Cidades

Professores formam maior bancada na CLDF, mas ideologias são bem distintas

Seis dos 24 distritais eleitos em outubro são professores, mas eles não falam em formação de bloco, por pensarem muito diferente

Pedro Grigori - Especial para o Correio
postado em 20/11/2018 06:00
Cláudio Abrantes (PDT)Destinação de emendas para reformas estruturais em escolas é a prioridade dos seis deputados distritais eleitos que trabalham na área da educação. Com o grupo vindo das forças de segurança, eles serão a categoria profissional mais numerosa na Câmara Legislativa (CLDF), a partir de janeiro. Mas, por saírem de partidos e grupos ideológicos distintos, os educadores podem ter dificuldades de dialogar e não pretendem se unir em uma frente parlamentar única.

Os professores Reginaldo Veras (PDT), Leandro Grass (Rede), João Cardoso (Avante), Daniel Donizet (PRP), Jorge Vianna (Podemos) e Cláudio Abrantes (PDT) ainda não fizeram uma reunião. Nenhum fala em formação de bloco. Eles visam espaço na Comissão de Educação, Saúde e Cultura da Câmara, e com visões distintas devem bater de frente caso pautas como o Escola sem Partido, defendida pelo governador eleito Ibaneis Rocha (MDB) durante campanha, volte ao debate na CLDF.

Professor de sociologia, Leandro Grass considera o Escola sem Partido ;uma cortina de fumaça dentro do debate educacional;, para tirar a atenção de pautas mais importantes. ;É um projeto inconstitucional, que acaba sendo apenas mais um exemplo da moralização que ocupou o debate político. Deixamos de debater temas estruturais e orçamentários para tratar de perspectivas morais;, afirma o distrital eleito. Grass é totalmente contrário ao projeto, assim como os colegas pedetistas.

O professor de geografia e distrital Reginaldo Veras foi o relator do PL 01/2015, de Sandra Faraj (SD), que instituía o Escola sem Partido no DF. ;Para o azar dela, o projeto caiu na minha mão, e fiz o relatório pela rejeição que é referência no Brasil. O texto é uma aberração constitucional, fere a liberdade de expressão e as diretrizes educacionais. É uma idiotice e imbecilidade;, ressalta.

O pedetista completa dizendo que o Escola sem Partido é um projeto aprovado apenas por aqueles que ;não botam mais o pé na escola;, e que, caso o projeto volte ao debate, ele irá se posicionar contrário mais uma vez. O correligionário Cláudio Abrantes, professor de matemática e física, pensa igual. ;O professor tem que ter a sua liberdade preservada;, destaca.

O distrital eleito Daniel Donizet, professor de informática nas redes pública e privada, discorda dos futuros companheiros de Casa. ;Sou totalmente a favor do Escola sem Partido. Na escola, os professores têm que ensinar as matérias, como português e matemática, deixar a educação sexual para os pais cuidarem;.

Infraestrutura e ensino

Tema polêmico na atual gestão da CLDF, o Plano Distrital de Educação (PDE) deve voltar à atenção. Os novos distritais pretendem cobrar e fiscalizar a execução do documento aprovado no Legislativo em junho de 2015. ;O texto traz uma política definida com metas e objetivos para a área da educação. Precisamos acompanhar a execução, o que, na minha visão, não tem sido feito pela CLDF;, afirma Leandro Grass. O documento traz os nortes para o ensino do DF até 2024.

Para Reginaldo Veras, a prioridade é o investimento na infraestrutura dos colégios. ;Fui o distrital que mais enviou emendas para a construção e reformas de escolas, e vejo que um dos novos principais focos deve ser na melhora das estruturas físicas, que vai da construção de laboratórios de informática a teatro e quadras poliesportivas;.

O tema é prioritário também para Donizet. ;Precisamos modernizar as salas de aula e estudar a implantação de um ensino integral. Durante a manhã, os alunos estudam matérias como português e matemática, e, no horário contrário, matérias extracurriculares, como educação moral e cívica e empreendedorismo;.

Cláudio Abrantes destaca a valorização profissional como pauta prioritária. ;O reconhecimento do servidor vai além da questão salarial. Temos professores doentes por não terem condições de trabalho. E isso passa desde dar aulas para turmas superlotadas até os professores terem o seu direito de liberdade e autonomia contestados;.

O Correio tentou entrevistar os distritais eleitos Jorge Vianna e João Cardoso, mas não obteve retorno deles até o fechamento desta edição.


Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação