Luiz Calcagno
postado em 26/11/2018 06:05
;Economizar é para o ano todo. Até para o Natal.; Essa é a opinião da dona de casa Iolanda Coelho de Siqueira, 52 anos, moradora do Cruzeiro. Todo ano, na virada de 24 para 25 de dezembro, ela reúne o marido, os dois filhos, irmãs e sobrinhos para comemorar o nascimento de Cristo com uma ceia em sua casa. É tradição. Mas, para garantir o sabor do evento, o trabalho começa muito antes, com pesquisa de preço nos supermercados e a decisão de quem vai levar o que para a mesa. Afinal, dividir a responsabilidade dos pratos, além de ser uma forma de fazer todo mundo participar, ajuda a reduzir os gastos.
O valor dos produtos da ceia de Natal não deve variar este ano em relação às festividades de 2017. Segundo estudiosos ouvidos pelo Correio, a flutuação do dólar esperada para a segunda quinzena de dezembro não é muito diferente da registrada no ano passado. Ainda assim, com o aumento da procura, os preços devem subir em relação a outubro. Apesar disso, pesquisadores recomendam inventividade, pesquisa e planejamento para baratear os custos. Outra opção é procurar as cestas, pacotes fechados com produtos para a ceia natalina a preços promocionais.
;Temos fruta, normalmente um assado, pernil ou chester, e cada um leva uma coisa. Eu costumo pesquisar os preços. Fruta, que não tem jeito, compramos mais em cima, mas aproveitamos o dia mais barato, que é quarta-feira. Para alguns itens, vale a pena esperar mais também, comprar mais em cima da hora, e ficar atento a promoções;, detalha Iolanda. Lívia Cristina de Souza Oyo, 37, moradora do Jardins Mangueiral, prefere aproveitar o 13; salário e as férias para gastar um pouco mais. Ela passa as comemorações com o marido, os filhos e cunhados na casa da sogra.
Ainda que esteja disposta a pagar mais caro por um determinado produto, Lívia lembra que cada família leva um prato para a reunião. ;Ainda assim, minha sogra faz a maioria das comidas. Todos nos envolvemos e participamos. No fim do ano, aproveito o 13; para pensar, também, na qualidade dos produtos. Estou disposta a gastar um pouco mais por uma marca de melhor qualidade mas, mesmo assim, faço uma pesquisa antes. Não perecíveis, por exemplo, compro com antecedência se estiverem em promoção;, explica a mulher.
Planejamento e inovação
O coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, garante que o valor dos produtos da ceia de Natal não deve variar este ano em relação às festividades de 2017. ;Em princípio, não tem motivo para uma ceia mais cara. Não tivemos aumento de demanda. No caso dos produtos importados, o dólar se manteve estável. O único motivo para um aumento de preço seria o brasiliense decidir pagar mais. Nesse caso, os comerciantes vão tentar alterar os preços. Para isso, eles verão como o mercado vai reagir;, alerta.
Teixeira pede que as pessoas não aceitem pagar mais por um produto se acharem que o valor é abusivo. ;Se o comerciante fixa um preço e o produto não vende, ele vai rever o valor. Se ele verifica que está vendendo bem, vai tentar aumentar. Os consumidores têm que pensar quanto vale pagar;, ressalta. ;Com relação a outubro, os produtos ficam mais caros, porque a procura é maior. O ideal é manter o pé no chão, procurar diversificar, usar produtos diferentes e que estejam mais em conta. Adiantar as compras também é muito bom;, sugere.
Dicas de cozinha
Chef e professor de gastronomia do Instituto de Educação Superior de brasília (Iesb), Maximiliano Sommo dá dicas de como inovar ou comprar produtos perecíveis antecipadamente sem, necessariamente, perdê-los. A principal dica é definir o cardápio com antecedência. ;As festividades de fim de ano são, justamente, a época em que as pessoas mais gastam. Procuram colocar alimentos diferentes na mesa e é difícil fazer ficar mais barato. A primeira recomendação que faço é cada um levar um prato. Já fica menos pesado para o bolso. Um fica com a entrada, outro com o prato principal e outro com a sobremesa;, sugere.
Sommo explica que o consumidor também pode procurar os produtos da estação e substituir pratos tradicionais, como o peru recheado, por outros que possam ser comprados antecipadamente. ;É tradicional fazer um peru, por exemplo. Então, nesta época, o custo aumenta. De repente, carnes que você pode comprar um mês antes e conservar no freezer podem ser opção para economizar. Frutos do mar, como camarão, lula ou polvo, você pode congelar sem perder no sabor. Se deixa para a última hora, o valor desses alimentos praticamente dobra;, observa.
Focar na salada também é uma boa pedida. ;Uma salada criativa, com frutas, folhas diferentes, um molho que tenha produto requintado, mas com elementos do dia a dia, como feijão e queijo marinado, barateia. Lentilha também é uma opção. Satisfaz e não é cara. Outra coisa que pode ser comprada com antecedência são as bebidas. Espumantes e vinhos sempre ficam mais caros;, recomenda.
Opções de cestas
Veja os valores das cestas de Natal fechadas vendidas em alguns supermercados do Distrito Federal*:
Extra - R$ 58,90
Produtos: um espumante, um panetone, um bolinho tipo muffin, um pacote de jujuba, um bolinho de goiaba, uma caixinha de gelatina, um saco de suco em pó, um saco de azeitona, um pacote de salgadinho de milho, um pacote de biscoito salgado, um saco de farofa pronta, um pacote de maionese e um saquinho de uva-passa.
Veneza - R$ 70
Produtos: arroz, açúcar, feijão, óleo, café, farinha de mandioca, fubá, goiabada, macarrão, macarrão instantâneo, molho de tomate, ervilha, milho-verde, panetone, uvas-passas e biscoito recheado (o cliente tem a liberdade de trocar ou acrescentar outros itens à lista, com pequenas variações de preço).
Pão de Açúcar - R$ 77,99
Produtos: um vinho, um espumante, um pacote de lentilha namorado, um saco de azeitona, um bolinho tipo muffin, um pacote de pão de mel, um pacote de chocolate tipo palito, um pacote de biscoito salgado, um pacote de maionese, um suco concentrado de goiaba, um pacote de farofa pronta, um pacote de biscoito champagne, um panetone, um saco de biscoito parafuso, um pacote de uva-passa e um pacote de ameixas.
*A reportagem escolheu os ítens de valores aproximados para que o leitor compare o preço com a quantidade de produtos oferecidos.