Cézar Feitoza - Especial para o Correio
postado em 27/11/2018 20:02
Ao fazer exames de rotina na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Núcleo Bandeirante, Wandir Galletti, 90 anos, foi vítima de uma cadeira frouxa que cedeu e o levou ao chão, nessa segunda-feira (26/11). Devido à queda, o paciente quebrou o fêmur e deve ser submetido a uma cirurgia.Wandir chegou à UPA por volta de 9h50, com a filha Maria Bernadete Galletti, 61, para receber ferro na veia, tratamento contra a anemia. Além do atendimento pontual, o senhor tem problemas renal e cardíaco. Neste mês, foi submetido a tranfusão de sangue, e a saúde estava mais fragilizada do que o normal.
Como de costume, Maria foi à recepção a fim de solicitar o atendimento, enquanto o pai sentava-se em uma das cadeiras da unidade. Desta vez, porém, o banco que Wandir sentou não estava firme e, ao se ajeitar, o assento girou, provocando a queda.
"Ficou uma situação estranha. O povo que estava lá começou a fotografar e a filmar. Em um primeiro momento, era só eu que tentava fazer alguma coisa. Liguei para o Samu e para os bombeiros, mas os dois disseram que não poderiam tirar ninguém da UPA para levar o meu pai ao hospital", relata Maria Bernadete.
Após as negativas, a ambulância da própria UPA encaminhou Wandir ao Hospital Santa Lúcia. O plano original era levá-lo ao Hospital de Base, mas a filha disse que ligava para o telefone da unidade e ninguém atendia ; não se sabia se o hospital teria leito para receber Wandir.
"Até agora, ele tomou medicação para dor, fez exames e está aguardando o risco cirúrgico. O ortopedista queria fazer a cirurgia o mais rápido possível, mas resolveram chamar o cardiologista. A situação é um pouco mais complicada do que o normal, ele é muito idoso, e os médicos têm de lidar com os outros problemas de saúde dele", lamenta a filha.
Uma das sobrinhas da vítima, que não quis se identificar, relata que os médicos, nesta terça-feira (27/11), tiveram de lidar com um impasse, na dúvida se encaminharia Wandir ao exame de colostomia. A decisão dos médicos foi não fazer o procedimento. "Ele está muito debilitado. Para o exame, ele precisaria ser sedado, mas corre o risco de ele não voltar da sedação. A cirurgia precisa ser feita, mas esses impasses têm de ser avaliados", conta a sobrinha.
Precariedade
A família registrou uma ocorrência na 29; Delegacia de Polícia (Riacho Fundo), denunciando a precariedade da estrutura física da UPA do Núcleo Bandeirante e a negativa ao atendimento pelo Samu. "O problema não é o atendimento do pessoal da UPA. Eles são muito gentis conosco. O que é revoltante é esse descaso: os profissionais sempre trabalham com o mínimo, no limite, é tudo precário", pontua Maria.
A Secretaria de Saúde informou, em nota, que, "imediatamente após o acidente, a equipe da UPA (enfermeiro e técnico) assistiu o paciente, que foi imobilizado e colocado em uma prancha. Ato contínuo, a UPA do Núcleo Bandeirante providenciou o transporte de Wandir Galletti ao hospital indicado por seus familiares".
A Direção de Atenção Secundária da Região de Saúde Centro-Sul da pasta acrescentou que, "há cerca de dois meses, todas as cadeiras da unidade passaram por manutenção, que incluiu troca de forro, substituição de parafusos e soldas. A Superintendência da Região de Saúde lamenta o ocorrido e deseja o pronto restabelecimento do paciente."