Caroline Cintra
postado em 18/12/2018 06:00
Apesar do período de crise financeira, feirantes do Distrito estimam um aumento entre 3% e 5% nas vendas deste fim de ano, em relação ao mesmo período de 2017. Acreditando que os clientes, com pouco dinheiro, não abrem mão de uma lembrancinha para os parentes e amigos, eles abasteceram as bancas com produtos mais baratos do que a média do ano anterior. Mas os compradores ainda não apareceram. A esperança está depositada nesta semana, véspera de Natal.
;No último fim de semana, a feira teve bastante movimento de pessoas, mas elas ainda estão apreensivas em gastar. Acho que em virtude da situação econômica por que o DF passa;, afirmou o presidente da Associação dos Feirantes da Feira do Guará, Cristiano Jales. Conselheiro e economista do Conselho Regional de Economia do DF (Corecon-DF), Guid Borgongne diz que os consumidores estão cautelosos em relação à troca de governos. ;As pessoas ficam mais sensíveis, é normal. Não se vende tanto, mas se vende. O movimento nos comércios em geral neste fim de ano terá uma dependência maior do servidor público;, ressalta Borgongne.
Dona de uma banca de calçados na Feira do Guará, Suênia Severo, 42 anos, está recesosa com o movimento de dezembro. Apesar de a feira estar sempre cheia de possíveis clientes, o público tem ido mais para passear e pesquisar os preços, segundo ela. Para atrair a clientela, Suência recorreu à promoção de peças antigas. ;São produtos que ficam muito tempo parado e, se a gente não der um desconto, vai ser prejuízo. Mas já coloquei mercadoria nova e estou otimista com os próximos dias. Se eu vender ao menos o que comprei, já compensa;, disse Suênia.
Mais barato
De acordo com a Associação de Feirantes da Feira do Guará, os clientes têm procurado mais lembrancinhas para amigos e familiares de, no máximo, R$ 150. A servidora pública Flávia Carvalho, 37, aproveitou um dia de folga para comprar as roupas de Natal e ano-novo. Para ela, os preços estão bons e comprou para toda a família. ;Comprei roupa para mim, minha filha e meu marido. Aproveitei para comprar lembrancinhas para os meus sobrinhos e meu cachorro. Ele também merece entrar no clima natalino;, brincou.
Outro ramo que tem lucrado nesse período é o de alimentação. A procura por frutas da estação, castanhas, uva-passa, entre outros que fazem parte da ceia de Natal, tem se destacado. ;A gente trabalha com produtos que as pessoas usam muito no fim de ano, então nosso lucro é bom. Mas acho que dá para melhorar. A expectativa é de que, a partir do dia 20, as vendas fiquem ainda melhores;, comenta Adeílson dos Reis, 36, dono de uma banca de oleaginosas na Feira do Guará.
Alguns expositores da Feira dos Goianos mudaram o tipo de mercadoria para tentar lucrar neste fim de ano. A feirante Elivany Nunes, 25, por exemplo, trocou as peças de roupas femininas, que vendia de R$ 70 a R$ 90, por outras mais simples, oferecidas a R$ 20. ;Os clientes esperaram pela Black Friday nos shoppings para gastar. Além disso, hoje, acham as roupas de feira mais caras. As pessoas não buscam mais qualidade, mas sim preço baixo;, comentou Elivany.
Com boas expectativas de vender roupas de banho, devido à chegada da temporada de férias, a feirante Fernanda dos Santos, 30, contou que a venda caiu desde o início de dezembro. ;Geralmente é uma das épocas que a gente vende mais, porque as pessoas viajam mais para as praias. Não sei se ainda este ano vamos vender. Agora estamos apostando em janeiro. Acho que vai melhorar;, declarou.
Material escolar
A gerente do Armarinho Piauí, na Feicenter, Daiana de Sousa, 35, afirma que este está sendo o melhor período de vendas do ano. Em relação a 2017, suas vendas aumentaram 10%. Mas ela espera que 2019 seja ainda melhor. Apesar de o carro-chefe do estabelecimento ser material escolar, ela afirmou que muitos pais aproveitam para comprar tudo no fim do ano para viajarem tranquilos.
;Eles já resolvem tudo para quando voltarem, voltar sem preocupação. Assim eles aproveitam todo o dinheiro nas férias. Isso está cada vez mais comum. É um bom período pra gente. Claro que o início do ano é ainda melhor, mas não tenho do que reclamar agora;, explicou Daiana.