Cidades

Idosos do DF têm aulas de políticas públicas, saúde e gerontologia

Com aulas de políticas públicas, saúde e gerontologia, idosos do Distrito Federal estão aprendendo a viver a velhice com qualidade e independência

Mariana Machado
postado em 28/10/2018 05:00
Turma de Taguatinga: o objetivo é autonomia, protagonismo e empoderamento
Um projeto de extensão da Universidade de Brasília (UnB) está mudando a vida de idosos do Distrito Federal. A Universidade do Envelhecer (UniSer) foi criada pela farmacêutica e pesquisadora em gerontologia Margô Karnikowski e inspirada em um trabalho da Universidade Federal do Tocantins (UFT) com o objetivo de, a partir da educação, fazer com que as pessoas vivam a velhice com qualidade de vida, reconhecendo direitos e deveres. ;A principal importância é ajudar a ressignificar o próprio envelhecimento e otimizar a vida que se tem a partir da aposentadoria;, destacou Margô.

Eponina:
A população idosa do DF tende a aumentar nos próximos anos. Dados da Projeção da População 2018 feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2060, a capital será a segunda unidade da Federação com mais idosos, sendo dois para cada jovem. No Brasil inteiro, um quarto da população (25,5%) deverá ter mais de 65 anos. A projeção da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) é de 989.179 idosos, um aumento significativo em relação a 2018, em que o número total é de 205.187.

No meio desse grupo, está o aposentado Eloy Barbosa, 72. Morador de Taguatinga, ele soube há cerca de um ano e meio sobre a UniSer e se interessou. Em agosto deste ano, formou-se e levou para casa o diploma de educador social e político em gerontologia. ;Meu objetivo é ajudar. Tem muito idoso preso em casa, com depressão. Achei nesse curso uma oportunidade de me qualificar;, disse Eloy.

Nair dança pelo menos duas vezes por semana os mais diversos ritmos: forró, sertanejo e até carimbó
E é nesse espírito que ele vem motivando os companheiros da melhor idade. Eloy procura senhores e senhoras que ele chama de ;prisioneiros por opção; e os incentiva a sair de casa e buscar atividades. No foco estão os homens, que ele afirma serem mais resistentes e menos participativos. Para Eloy, os idosos carregam muitas amarras que os prendem ao passado, como saudades de um amigo que já morreu ou do trabalho onde construiu carreira. ;Essas lembranças não deixam o idoso viver o presente. Eu corto uma por uma;, declarou.

Nerci:
O aposentado precisa fazer planos para o futuro. ;O passado já passou, não quero mais. Meu tempo é agora, eu não morri ainda. Eu vivi plenamente minha juventude. Namorei, beijei, estudei, agora quero dançar, declamar, ser generoso.; E, para Eloy, a mudança de comportamento se dá por meio de ações e exemplos. Por isso ele quis participar da Universidade do Envelhecer, onde conta que aprendeu três coisas: autonomia, protagonismo e empoderamento. ;A minha vida era boa, mas melhorou demais porque a universidade me deu ferramentas para ser feliz;, acredita.

Diplomados

Em cinco anos, mais de 300 alunos se formaram no curso, que tem duração de um ano e meio. Quem está entrando no time de diplomados é a servidora pública aposentada Nair da Silva, 76. Ela está na reta final do programa em que uma das alegrias que encontrou foi a dança. Cada um que participa tem a oportunidade de fazer ;vivências;, que nada mais são do que aulas práticas de dança, artesanato, culinária e outras. A senhora vaidosa e sorridente conta que passou a dançar duas vezes por semana os mais diversos ritmos: forró, sertanejo e até carimbó estão no repertório.

Professora Vera com alunas:
Antes da UniSer, ela era inquieta e se engajava apenas nos eventos da igreja. ;Aqui aprendi que a vida do idoso não é motivo para ficar deprimido. Os professores são bondosos e dão muita força na caminhada;, elogiou. Uma das professoras é a mestre em gerontologia Vera Tereza, coordenadora da turma de Taguatinga, que funciona no Centro de Convivência de Idosos, ao lado da Feira Permanente.

Monitores

A professora conta que é preciso que cada um aprenda sobre direitos e deveres como cidadãos para ser mais independente. ;Às vezes, eles vêm encolhidinhos, sem saber se expressar e de repente saem com outra visão, querendo sempre continuar;, avalia. Segundo ela, muitos, depois que se formam, voltam com a intenção de ser monitores ou ajudar o projeto como puderem. Algumas das aulas oferecidas são sobre saúde e envelhecimento, políticas públicas e inglês.

Eloy Barbosa:
Uma das mais maduras no grupo de Taguatinga é a aposentada Eponina de Paula, 83. A senhora, que passou por duas cirurgias de câncer, uma no intestino e outra no pulmão, conseguiu juntar forças para buscar o conhecimento. ;Aqui aprendi muitas coisas, mas, principalmente, a não ficar enfiada dentro de casa;, disse.

Onde a UniSer está

; Taguatinga
Centro de Convivência dos Idosos de Taguatinga ; Paradão ; St. L Norte CNL 1 Conj. 18.

; Candangolândia
AE 1 ; Candangolândia, ao lado da Administração Regional

; Samambaia
QS 119 AE 1 ; antiga Administração Regional de Samambaia, atrás do Centro Olímpico.

; Asa Norte
Faculdade de Direito, UnB campus Darcy Ribeiro, Asa Norte

; Estrutural
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB) da Estrutural ; Quadra 16 Área Especial 1 ; Cidade do Automóvel

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação