Jéssica Eufrásio
postado em 27/10/2018 07:00
Sanar os problemas das contas públicas deixado como herança pelo governo Agnelo Queiroz foi o grande desafio da gestão do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Ainda que o cenário econômico do Distrito Federal tenha melhorado desde 2014, os candidatos ao Palácio Buriti falharam na apresentação de propostas para resolver questões como a desigualdade de renda ; o DF é a unidade federativa com a maior diferença de renda entre ricos e pobres do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ; e a falta de atenção ao desenvolvimento de uma economia primária sustentável.
De olho na votação do segundo turno, o Correio consultou especialistas nas áreas de ciência política e economia para identificar pontos positivos e negativos dos planos de governo de ambos os candidatos para o desenvolvimento econômico. Enquanto Ibaneis Rocha (MDB) prioriza o incentivo à atividade empresarial, Rollemberg optou pela realização de obras para a movimentação econômica. Os programas de ambos, entretanto, convergem na ideia de diminuição da burocracia e da criação de um ambiente propício para fornecer o fomento necessário a empresas (veja Prioridades).
Na visão de Noemi Araújo, cientista política especialista em políticas públicas e relações governamentais, uma das principais diferenças entre os programas dos concorrentes ao Buriti são as promessas para redução tributária de pessoas físicas. ;Rollemberg não mencionou isso na proposta de governo. Ele sabe que a situação não está favorável como Ibaneis fala. Você tem um projeto de lei orçamentária aprovado anualmente, que prevê quais serão os gastos, investimentos e montantes. Qualquer governo que assumir estará com o orçamento comprometido. Não adianta propor redução de impostos, senão, a arrecadação virá de onde?;, questiona.
Em relação ao plano do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB/DF), a especialista vê mais detalhamento na apresentação das ideias, mas coloca em xeque até que ponto pode ser benéfico o incentivo à abertura de empresas. ;Facilitar isso não necessariamente significa que elas terão como se manter. Ibaneis pretende reduzir a carga tributária desonerando a atividade produtiva, mas de onde virão os recursos? Ainda assim, acho importante a questão da segurança jurídica de que ele fala, porque a desconfiança afastou indústrias;, observa Noemi.
Dúvidas
Para o professor de finanças da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Piscitelli, os candidatos ao Buriti pecam por terem propostas no ;plano da idealização;. ;No programa de Rollemberg, mesmo aquilo que achamos que entendemos fica em aberto. ;Benefício Econômico; parece ser instalações (para empresas). ;Consolidação do controle logístico nacional;, o que isso diz? Nada. Ele fala da criação de uma agência de desenvolvimento. O BRB não seria isso? E, se está tentando criar essa agência, por que não fez isso em anos anteriores?;, critica.
Após avaliar as propostas de Ibaneis, Roberto não considerou viáveis os planos para redução de tributos. ;Todo mundo quer isso, mas será que é possível em um primeiro momento? Faltam recursos. Dizer que reduzirá IPTU e IPVA aos patamares de 2010 é muita pretensão.; O economista também assinala o problema da integração regional. ;Ninguém falou da Codeplan (Companhia de Planejamento do DF), que tem papel importante no desenvolvimento do DF, nem do desenvolvimento de novos setores habitacionais. É preciso dar condições, principalmente para as regiões administrativas, e descentralizar as atividades para evitar movimentos pendulares entre essas áreas e o Plano Piloto;, finaliza.
Prioridades
Confira cinco propostas para o desenvolvimento econômico do DF de cada candidato ao Buriti
Ibaneis Rocha (MDB)
; Criação de ambiente favorável ao desenvolvimento econômico, reduzindo impostos, burocracia e criando infraestrutura econômica, oferecendo capacitação e aumentando a segurança jurídica de investimentos
; Redução da carga tributária (IPTU e IPVA) para aumento do poder de consumo das famílias
; Redução da quantidade e dos valores das taxas cobradas pelo poder público
; Favorecimento da expansão e fortalecimento das empresas locais
; Estímulo do retorno de empresas que saíram do DF ou deixaram de faturar vendas em decorrência da burocracia local, do vácuo de gestão e das melhores condições competitivas de outras unidades federativas
Rodrigo Rollemberg (PSB)
; Redução de impostos, como a retirada de diferencial de alíquota, para estimular o empreendedor a gerar empregos
; Retomada das obras públicas para aquecimento da economia, gerando emprego e melhorando o ambiente econômico
; Construção de 50 mil moradias, implementação do BRT Norte e Oeste, recuperação dos equipamentos culturais e construção de escola técnicas, conjunto que movimenta a economia
; Criação de uma Agência de Desenvolvimento autônoma e competitiva para a implantação dos planos de desenvolvimento econômico do DF
; Recuperação e revitalização da W3 Sul e Norte