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João de Deus reaparece após denúncias, é aplaudido por fiéis e passa mal

'Sou inocente e acredito que a verdade aparecerá. Isso nunca aconteceu aqui', disse. Esta é a primeira aparição de João de Deus em Abadiânia após a acusação de abuso sexual

Otávio Augusto - Enviado especial
postado em 12/12/2018 10:10
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Abadiânia (GO) ; Por volta das 9h40 desta quarta-feira (13/12), o médium João de Deus, que é acusado de abuso sexual, chegou a Abadiânia para atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola. Minutos depois, ele deixou o local amparado por advogados, funcionários e pessoas que se identificaram como médicos, segundo os quais ele passou mal durante o início dos trabalhos espirituais. Esta é a primeira aparição de João de Deus em Abadiânia após denúncias de abuso sexual contra pacientes virem à tona.
Seguranças e funcionários do centro espírita impediram que repórteres, fotógrafos e cinegrafistas se aproximassem do médium. Cerca de mil pessoas foram à Casa Dom Inácio acompanhar os trabalhos do médium. "Agradeço a Deus a possibilidade de mais uma vez estar aqui", disse, antes de entrar na sala de cirurgias espirituais. Os devotos aplaudiram. Muitas pessoas choraram e precisaram ser amparadas por familiares e funcionários do centro espírita.

Já dentro da casa, o médium goiano disse que está à disposição da Justiça brasileira. "Irmãos e minhas queridas irmãs, agradeço a Deus por estar aqui. Quero cumprir a lei brasileira. Estou nas mãos da Justiça. O João de Deus ainda está vivo", declarou.

Ele ficou apenas cerca de oito minutos em seu centro espiritual. Ao deixar o local, o médium rebateu as acusações de abusos de sexual, antes de entrar em um carro branco. "Sou inocente e acredito que a verdade aparecerá. Isso (abusos) nunca aconteceu aqui", disse, rapidamente. Mais de 200 mulheres já denunciaram supostos assédios.

"Ele foi embora porque não teve condições de incorporar. Ele está medicado e precisa de momentos de paz e tranquilidade para realizar o trabalho espiritual. Esperamos que, na parte da tarde, ele consiga se restabeler e voltar a atender normalmente", disse Cláudio Prujar, voluntário da Casa Dom Inácio que ficou responsável por atender a imprensa.
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Agressões

Repórteres e cinegrafistas foram agredidos com socos e até mordidas durante a chegada de João de Deus. Alguns fiéis ameaçaram os profissionais de imprensa. "Vocês terão câncer e voltarão todos aqui para se curar. Você se arrependerão do que estão fazendo", gritava uma mulher. "Lamentamos o que aconteceu, não é de nosso costume, mas foi uma situação que saiu do controle", comentou Prujar.

Pela manhã, os atendimentos aconteceram com outros médiuns da corrente. Preces e orações iniciaram o ritual. Depois, uma ajudante do centro espírita separou os fiéis entre aqueles que visitavam o local pela primeira vez, aqueles que estavam ali pela segunda vez e, finalmente, aqueles que passaram por cirurgias espirituais há mais de oito dias.

Explicações

A todo momento, era pedido que se fizesse silêncio e que os celulares e máquinas permanecessem desligados. Parte da equipe ficou responsável por esclarecer as denúncias de abuso sexual. "São falas infundadas, sem provas, isso nunca aconteceu aqui", disse, em francês, uma recepcionista a uma turista.

Em outro momento, um homem conversava com um casal de americanos. Eles questionavam a conduta de João de Deus. "Acreditamos no poder mágico deste lugar, sabemos de muitas curas, mas, se isso for verdade, será muito ruim para todos;, reclamavam os estrangeiros.

O funcionário repudiou as acusações. "Jamais isso aconteceu aqui. Confiamos na conduta do médico. Vocês sabem, vocês conhecem o nosso trabalho. Aqui são distribuídos amor e caridade;, afirmou. "Não é possível que essa gente não perceba o que ocorre aqui. Este é um local sagrado, de energização;, ponderou.

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