Cidades

"Por que ele fez isso?", questiona filha de mulher morta pelo marido

Arlete Campos de Oliveira de Araújo, 49 anos, foi assassinada na madrugada desta segunda-feira (5/11), com uma facada no abdômen. O suspeito nega

Sarah Peres - Especial para o Correio
postado em 05/11/2018 22:03

Arlete Campos de Oliveira de Araújo, 49, foi encontrada morta na manhã desta segunda-feira (5/11) Familiares de Arlete Campos de Oliveira de Araújo, 49 anos, estão inconformados com a morte brutal da mulher. A vítima foi assassinada com uma facada no abdômen, na madrugada desta segunda-feira (5/11), após discutir com o companheiro, Alexon Bezerra Rocha, 33. O crime aconteceu na residência do casal, na QR 803 do Recanto das Emas. O acusado foi preso em flagrante e levado para a 27; Delegacia de Polícia (Recanto das Emas). O resultado prévio da perícia confirma que ele é mesmo o responsável pelo feminicídio.

"Por que ele tinha que fazer isso com a minha mãe? Ele não podia simplesmente ir embora? Para que destruir a minha família?", questiona Isabela Campos de Araújo, 21, filha da vítima. Inconformada com o assassinado da mãe, a jovem não sai de perto da irmã mais nova, de amigos e de familiares que prestaram solidariedade a ela durante todo o dia.

Alexon Bezerra Rocha, 33, matou a companheira durante uma discussão Emocionada, a jovem lembrou do um dos pedidos feitos pela mãe: "Ela sempre me disse que, quando ela morresse, não era para chorarmos. Ela queria que continuássemos felizes. É o que vou tentar fazer", disse Isabela. O velório de Arlete ainda não foi marcado. Ainda há algumas pessoas da família que não sabem sobre a tragédia.

Um dos planos da vítima era visitar a terra natal. Ela queria ir ao Piauí, visitar a mãe, que não via há mais de 20 anos. Uma das irmãs de Arlete, que também mora no Recanto das Emas, estava muito abalada e não conseguiu acompanhar o filho e as sobrinhas até a delegacia.

Arlete deixa cinco filhos: dois rapazes, de 27 e 16 anos, e três moças, de 23, 21 e 13 anos. A piauiense é lembrada pelo sobrinho William Oliveira, 24, como uma mulher cheia de vida. "Agora, estamos todos muito abalados com o que aconteceu. A minha tia era uma pessoa feliz, que gostava de viver. É triste ver que ela se foi assim, dessa maneira", lamentou.

Das brigas à morte

Arlete tinha quatro ocorrências registradas contra Alexon, por injúria, ameaça e lesão corporal. Na mais recente, em abril, o homem foi preso em flagrante, mas foi liberado após audiência de custódia. William, o sobrinho da vítima, confirmou o relacionamento conturbado dos tios. "Eles tinham brigas constantes, que, em vários momentos, acabavam em agressões", disse.
Apesar disso, Arlete reatou o relacionamento com o suspeito diversas vezes. O casal vivia junto há, pelo menos, um ano. A última discussão ocorreu após eles irem a um forró, também no Recanto das Emas. O casal foi à festa na noite de domingo (4/11) e retornou na madrugada dessa segunda-feira (5/11), quando ocorreu o crime.

Segundo o delegado chefe da 27; Delegacia de Polícia (Recanto das Emas), Pablo Aguiar, os dois começaram uma discussão por volta das 2h30 e, às 3h, houve um silêncio total. "Acredito que tenha sido nesse momento que o autor golpeou a vítima. Essa versão foi confirmada por vizinhos do casal, que prestaram depoimento na delegacia", afirmou.
O investigador diz que, de acordo com a perícia, o feminicídio teria ocorrido no quarto do casal. "Havia sangue na altura do teto, o que indica que a vítima foi golpeada, e o sangue espirrou. Isso nos comprova que ela não morreu deitada, como Alexon tentava alegar", detalhou. "A cena do crime era perceptivelmente montada em relação à disposição do corpo e a falta de sangue tanto na cama quanto em volta do ferimento", revelou o delegado.
De acordo com a investigação, Alexon teria limpado a vítima depois de esfaqueá-la. Colocou o corpo de Arlete sobre a cama e a cobriu com um lençol. A intenção seria despistar a filha mais nova de Arlete, de 13 anos, que morava com eles.

A adolescente chegou à residência com uma amiga, pouco depois do feminicídio. Às 7h45, Alexon acordou a menina dizendo que Arlete estava morta. A jovem acionou a Polícia Militar. A sargento Rosana Assis desconfiou da versão inconsistente do autor e o prendeu. "Ele tinha um ferimento no pescoço e as mãos sujas de sangue. A versão dele não batia com o que víamos", justificou.

Alexon alega inocência. O homem insiste em duas versões: ou que a mulher teria tirado a própria vida ou que uma outra pessoa teria invadido a residência e cometido o crime.

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