Cidades

Número de contratações temporárias deve cair neste fim de ano

Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio), serão 2.930 postos de trabalho. Em 2017, foram 3,9 mil

Luiz Calcagno
postado em 19/11/2018 06:00
O comerciante Valney Macedo vai contar apenas com a ajuda da esposa neste ano
O comerciante Valney Macedo, 46 anos, vai chamar a mulher para ajudá-lo nas vendas de artigos esportivos para o Natal. Um reforço na equipe sem aumentar a despesa. Funcionária do ramo da vestimenta, a vendedora Ilma Costa, 36, por sua vez, conta que só receberá ajuda a 10 dias da festividade religiosa. Denise Odermatt, 42, surpreende: abrirá vaga no início de dezembro, para melhorar o atendimento no negócio de chocolates. A expectativa de contratação para o varejo neste fim de ano é pessimista. Serão 2.930 postos de trabalho. Em 2017, foram 3,9 mil. O dado é da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio).

;No ano passado, quase fechamos. Conseguimos nos manter investindo em marcas menos famosas. O que ganhamos não me permite outra contratação;, explica Valney. Para garantir a circulação de mercadorias na Action Sports, na 308 Sul, ele aposta em promoções e marcas menos famosas. Em uma loja de roupas na 307 Sul, a funcionária Ilma se mostra preocupada. ;As vendas estão piores que em 2017;, lamenta. O levantamento da Fecomércio indica que, ao todo, apenas 21,4% dos empresários do DF farão contratações. Em 2017, essa porcentagem era de 31,8%. A entidade ouviu 401 comerciantes de shoppings e de rua, de 15 segmentos diferentes.
Vendedora Ilma Costa: ajuda para o fim de ano só virá a 10 dias do Natal

O segmento de chocolate é que tem a previsão mais otimista: 23,84% dos empresários abrirão vagas para temporários. Proprietária da Stans Chocolate, na 407 Sul, Denise Odermatt pretende investir o mesmo que no ano passado. ;Deixaremos as contratações para o início de dezembro. Tenho duas funcionárias, antigas, com tempo de loja e habilidade. Vou chamar mais uma. As vendas foram ruins, principalmente no período eleitoral, mas acredito que, com a definição nesse cenário, agora melhorem.;

Segundo a estimativa da Fecomércio, o setor de calçados e acessórios está em segundo lugar na previsão de abertura de postos temporários para o Natal, com 22,5%, atrás do mercado de chocolates. Em terceiro na intenção de contratações está o segmento de material esportivo, com 23,84%. O de brinquedos fica em quarto, com 16,34%. Em quinto, vem armarinhos com artigos para presente, com 13,64% , e o de vestimenta está em sexto, com 13,04%.

Denise Odermatt pretende contratar temporários no início de dezembro

Previsão por setores

Confira a porcentagem de empresas, por segmento, que farão contratações neste fim de ano no DF, segundo estimativa da Fecomércio

Chocolate - 23,84%
Calçados e acessórios - 22,5%
Material esportivo - 23,84%
Brinquedos - 16,34%
Armarinhos com artigos para presente - 13,64%
Vestimenta - 13,04%

Números
Vagas estimadas para o fim do ano em 2018 - 2.930
Postos de trabalho abertos no período em 2017 - 3.9 mil
Comerciantes que devem criar postos de trabalho neste ano - 21,4%
Comerciantes que abriram vagas em 2017 - 31,8%
A expectativa é de que 2.930 vagas sejam abertas para o período em 2018

Crise prejudicou o comércio

Para o presidente da Fecomércio, Adelmir Santana, a baixa é resultado da crise econômica que teve início no país após 2014. ;Estamos passando por uma crise que vem de longe. Já tivemos épocas de contratação de 8 mil pessoas e estamos falando de 2,9 mil. A cada ano tem sido mais difícil. Mesmo com alguma melhoria na economia, o comércio demora a reagir;, afirma. ;O volume de lojas fechadas no país foi de mais de 100 mil em 2017;, pondera.

Wellington Leonardo da Silva, presidente do Conselho Federal de Economia, culpa o Governo Federal pela penúria. ;Dizer que o ano foi atípico pela Copa do mundo e eleições é limitado. Com as medidas que tomou, o governo colocou o Brasil em uma situação ainda pior. Prometeram 3% de crescimento para o país este ano. Vai ser 1,2%, se muito. As reformas, dentre elas a trabalhista, pioraram a situação. Os Estados Unidos, França, Inglaterra e Alemanha tomaram medidas inversas às nossas. Tornaram as taxas de juros negativas, enquanto mantemos em 6% ao ano;, argumenta. ;Assim, o empresário prefere botar o dinheiro na dívida pública que investir no próprio negócio. Só que essa lógica está levando muitos a fecharem empreendimentos;, complementa.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do DF, José Carlos Magalhães Ponto discorda de Wellington e acredita que é possível igualar o número de contratações do ano anterior. ;Se nossos representantes eleitos falarem em redução de impostos, o mercado terá um fim de ano produtivo, porque esse dinheiro que iria para o governo vai para os gastos. Com as incertezas que sofremos e uma Copa do Mundo ruim para o varejo o ano foi mais difícil;, opina.

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