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'GSI não vai prejudicar a PM', diz Bessa, um dia após briga com Fraga

Laerte Bessa disse que intenção de Ibaneis é apenas enxugar o quadro hoje existente na Casa Militar e não afastar a PM. Ele também disse não acreditar que Fraga tenha poder para paralisar os oficiais militares do DF

postado em 13/11/2018 13:40
Laerte Bessa
Um dia depois de bater-boca com Alberto Fraga na Câmara dos Deputados, Laerte Bessa ; anunciado como chefe do Gabinete de Segurança Institucional que o governador eleito Ibaneis Rocha deve criar ; afirmou nesta terça-feira (13/11), em entrevista ao programa CB.Poder, do Correio e da TV Brasília (assista a íntegra aqui), que os militares não serão prejudicados com a extinção da Casa Militar, motivo da briga entre os dois deputados pelo DF.

"Não acredito a PM nem o Corpo de Bombeiros serão prejudicados. A criação do GSI vem para enxugar o quadro, que é a intenção do governador (eleito). Ele não quer prejudicar nenhum militar. Vamos contar com os militares no GSI. Não vai ser só da Polícia Civil, não. Apenas vai ser um quadro mais enxuto", afirmou Bessa.

O deputado disse também não acreditar que Fraga, que é coronel da PM na reserva, tenha influência suficiente na corporação para realizar uma paralisação, como ameaçou ao discursar na Câmara. "Não acredito nisso. Ele foi muito acintoso na forma como tratou o futuro governador. Eu não gostei. Mas não acredito que ele tenha esse poder dentro da Polícia Militar, não."
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Ameaça de caos

A briga entre Bessa e Fraga começou depois deste chamar de "ideia de jumento" a extinção da Casa Militar para a criação do GSI a ser comandado por Bessa, que é policial civil. "Se ele insistir em acabar com a Casa Militar, os coronéis, os oficiais da Polícia Militar não vão trabalhar, ou seja, vão reagir", afirmou Fraga. "Se ele acha que, ao criar um Gabinete Institucional, acabando com a Casa Militar, tirando aquela proximidade que existe entre a Polícia Militar para com o governador, para atender aos apelos da Polícia Civil, ele está muito equivocado. Os oficiais não vão aceitar."

Fraga continuou o discurso dizendo que, se a ideia for levada adiante, a PM pode cruzar os braços e colocar o DF em uma situação de extrema insegurança. "Hoje de manhã tivemos uma reunião e isso ficou muito claro. Se ele insistir com essa ideia de maluco, de jumento, ele pode preparar cadeia para todos os oficiais, porque ninguém vai para as ruas, ninguém vai trabalhar. E vamos mergulhar o Distrito Federal num caos, numa insegurança jamais vista. Ele tem que respeitar a Polícia Militar. Se ele não quer respeitar, os oficiais vão ter que mostrar pra ele como é que as coisas vão acontecer", afirmou.

Bessa reagiu lembrando da condenação por corrupção de Fraga e os dois chegaram a trocar empurrões, sendo apartados pelos colegas deputados. Assista aos dois vídeos abaixo:

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Tom informal

Ainda sobre o GSI, Laerte Bessa descreveu o órgão como um gabinete ;que vai cuidar da segurança do DF;. ;Vai cuidar da segurança do governador, do vice, de secretários, investigações que envolvam pessoas ligadas diretamente ao governo e serviços de inteligência. Vai ter o serviço a dignitários, em que a polícia dará segurança para pessoas de outros estados ou países. O gabinete institucional vai ser uma Casa Militar mais enxuta;, detalhou.
Durante a entrevista ao CB Poder, Bessa voltou, por diversas vezes, ao tema da ;franqueza;, e disse ter descoberto que não é político ;por não saber mentir;. Questionado sobre se o fato de ter retirado apoio ao Fraga durante a campanha para governador do Distrito Federal o levou a perder as eleições, ele afirmou que sim. Que perdeu espaço na TV e que foi prejudicado. Mas, atribuiu à responsabilidade, principalmente, a si. ;Eu sou ruim de voto. Eu não sei mentir. Aprendi no congresso que político é mentiroso;, disparou.

Na mesma tônica disse confiar no governador eleito, Ibaneis Rocha (MDB), justamente porque ele não é político. Em alguns momentos da entrevista, Bessa se enrolou com as respostas. Questionado sobre a maior mentira que escutou nas eleições, por exemplo, disse que foi a promessa de Rollemberg de promover a paridade salarial entre a Polícia Civil do DF e a Polícia Federal. Em seguida, porém, disse acreditar que Ibaneis cumpriria a mesma promessa. ;É possível sim. O governador falou e eu acredito;, garantiu.

Bessa traçou um perfil semelhante do presidente da república eleito, Jair Bolsonaro. ;Ele também não é político;, afirmou. Questionado sobre a carreira de Bolsonaro e da entrada dos filhos dele na vida política, Bessa disse que ;é diferente;. ;Mas ele é diferente. Ele é honesto e não mente. Eu sou parecido com ele. Acho que sou honesto e não sei mentir também. Uma pessoa me perguntou em uma reunião o que eu não falava de saúde. Eu disse que não entendo nada de saúde. A pessoa saiu;, contou.

Outro tema espinhoso abordado durante o CB Poder foi a unificação entre as polícias, que Bessa é a favor. Ele disse que o maior empecilho para o projeto sair do papel são os oficiais da Polícia Militar. Nesse ponto da entrevista, ele também negou que haja competição entre a Polícia Civil e a Polícia Militar no DF, embora tenha admitido que a rivalidade ocorre em cenário nacional.

;Não existe (a competição entre as polícias). É esporádica. Vemos que os policiais civis, militares e os bombeiros se dão muito bem. No Brasil essa rivalidade é por salário, proteção. É questão financeira e de trabalho, de funções. Por mim, já tinha unificado as polícias;, afirmou. ;Bolsonaro vai comprar essa briga;, disse mais à frente.

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