Luana Pontes - Especial para o Correio, Cézar Feitoza - Especial para o Correio
postado em 06/11/2018 21:53
Lucas Albo, 23 anos, foi condenado a 22 anos e 11 meses de prisão pela morte do DJ Yago Sik, em julho de 2017, após uma festa no Conic. O Júri Popular, composto por sete pessoas, condenou o acusado, após 12 horas de julgamento, por homicídio triplamente qualificado e ameaça - pela morte de Yago - e porte ilegal de arma, além de lesão corporal contra Marcela Martinelli Brandão, ex-namorada de Lucas.
O advogado de defesa, Carlos Roberto de Araújo, conta que a decisão do Júri não corresponde às provas contidas nos autos e que vai recorrer da decisão. "A defesa já fez o recurso apropriado e vai esperar para que o tribunal a julgue", afirmou.
Por outro lado, o promotor de justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) Marcello Oliveira, responsável pela acusação, acredita que a decisão foi acertada. "A despeito da tristeza que envolve um momento desse, os jurados acolheram todos os nossos pleitos e entendo que a Justiça se fez presente nesse caso", ressalta.
Reú diz ter sido agredido também
Pela primeira vez após o homicídio, o acusado Lucas Albo falou ao Tribunal do Júri. Ele disse que não queria matar Yago, apenas "humilhar a vítima em público". "Eu fui agredido inicialmente pela vítima, me senti humilhado na frente dos meus amigos. Foi o que me motivou a retornar à festa", contou Lucas ao Júri.
Junto a outras três testumunhas, a defesa sustentou novo argumento, afirmando que Lucas estava sob domínio de violenta emoção, agiu em legítima defesa e que o medicamento que ele toma para controlar a Síndrome de Legg Perthes o havia deixado agressivo. Por isso, a defesa pedia, como justa medida, a condenação por homicídio privilegiado, quando a vítima age sob forte emoção.
"No dia do crime, ele tinha tomado um comprimido de morfina. Quando o Lucas tomava esses remédios ficava agressivo", disse o pai do acusado, Pedro José de Oliveira Neto. A diarista da casa de Lucas Albo, Thais Cintia Alves Moura, disse que o jovem sempre foi muito calmo. "Nunca presenciei nenhuma briga dele com a Marcela. Ele estava assim por conta do remédio."
Acusação denuncia ações calculadas
O promotor de justiça Marcello Oliveira foi responsável pela acusação. Quebrando o protocolo do tribunal, o juiz Frederico Cardoso deferiu o pedido de Marcello para apresentar o vídeo das câmeras de segurança do Conic.
Na exposição da gravação, o promotor defendeu que Lucas Albo não parecia estar sob o domínio de violenta emoção. Marcello ainda sustentou que Lucas aparentava sobriedade e que calculava as ações antes dos três disparos efetuados contra Yago.
A mãe de Yago Sik, Cesarina Gondim Linhares, 54, acompanhou todo o julgamento. ;Achei a versão apresentada pela defesa muito falha. Não faz jus ao que de fato aconteceu;, desabafa Cesarina.
A madastra de Yago, Christina Sik afirma que a justiça foi feita, apesar da tristeza. "O coração está apertado, foi muito difícil reviver tudo isso. Enfim, eu me sinto pouco aliviada", disse.
Tiros e fuga no Conic
Lucas Albo de Oliveira é acusado de homicídio triplamente qualificado, por assassinar o DJ Yago Linhares Sik na madrugada do dia 2 de julho de 2017, quando o DJ saía de uma festa no Conic. Ele também responde por agressão e ameaça de morte à ex-namorada, Marcela Martinelli Brandão.
O agressor chegou a enviar mensagens de texto para Marcela, ameaçando de morte ela e Yago. Assim que saiu do local, Lucas disparou duas vezes contra o DJ, que estava de mãos dadas com a namorada, Bárbara Rodrigues. Câmeras de segurança do prédio filmaram tudo. Depois de atirar, ele se escondeu na casa de conhecidos em São Sebastião, até ser preso em 4 de julho.