Cidades

DF deve ficar sem 20 médicos cubanos do Programa Mais Médicos

Retirada é promovida pelo governo de Cuba, que decidiu deixar o Programa Mais Médicos após declarações de Jair Bolsonaro

Cézar Feitoza - Especial para o Correio, Pedro Grigori - Especial para o Correio
postado em 14/11/2018 19:15

Médicos cubanos chegam para participar do Programa Mais MédicosOs 20 médicos cubanos que atuam no Distrito Federal pelo Programa Mais Médicos devem se desvincular da Secretaria de Saúde do DF e retornar ao país de origem. A saída é promovida pelo governo de Cuba, que anunciou, nesta quarta-feira (14/11), que deixará a iniciativa por causa de declarações do presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL).

Os médicos de Cuba integram o grupo de 133 profissionais do Mais Médicos no DF. A capital federal é a unidade da Federação com menos médicos cubanos trabalhando no Brasil pelo programa.

Eles estão lotados nas equipes de Saúde da Família. Em nota, a Secretaria de Saúde informou que "as atribuições desses profissionais incluem a abordagem biopsicossocial do processo saúde-adoecimento e o desenvolvimento de ações integradas de promoção, proteção, recuperação da saúde no nível individual e coletivo, além da priorização da prática médica centrada na pessoa, na relação médico-paciente, com foco na família e orientada para comunidade".

Atualmente, a Secretaria de Saúde conta com 530 médicos de Família e Comunidade atendendo nos postos de Saúde da Família.

O governador eleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), comentou a situação durante o Forúm dos Governadores, no Centro Internacional de Convenções do Brasil. "Não tive conhecimento dessa decisão (da saída dos médicos cubanos). Sei que vamos ter de trabalhar muito para contratar médicos e profissionais da saúde. Existe hoje uma disparidade muito grande nas contratações", afirmou.

Ibaneis adiantou que deve fazer alterações na atenção primária. "Ontem, estive no Ministério da Saúde e recebi um quadro alarmante. Houve uma distribuição de profissionais na atenção básica só para dizer que houve a cobertura, e essa cobertura está sendo mal feita e não localizada em pontos onde ela é mais necessária. Vamos reduzir essas equipes e levar para os locais onde são mais necessárias, trazer profissionais para dentro dos centros de saúde e hospitais", detalhou.

Por sua vez, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou que "cubano que quiser asilo aqui, vai ter". Apesar de ter sido uma decisão unilateral - Havana que resolveu se desvincular de Brasília -, Bolsonaro declarou que foi contra o Programa Mais Médicos quando foi levado à Câmara dos Deputados, há quatro anos. ;É uma questão humanitária. É desumano deixar os profissionais aqui afastados de seus familiares. Tem muita senhora desempenhando sua função de médico e seus filhos menores estão em Cuba;, disse.

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