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Comércio estima em 15% o crescimento nas vendas da Black Friday no DF

Estimativa da Fecomércio é de que os lojistas do DF registrem aumento de 15% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado. Filas nos shoppings, no entanto, aparecem como uma das principais reclamações da sexta de liquidação

Luana Pontes - Especial para o Correio
postado em 24/11/2018 07:00
Corredores lotados e filas de veículos marcaram a Black Friday no Conjunto Nacional: promoções devem movimentar cerca de R$ 80 milhões, segundo os organizadores da data especial
A assistente administrativa Suhelly Maria Bezerra, 33 anos, passou o ano acompanhando os preços de liquidificadores em busca da melhor oferta. Pois a oportunidade chegou durante uma das datas mais esperadas pelo consumidor: a Black Friday. Ontem, Suhelly saiu de casa, em Ceilândia, e seguiu até o Pátio Brasil Shopping, na Asa Sul, para garantir o eletrodoméstico. E conseguiu. ;É o segundo ano que faço compras no mesmo período. Sempre aproveito para comprar algo de que estou precisando;, explicou.

Assim como a assistente administrativa, milhares de brasilienses aproveitaram a chance oferecida na sexta-feira de liquidação especial. Segundo estimativa da Federação do Comércio de Bens, Serviço e Turismo do DF (Fecomércio), os lojistas devem registrar um aumento de 15% nas vendas em relação à Black Friday de 2017. As ofertas podem durar até o fim da semana ou do mês, a depender dos estoques. ;Hoje (ontem), nós temos shoppings que vão estender os horários de atendimento para conseguir mais clientes. É o caso de um shopping que, além de aumentar em duas horas o funcionamento, promete que as promoções vão durar até amanhã (sábado);, afirma o vice-presidente da Fecomércio, Edson de Castro.

A fiscalização feita pela Fecomércio ontem constatou que 90% dos comércios executaram as ofertas como anunciaram. ;É difícil conseguir enganar os clientes hoje. Nós temos pessoas muito bem-informadas, que estão atentas aos preços. Boa parte procura com antecedência o que quer comprar de fato;, reforçou Edson.

Antes de comprar, a consumidora Camila Oliveira, 24, monitorou os valores dos produtos pelos sites. Na visão da brasiliense, são raras as lojas que fazem algo similar aos Estados Unidos. ;Não acho que teremos uma Black Friday como a dos estado-unidenses, mas pagar mais barato por algo que estamos namorando há algum tempo é sempre bom. Aproveitei para comprar vestidos, batons e e-books que estavam pela metade do preço;, contou.

As filas nos shoppings foram uma das principais reclamações. Uma consumidora, que preferiu não se identificar, disse que tentou passar rapidamente em um centro comercial antes de viajar. ;A passada rápida me levou quase duas horas. Acredito que precisamos ter mais organização e dinâmica das lojas para que coloquem mais funcionários durante esse período de promoções. Do tempo que gastei no shopping, apenas 15 minutos foram escolhendo as mercadorias. O restante fiquei na fila esperando para conseguir pagar;, queixou-se a cliente.

Fila de carros para entrar no Conjunto Nacional


;Ressaca;


A euforia com as promoções, no entanto, pode levar a arrependimentos. Por isso, especialistas alertam para cuidados importantes antes de fechar a compra (leia Direitos do consumidor). Segundo a diretora de Atendimento do Procon no DF, Fabiana Ferreira, as queixas mais comuns vão de propaganda enganosa a produtos não recebidos. ;Nós temos o maior número de reclamações na ;ressaca; do Black Friday. É quando os clientes começam a receber os produtos que pediram pela internet ou querem trocar nas lojas físicas algo que compraram e não gostaram;, ressaltou.

As propagandas enganosas estão no topo da lista de queixas do Procon na capital federal, com 9,3% do total. Depois, aparecem os atrasos na entrega (8%); a divergência de valores (6,6%); o estorno do valor pago (6,6%); e os itens não recebidos (4,9%). Compras de jogos, monitores, passagens aéreas e televisões lideram o ranking das insatisfações dos consumidores.

De acordo com o procurador de Justiça do Consumidor Paulo Roberto Binicheski, normalmente, os brasileiros se deixam levar pela publicidade enganosa. ;A maioria dos casos que vão para a Justiça são de consumidores que compraram produtos que não condizem com o anúncio. Devemos lembrar que isso é crime e precisa ser denunciado para a Polícia Civil. Os compradores precisam ficar atentos e levar em consideração a credibilidade das lojas;, alertou Paulo Roberto, do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT).

Segundo o diretor da promoção Black Friday em Brasília, Ricardo Bove, a previsão é de que as ofertas deste ano movimentem mais de R$ 80 milhões. ;A cada ano, registramos o crescimento na participação do brasileiro na Black Friday. Quando começamos a trazer para o Brasil, a intenção era de que tivéssemos mais descontos nos aparelhos eletrônicos, assim como é, de fato, a promoção lá fora. Além de concentrar a venda no ambiente digital, para que as lojas físicas não tivessem tantas filas;, disse.

Homem carrega caixa de televisão no shopping na Black Friday

31% a mais de vendas na TIM


Mesmo após a Black Friday, o movimento nas lojas do DF não diminuiu. Mantendo as promoções para este fim de semana, a empresa de telefonia TIM, por exemplo, registrou neste sábado um aumento significativo em relação à sexta-feira. Segundo a empresa, o fluxo nas lojas do Distrito Federal cresceu 16%. Além disso, a estimativa é de que as vendas de celulares tenha subido 31% em relação ao mesmo período do ano passado.

A TIM credita as estatísticas positivas à estratégia de realocar 400 funcionários que trabalham em plataformas digitais da empresa para as lojas físicas e pontos de venda em todo o país. Com isso, a TIM teve à disposição mais de 10 mil pessoas, entre promotores e vendedores, para incrementar os ganhos durante a Black Friday.


Direitos do consumidor


  • Os sites de vendas são obrigados a oferecer ao cliente sete dias posteriores ao recebimento da mercadoria para troca ou arrependimento de compra do produto;
  • As lojas são obrigadas a divulgar nas etiquetas o valor do desconto
  • Publicidade enganosa é crime e deve ser denunciada à polícia
  • Caso se depare com lojas falsas ou golpes, denuncie à Polícia Civil
  • Os postos do Na Hora espalhados pelo DF atendem consumidores que se sentem lesados
  • Caso se sinta prejudicado, procure o Procon. Leve nota fiscal, cupom fiscal, recibo ou ordem de serviço da compra
  • O consumidor pode entrar em contato com o Procon pelo número 151 ou pelo e-mail 151@procon.df.gov.br
  • O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também realiza o atendimento de Justiça do Consumidor

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