma política do ano passado, a plataforma tentou fazer um movimento para controlar perfis falsos. Se naquele momento tivéssemos restringido esses perfis, hoje teríamos um cenário diferente. Existem quadrilhas organizadas que distribuem conteúdos em grupos usando contas falsas. Tem que haver o interesse da empresa. O Facebook tem capacidade para acabar com essas contas;, alertou Marcelo.
Um terceiro órgão, de acordo com o professor e consultor, também precisaria ser controlado: as empresas de disparos de mensagens para WhatsApp. ;Hoje, por exemplo, recebemos menos spams nos e-mails. Isso porque os disparadores de e-mails em massa foram obrigados a assinar um termo de responsabilização há alguns anos. Com as empresas de mensagens para o WhatsApp, esse caminho poderia ser seguido. Elas têm que se regulamentar para assegurar que não vai haver disparos em massa. Não dá para continuar do jeito que está;, disse.
Comportamento da população
Marcelo opinou sobre a forma de como os eleitores reagem às fake news. Segundo ele, ;quanto menos digital a pessoa é, mais ela contribui com as notícias;. ;Quem está acostumado com o ambiente digital, passou a olhar esse universo com prudência. Mas as pessoas de mais idade ou que trabalham há menos tempo com internet realmente compram aquilo e repassam.;
Dessa forma, Marcelo acredita que os veículos de comunicação ainda podem contribuir para um melhor esclarecimento dos fatos. ;Os meios terão a relevância aumentada. A população vai precisar de um canal mínimo de credibilidade, de alguém que certificou a notícia;, lembrou.
Apesar de tudo, o professor e consultor não afirmou que as notícias falsas sejam determinantes para o resultado das eleições no Brasil. ;Se você tem um trabalho construído a longo prazo, as pessoas não vão acreditar em qualquer notícia. Não adianta a exposição de forma negativa ou de fake news por parte dos adversários;, pontuou.