Jornal Correio Braziliense

Cidades

Detenta morre em presídio de Luziânia (GO) após ataque de asma

Testemunhas informaram que houve negligência da equipe médica da cadeia. Ministério Público do Estado de Goiás investiga o caso

Uma detenta de Luziânia (GO) morreu, na segunda-feira (26/11), após sentir falta de ar e perder os sentidos. A morte ocorreu por volta das 11h. A vítima, identificada como Divina Raimunda Soares, tinha cerca de 50 anos.

Em nota, a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) confirmou o óbito, informando que os agentes de plantão foram chamados por volta das 9h para atender a detenta na cela. Logo depois, acionaram o serviço de emergência e a escoltaram até uma Unidade de Pronto Atendimento fora do presídio.

Mas, segundo o texto, a mulher teria perdido os sentidos ainda no caminho da unidade de saúde. Chegou a receber atendimento emergencial, mas não resistiu. A DGAP acrescentou que "aguarda mais providências legais para informar o motivo do óbito".

Testemunhas

Duas pessoas que trabalham no presídio e que não quiseram se identificar contrariaram a versão dada pela DGAP, pois segundo, elas, depois que a mulher começou a passar mal, o atendimento médico foi negado. Elas afirmaram que a detenta tinha asma e precisava usar o inalador.

Elas afirmaram que uma carta foi enviada ao Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) denunciando a suposta negligência. No entanto, quando representantes do MPGO chegaram ao presídio, a mulher havia falecido. Elas disseram ainda que é comum detentas passarem mal dentro do presídio e serem negligenciadas pelos agentes. "Isso acontece sempre por lá, mas sempre abafam", disse uma delas.

Segundo o relato das testemunhas, a presidiária chegou a ajoelhar-se na frente da chefe de plantão da equipe de saúde e pedir que lhe dessem uma bombinha de ar, mas o pedido da mulher foi negado.

As testemunhas reforçaram que nenhum dos funcionários da equipe de saúde ajudaram a vítima, pois a ordem de ignorar a situação partiu da chefe da equipe de plantão médico. Ao serem trocadas as equipes de plantão, por volta das 8h30, a chefe da segunda equipe também teria ignorado a situação da detenta.

Após a chegada do MPGO, as testemunhas disseram que as chefes de plantão negaram que tivesse havido negligência e afirmaram que a detenta havia utilizado a bombinha de uma colega de cela.
Estagiário sob a supervisão de Guilherme Goulart