Cidades

Deputado federal pelo DF, professor Israel (PV) critica Escola sem Partido

Em entrevista ao CB.Poder, o deputado federal eleito pelo DF afirmou que o debate feito sobre a educação brasileira é provinciano, interiorano, caipira e moralista

Mariana Machado
postado em 12/11/2018 15:53
O deputado federal eleito professor Israel Batista (PV) fez críticas ao projeto
Eleito pela primeira vez como deputado federal e a poucos meses de assumir a cadeira no Congresso Nacional, o professor Israel Batista (PV) concedeu entrevista ao CB.Poder - programa do Correio em parceria com a TV Brasília - nesta segunda-feira (12/11). Em seus dois mandatos como deputado distrital, ele levantou como bandeira a educação. Na câmara federal, garante que não será diferente.
Para ele, é importante que o governo invista sobretudo em educação básica. Por esse motivo, elogiou a decisão do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) de transferir a gestão de universidades federais para o Ministério de Ciência e Tecnologia.
;Enquanto o Brasil investe US$ 9.800 por ano no ensino universitário por estudante, nós investimos aqui no Brasil US$ 3.700 por estudante do ensino básico. O Ministério da Educação precisa focar no ensino básico fundamental, precisa lutar para aumentar os investimentos;, afirmou o deputado.
Contudo, nem todas as declarações do novo presidente alegraram o parlamentar. Para ele, a declaração de Bolsonaro sobre ver a prova do Enem antes de ser aplicada é descabida. ;Esse é um tipo de coisa que eu acho que a gente podia passar sem. As declarações do presidente precisam ter algum comedimento.;
Formado em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB), ele considera debates sobre o projeto Escola sem partido um tema mais moral do que relacionado à educação. ;Nós deveríamos estar discutindo o fato de que, em 20 anos, é muito provável que a grande massa da humanidade não tenha valor de mercado de trabalho. É isso que nós precisamos discutir. Eu acho que o nosso debate ainda é provinciano, interiorano, caipira e moralista;, criticou.
O deputado também aproveitou para falar sobre o que espera do futuro ministro da Educação. ;Deve ter um perfil de diálogo, respeitoso. Deve entender que jogar pais contra professores é o pior dos caminhos e a família deve ser aliada do professor. A perda de prestígio do profissional de educação é irreparável;, salientou.
Ele também comentou a última pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que apontou o Brasil como número 1 em violência contra professores. ;Em termos gerais, nosso país amarga os piores índices de educação e nós estamos discutindo assuntos moralistas e não assuntos importantes;, criticou.

GDF

Apesar de ter apoiado a reeleição do atual governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), professor Israel teceu elogios a Ibaneis Rocha (MDB), eleito para a nova gestão. ;Me parece que ele pretende governar ouvindo vários setores da sociedade, e isso me agradou bastante;, elogiou.
Mas o deputado ressaltou que algumas propostas do emedebista poderão ser difíceis de se cumprir. ;Durante a eleição, ele assumiu muitos compromissos e eu não vejo possibilidade da execução de todos, especialmente compromissos com reajustes das categorias de servidores públicos. Creio que ele vai ter alguma dificuldade.;

Economia

Na bancada do DF, ele acredita que será preciso arrecadar mais recursos. ;Nós somos a unidade da Federação que mais cresce em termos demográficos e populacionais. Em média, o DF cresce 60 mil habitantes por ano;, afirmou. Na avaliação dele, negociações com instituições privadas internacionais devem ser incentivadas. ;A bancada precisa garantir os recursos do Distrito Federal e tem uma missão essencial, que é permitir que se desenvolvam novas atividades econômicas.;
Já em aspectos internacionais, o parlamentar criticou uma possível transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o que desagradou países como o Egito. ;Quando o presidente não se sente pronto para falar de algum assunto, deve ser cauteloso. O Brasil nunca transferiu a Embaixada de Tel Aviv para Jerusalém por um motivo simples: metade da carne bovina vendida pelo Brasil abastece os países árabes. O presidente deve saber disso;, avaliou, e completou: ;Não é simpatia por essa ou aquela causa, é um gesto de responsabilidade econômica;.

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