Augusto Fernandes
postado em 17/12/2018 13:51
Pouco mais de dois anos após decretar estado crítico de escassez hídrica no DF, a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) anuncia o fim do estado crítico na tarde desta segunda-feira (17/12). Presidente do órgão, Paulo Salles convocou uma coletiva de imprensa para às 15h, quando vai detalhar os motivos de revogar a situação de risco.
A Adasa declarou o estado de alerta em 16 de setembro de 2016. Em um documento divulgado na data, a agência explicou que a medida era estabelecida sempre que o nível diário de volume útil dos reservatórios de Brasília fosse igual ou inferior a 40% ; naquele dia, o reservatório do Descoberto estava exatamente com 40% da sua capacidade.
[SAIBAMAIS]A partir do documento, a Adasa estabeleceu uma série de medidas para conter os impactos da crise hídrica no DF, como a redução da pressão dinâmica nas redes de distribuição de abastecimento de água no período das 22h às 5h. Além disso, a agência pediu que a população deixasse de usar a água fornecida pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) para atividades como: lavagem de veículos, garagens, calçadas, fachadas prediais, irrigação paisagística e manutenção de piscinas.
A situação crítica de escassez era válida para os reservatórios do Descoberto e de Santa Maria, principais sistemas de abastecimento de água de Brasília. Segundo a Adasa, a situação iria perdurar "durante o período necessário para que sobrevenha a recarga dos sistemas, com garantia da manutenção de patamares de segurança hídrica". A última medição da agência, feita nesta segunda-feira, indica que o reservatório do Descoberto está com 96,9% do seu volume útil, enquanto o de Santa Maria, com 62,8%.
Racionamento durou 513 dias
Entre 16 de janeiro de 2017 e 14 de junho de 2018, o Distrito Federal passou por um racionamento de água. Durante o tempo de restrição hídrica, as regiões administrativas do DF ficavam no mínimo 24 horas sem água a cada seis dias. Neste período, mesmo com a implementação da medida, o nível das barragens caiu ao longo de 2017. Em novembro, o reservatório do Descoberto chegou a 5,3% da capacidade total, e o de Santa Maria marcou 21,9%, os piores índices da história.
Mesmo assim, no ano passado, o consumo de água no Distrito Federal diminuiu 12% em comparação a 2016. Antes do racionamento, a média de uso de água era de 147 litros diários por pessoa. Em 2017, o número caiu para 129. O rodízio de cortes também impactou as contas da Caesb. Com a diminuição do consumo de água, o faturamento da empresa também caiu. O caixa em 2017 fechou com R$ 110 milhões a menos do que no ano anterior.
Para controlar os efeitos da escassez hídrica, o Governo do Distrito Federal investiu mais de R$ 500 milhões durante a crise. O valor foi aplicado em obras de captação do Lago Paranoá, Bananal, transposição para o Rio Descoberto e a construção do sistema Corumbá, que deve fornecer 2,8 mil litros por segundo. Desse valor 1,4 mil l/s deve ser destinado ao DF e o restante para Goiás.