Cidades

Novo secretário de Saúde assumirá cargo com compromisso de zerar filas

O farmacêutico Osnei Okumoto assumirá uma das pastas mais complexas da administração pública com a prioridade de reconstruir a rede hospitalar. Ele é secretário de Vigilância em Saúde do governo federal

Helena Mader, Alexandre de Paula
postado em 30/11/2018 07:00
Para Ibaneis Rocha, a experiência de Osnei Okumoto no governo federal pode facilitar a integração com o Executivo local por verbas do SUS
O farmacêutico Osnei Okumoto assumirá a Secretaria de Saúde a partir de janeiro. O governador eleito do DF, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou ontem o nome do atual secretário de Vigilância em Saúde do governo federal para o comando da pasta, considerada a mais estratégica do Distrito Federal. A escolha de Osnei, um mês depois da eleição, surpreendeu. Uma lista com os nomes de vários médicos circulava nas últimas semanas e foi apresentada ao futuro ministro da Saúde, o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS). Osnei contou com o apoio do atual chefe da pasta, Gilberto Occhi, e do ministro escolhido pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro. Ele terá as missões prioritárias de acabar com as filas de espera por cirurgias e de reconstruir a estrutura do sistema público de saúde.

Aos 56 anos, Okumoto tem graduação em farmácia e bioquímica pela Universidade Estadual de Maringá (PR). Ele é pós-graduado em Gestão de Hemocentros pela Universidade Federal de Pernambuco. Entre 1986 e 1991, foi primeiro-tenente farmacêutico do Exército e, de 1996 a 1999, presidiu o Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul. O farmacêutico comandou o setor de imunoematologia do banco de sangue do hospital universitário da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, chefiou a Divisão Médica do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Mato Grosso do Sul e foi responsável técnico pelo laboratório de Sorologia e Imunoematologia do Banco de Sangue da Santa Casa de Campo Grande.

O futuro secretário atua no governo federal há mais de dois anos. Em 2016, quando estava no comando do Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul, Osnei foi nomeado pelo então ministro da Saúde, Ricardo Barros, para exercer o cargo de coordenador geral de Laboratórios de Saúde Pública. Em abril deste ano, o farmacêutico assumiu a Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde.
A reavaliação do Instituto Hospital de Base será um dos desafios do novo secretário, assim como as filas em todas as unidades de saúde da capital federal, como no Hran
Ibaneis Rocha justificou a indicação para o cargo. ;É uma escolha técnica, uma pessoa que vai trazer melhorias para a saúde do DF. Ele é um grande conhecedor da gestão pública, com ampla experiência, conhece o Ministério da Saúde e os programas do ministério como ninguém, e vem com o apoio do atual e do futuro ministro da Saúde;, afirmou o emedebista. ;A saúde do DF, como a de outros locais, conta com verbas do SUS, e a gente precisa dessa integração para trazer melhorias;, acrescentou.

Segundo Ibaneis, após a conversa com Osnei, ficaram definidas quais serão as medidas emergenciais a partir de 1; de janeiro de 2019 para a área da saúde. ;Estabeleci que as prioridades são: zerar as filas de hospitais e reconstruir toda a nossa rede hospitalar. Vamos fazer parcerias, zerar as filas de exames e de cirurgias, seja na área ortopédica, de cataratas, ou de coração. O nosso objetivo é montar um grupo muito forte para apoiar o nosso secretário e vamos trabalhar integrando todas as categorias de todas as carreiras;, argumentou o governador eleito.

Ibaneis indicou, ainda, outra característica de Okumoto, que, segundo ele, foi fundamental para a escolha. ;Esse secretário está imune à corrupção, é reconhecidamente uma das pessoas mais honestas na área da saúde neste país;.

Especulações

Desde o dia seguinte ao segundo turno das eleições, especula-se sobre a definição do futuro secretário de Saúde. Ibaneis prometeu um anúncio rápido para a área, mas recuou e decidiu consultar representantes de sindicatos, ex-secretários de Saúde e representantes do governo federal. A opção foi por montar um grupo de trabalho de transição para atuar em articulação com os atuais integrantes da cúpula da saúde.

Entre os apontados como potenciais secretários de Saúde de Ibaneis estavam o médico do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) Adriano Guimarães Ibiapina; o vice-presidente do Sindicato dos Médicos do DF (SindMédico), Carlos Fernando da Silva; e o secretário executivo do Ministério da Saúde Adeilson Loureiro.
Paciente dorme em chão de hospital
Ibiapina era o nome preferido do ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR), com quem Ibaneis reuniu-se algumas vezes desde a eleição para debater o futuro da rede pública do DF. Frejat disse não ter sido consultado sobre a escolha de Osnei. ;Não conheço, nunca ouvi falar, não tenho a menor ideia de quem seja. Mas, se estiver interessado em melhorar o sistema público e em investir na atenção primária, terá o meu apoio;, disse Frejat. ;Eu só quero que a coisa ande;, acrescentou o médico aposentado.

Entre os desafios do futuro secretário de Saúde está a busca de uma solução para o Instituto Hospital de Base. Durante a campanha, Ibaneis Rocha prometeu extinguir o atual modelo de gestão da unidade, a maior da capital federal, que foi implementado pelo governador Rodrigo Rollemberg. Ainda não está definido qual será a nova forma de administração, o que deve ser debatido com a participação de Osnei.

"Estabeleci que as prioridades são: zerar as filas de hospitais e reconstruir toda a nossa rede hospitalar. Vamos fazer parcerias, zerar as filas de exames e de cirurgias, seja na área ortopédica, de cataratas, ou de coração. O nosso objetivo é montar um grupo muito forte para apoiar o nosso secretário e vamos trabalhar integrando todas as categorias de todas as carreiras"
Ibaneis Rocha, governador eleito do Distrito Federal

Sucessão

Osni vai substituir Humberto Fonseca, que está no cargo desde abril de 2016. Desde que Rollemberg assumiu o posto, três secretários se sucederam no comando da saúde. O primeiro a assumir a pasta foi o médico João Batista de Sousa, que pediu exoneração do cargo em julho de 2015. O consultor do Senado Fábio Gondim sucedeu Batista, mas ficou à frente da saúde menos de um ano.

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