Cidades

Distrito Federal tem 41 áreas de risco no período chuvoso

Mapeamento da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social identifica pontos de vulnerabilidade em 19 cidades do Distrito Federal. Crescimento desordenado e derrubada de árvores são alguns dos motivos para o problema

Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 17/11/2018 07:00
Mapeamento da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social identifica pontos de vulnerabilidade em 19 cidades do Distrito Federal. Crescimento desordenado e derrubada de árvores são alguns dos motivos para o problema

Sinônimo de alívio para a maioria dos brasilienses, o período chuvoso também provoca outro sentimento em parte dos moradores do Distrito Federal: o medo. A capital tem hoje 41 áreas de risco em 19 regiões administrativas (confira Mapeamento). Com o elevado volume das precipitações, a chance de desastres nesses locais aumenta. Enquanto isso, milhares de pessoas convivem com o receio de perder as residências ou a vida durante enchente ou desabamento. O levantamento é da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, que, por meio da Defesa Civil, monitora essas localidades. Em novembro do ano passado, a pasta contabilizou 36 pontos de risco em 18 cidades.
Apesar do aumento, as realocações feitas pela Companhia Habitacional do DF (Codhab) caíram nos últimos três anos. Em 2016, o órgão transferiu 60 famílias de locais com perigo iminente. No ano seguinte, o número caiu para 16. Em 2018, apenas duas remoções ocorreram no DF, ambas no Sol Nascente, em Ceilândia. As famílias foram transferidas para endereços da mesma região.

O Correio visitou três regiões administrativas com bairros considerados de risco: Fercal, Sobradinho e Planaltina. Nos locais, não há saneamento básico e pavimentação e o desnível das casas improvisadas assusta. Com medo, alguns moradores esperam melhorias há mais de 30 anos. Na ausência de assistência governamental imediata, os moradores constroem desvios para água, tapam buracos com cascalhos e tentam reforçar as estruturas das residências.
O marceneiro Júnior mora na Vila Rabelo 1, em Sobradinho, em uma casa à beira de uma encosta:

Mesmo com a situação de vulnerabilidade, o marceneiro Júnior Pereira, 31 anos, mora na Vila Rabelo 1, em Sobradinho, há mais de 20 anos. ;Morei de aluguel por muito tempo até conseguir comprar uma casa aqui;, conta. Ele e a mulher dividem uma casa que fica à beira de um desnível em uma rua íngreme, que sofre com a enxurrada. ;A água desce a rua e vai em direção ao córrego. Para ela não entrar nas casas, como acontecia antes, construímos uma base para fazer o desvio. A gente sempre dá um jeito;, conta Júnior. ;O ideal agora seria que o governo investisse em pavimentação e infraestrutura. Isso resolveria boa parte do problema;, avalia.


A família de Sônia vive perto de um córrego, em Planaltina: perigo

Preocupação

Além de lidar com a possibilidade de desmoronamentos, os moradores dos bairros Mestre D;Armas, em Planaltina, e Boca do Lobo, na Fercal, preocupam-se com o nível dos córregos que cercam as regiões. Na Fercal, Maria do Barro Rego, 61, reconhece que as enchentes diminuíram após a construção de estruturas para desviar a água da rua. No entanto, com o passar do tempo, as obras se deterioraram, e o acúmulo do lixo contribui para a volta do problema. ;Quando chove, vira um rio. Eu sou cadeirante e dependo de carro para sair de casa. O meu medo é se acontecer alguma emergência;, lamenta. De acordo com ela, os moradores passaram a reforçar o desvio da água para o córrego.

Em Planaltina, moradores das redondezas do córrego Mestre D;Armas compartilham o receio de Maria. A dona de casa Sônia Agreda, 37, mora na região há 10 anos. Segundo ela, o nível da água aumenta no período chuvoso, fazendo com que a insegurança tome de conta. A casa dela é a mais próxima do curso d;água e fica na parte mais baixa da rua, que é íngreme. ;Quando chove, a água vem com força, passa pelas casas e cai direto no córrego;, descreve. Sônia vive com a filha, o genro, o neto e o marido. Para ela, as crianças são uma preocupação constante. ;A gente sabe que eles podem ser levados pela água ou até mesmo cair no córrego. Sempre temos de proibi-los de brincar por lá. Não temos como nos mudar. Aqui, não pagamos aluguel, e todos nós nos conhecemos. Criamos amizades, uma vida inteira;, explica.


Cuidados

Confira orientações do Corpo de Bombeiros para o período chuvoso:

A população deve ficar atenta em relação à manutenção de casas e edifícios residenciais e comerciais. É imprescindível realizar vistorias regulares e observar se há infiltrações ou rachaduras nas estruturas. A falta de reparos pode gerar desmoronamentos

Árvores mortas ou próximas a casas também devem ser observadas. Caso alguém encontre uma nessa situação, pode entrar em contato com as administrações regionais ou com a Novacap para realizar a poda ou extração

Os motoristas devem ficar atentos nas pistas. Caso estejam alagadas, deve-se observar a altura da água. Se ultrapassar a metade da roda do veículo, o recomendado é buscar um local elevado para estacionar. No entanto, o ideal não é dirigir em locais tomados pela água, porque ela impede a visibilidade de bueiros e buracos na pista

Na hora de estacionar veículo, o Corpo de Bombeiros também recomenda deixar o automóvel longe de torres de transmissão, árvores ou placas de propaganda. Esse tipo de estrutura, a depender da situação, pode cair. A dica vale para os pedestres, que devem evitar se abrigar nesse tipo de local

Em casos de acidente, o Corpo de Bombeiros deve ser acionado pelo número de telefone 193.

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