Uma ponte de interação descontraída entre produtores de cultura e compradores de ideias e negócios ligados ao entretenimento e à moda desponta como principal objetivo do Mercado Território Criativo. O evento ganha a primeira edição no Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul). Com atividades gratuitas, hoje e amanhã, o encontro reunirá nomes representativos dos segmentos de moda (Jum Nakao, Carol Barreto e Jackson Araújo), audiovisual (Vincent Moon) e música (Evandro Fióti).
Gastronomia, turismo e literatura também estarão em pauta. Com atividades a partir das 14h. O projeto ; que tem outras duas edições asseguradas para 2019 ; estimulará empreendedores ao desenvolvimento de atividades culturais, por meio de oficinas, mesas redondas e debates ; mas sempre com visão aproximada da realidade prática. Realizado pelo Instituto Bem Cultural, o evento, terá na programação de amanhã, por exemplo, atividades ligadas ao mercado de games e um show do rapper GOG.
Entre as realizações, chama a atenção uma dinâmica batizada de Arena, na qual empreendedores apresentam, de modo objetivo, produto ou serviço, para, imediatamente, receberem palpites e dicas do público presente. A participação no evento é gratuita.
Nascido em Fortaleza, mas há 25 atuante nas áreas da moda e do design em São Paulo, Jackson Araújo, 54 anos, trará ao evento Mercado Território Criativo, a experiência de engajamento em três projetos paralelos que tem encampado nos últimos anos. Com uma palestra marcada para as 16h, ele pretende enfatizar a atuação em projetos sociais.
"Bato sempre na tecla da economia afetiva. Em 2014, afunilei os estudos do resgate da importância do coletivo, numa valorização horizontal de relações na moda. O alvo é fazer com os outros e para os outros, numa ligação que não pregue ação beneficente", explica Jackson Araújo. "Gosto do aproveitamento dos resíduos da indústria da moda no prisma de valor real e de transformação social", comenta o designer.
Entre os projetos que ele integra está a consultoria dada a grupos de estudantes para a apresentação de novos valores da moda ; "uma moda diversa daquela que marca elementos fashion, que exclui e polui; gosto da diversidade e da inclusão", comenta. O design como plataforma e ferramenta de voz para corpos que carregam relativa invisibilidade no plano da moda mais comercial, entre os quais, amputados e trans, também estará em pauta no debate.
Na Galeria Parangolé também no Espaço Cultural Renato Russo, haverá exposição permanente das obras da Auá Editorial, um coletivo local formado há quase um ano por estudantes do curso de design da UnB. "Acreditamos em novas perspectivas de elaborar o design", observa Ester Sabino, uma das integrantes do grupo disposto a fugir de estereótipos e que aposta em temas étnicos e indígenas.
Referências afro e a construção de uma brasilidade permeiam livros artesanais e experimentais aos quais se dedica o grupo. "Na nossa editora, o livros são cocriados com os autores: a meta é que extrapolem a organização visual. Há interação: há livros em que se deve rasgar as páginas para ter acesso ao conteúdo e há ainda o emprego de impressões personalizadas, com uso de serigrafia por exemplo", explica Ester Sabino.
No evento que se estende de hoje até amanhã, com horários entre 14h e 20h, a Auá mostrará experiências com os livros Se Situe, em que Stephanie Ribeiro trata de racismo velado, e ainda de Lembranças ancestrais estreia da ceilandense Carolina de Souza na literatura. " Temos um público forte e consolidado. Pretendemos na Mercado Território Criativo dividir a experiência de mostrar a viabilidade. O material é bem possível de ser comercializado. Queremos apresentar o reconhecimento de nossas heranças culturais", comenta a designer.