Augusto Fernandes
postado em 05/11/2018 21:53
O assassinato da estudante Raphaella Noviski, 16 anos, segue sem julgamento às vésperas de completar um ano. Em 6 de novembro de 2017, a jovem foi morta dentro do Colégio Estadual 13 de Maio, em Alexânia (GO), com 11 tiros ; sete deles atingiram o rosto da vítima. Os disparos foram efetuados por Misael Pereira Olair, 20, que não aceitava ser rejeitado pela adolescente. Mesmo tendo confessado o crime, o jovem ainda não foi julgado.
Desde o dia da tragédia, Misael está preso preventivamente. Primeiro, ficou em uma cela da Unidade Prisional de Alexânia, mas, após receber ameaças de outros presos, foi levado para o Núcleo de Custódia, em Aparecida de Goiânia (GO), um presídio de segurança máxima. A troca, contudo, não surtiu efeito. Misael continuou sendo intimidado por detentos, e após 28 dias, retornou para a prisão de Alexânia.
Durante esse tempo, Misael tentou se suicidar. A defesa do jovem solicitou à Justiça que o acusado fosse submetido a testes de sanidade mental por três vezes, para tentar comprovar que ele estava fora de si no dia do assassinato. Os dois primeiros foram negados pelo magistrado goiano. O terceiro está pronto, no entanto, o juiz responsável pelo processo ainda não teve acesso aos resultados. Caso haja uma nova negativa da Justiça, Misael não poderá fazer outro teste.
A realização dos exames são o que impedem o julgamento do assassino confesso de Raphaella. Mãe da adolescente, a comerciante Rosângela Cristina da Silva, 37, espera pela condenação de Misael o quanto antes. "É revoltante para mim. Não tinha por que esperar ou julgar. É tão óbvio. Foi algo brutal e premeditado. Isso deveria ter sido julgado, e ele, condenado. Estão esperando o quê? Ele pode ter sido atestado como ;doido;, mas no dia em que ele fez aquilo, não era", reclamou Rosângela, ao Correio.
[SAIBAMAIS]De acordo com a comerciante, toda a família ainda sofre com a morte de Raphaella, especialmente a avó da adolescente, que criou a menina. "Parece que tudo aconteceu ontem. Não mudou nada. A minha mãe precisa ir ao psicólogo constantemente, assim como eu. Durante esse tempo, ela pegou uma anemia profunda e teve de ser internada. Ela é a que menos está conseguindo sobreviver. Todos os dias, vai para a esquina de casa e fica à espera da Raphaella voltar da escola", disse Rosângela.
Por mais que o julgamento de Misael não traga a filha de volta, Rosângela aguarda que a justiça seja feita. "Nós exigimos isso. Se os resultados comprovarem a insanidade mental (do acusado), vou pedir para o meu advogado que ele seja preso em manicômio judiciário. É um absurdo ele estar esperando até hoje, enquanto nós não somos assistidos de forma alguma. A nossa família está acabada", desabafou.
Segundo Rosângela, o juiz que cuida do caso está de férias. A posição do magistrado a respeito do terceiro exame de Misael deve ser divulgada em duas semanas. Após isso, ele será julgado. Indiciado por feminicídio, ele pode ficar até 30 anos preso. Além de Misael, Davi de Souza, 49, que deu carona para o jovem depois do crime e aguarda o julgamento em liberdade, também pode ser condenado.
"Tudo isso está matando a minha família. Hoje, o Davi anda pelas ruas e olha para a gente como se nada tivesse acontecido. O Misael está preso, mas continua recebendo visita da mãe. E o que eu fiz para poder visitar a minha filha? Fui ao cemitério, no Dia dos Finados. Não temos mais perspectiva de vida nem alegria. Não queremos saber de nada. A Raphaelle era tudo para a gente", ressaltou Rosângela.