Erika Manhatys*
postado em 27/11/2018 20:59
A Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh) oferece mais de mil oportunidades de contratação. Publicado nesta terça-feira (27/11), no Diário Oficial do Distrito Federal, o edital contempla 1.884 vagas distribuídas em cargos de nível médio e superior, sendo que 1,5 mil são destinadas à formação de cadastro reserva e 314 são de provimento imediato.
Os salários, que variam de R$ 2,6 mil a R$ 3.599, e a jornada de trabalho, de 30h semanais, chamam a atenção de quem sonha com a carreira pública. Estudando há seis meses para a prova da Sedestmidh, João Pedro Queiroz, 23 anos, divide os esforços entre a vida de concurseiro e o mestrado. "Eu estudo seis horas por dia para a prova. Preciso dividir bem o meu tempo para conciliar com o mestrado. Eu esperava por essa oportunidade havia seis meses", conta.
O concurso é uma das principais oportunidades para os profissionais de assistência social, área pouco explorada na iniciativa privada. "Nós precisamos de contratações na setor público, porque o setor privado visa lucro, e programas sociais, de modo geral, são desempenhados pelo Estado. Dei sorte, porque acabo de me formar e terei a chance de entrar em um órgão destinado à assistência", afirma João Pedro.
Necessidade de contratação
O setor assistencial carece de contratações. O último concurso realizado pela Sedestmidh, principal pasta dedicada à assistência social, ocorreu há oito anos. Desde então, com o desfalque no quadro de pessoal, os atendimentos foram prejudicados. Neste ano, os servidores da secretaria entraram em greve e uma das principais demandas era a contratação de funcionários, como relembra Douglas Gomes, professor de políticas sociais do Gran Cursos Online. "O grande jargão na greve da Sedestmidh era o pedido de um novo certame e a ocupação das vagas disponíveis. Os centros de referência Crea e Cras estão desfalcados. Observa-se uma grande deficiência no quadro, sobretudo nas regiões periféricas", revela.
A terceirização dos serviços públicos, discutida por parte dos representantes políticos, não é uma opção considerada viável por Douglas. "Eu fico temeroso pela privatização da coisa pública. Eu observo muitas pessoas que deixaram a iniciativa privada para ingressar no funcionalismo público e que atuam pela vontade de servir ao próximo, à população. Somos servidores públicos para servir ao público", argumenta o professor.
Fábio Felix, também professor de políticas sociais do Gran Cursos Online, ressalta a necessidade urgente do ingresso de concursados para integrar o quadro assistencial da capital. "A pasta está bastante ausente de força qualificada há muitos anos. A entrada de servidores é muito esperada. A estrutura de políticas sociais é um dos mais importantes pilares da sociedade e não deveria ser levada com tanta precariedade", lamenta.
Além do incremento no quadro de pessoal, o setor precisa de uma revisão salarial. "Estamos lutando em conjunto com a sociedade para que nós, assistentes sociais, professores e profissionais da saúde, todos que prestam assistência à população, consigamos a atualização de salários, mas, principalmente, a contratação de servidores. São melhorias essenciais e muito urgentes", alerta Felix.
* Estagiária sob supervisão de Guilherme Goulart