Danilo Queiroz - Especial para o Correio
postado em 21/12/2018 16:44
O governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg (PSB) exonerou na tarde desta sexta-feira (21/12) o administrador regional de Santa Maria, Hugo Gutemberg, 34 anos, por envolvimento em um esquema ilegal de venda de terrenos que deveriam ser repassados por programas habitacionais do Governo do Distrito Federal (GDF) na cidade. A ação fraudulenta foi revelada pela operação Alto Comando, deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) em parceria com o Ministério Público (MPDFT) para investigar a atuação do grupo criminoso.
Durante a manhã, o administrador já havia sido alvo de mandados de busca e apreensão. Procurada pelo Correio para comentar o caso, a administração de Santa Maria confirmou que a PCDF esteve no local às 6h. Por meio de nota, a região administrativa afirmou estar prestando apoio para colaborar com as investigações da PCDF. ;Caso sejam apurados atos ilícitos por parte de servidores, eles serão devidamente responsabilizados;, garantiu. Uma entrevista com Gutemberg foi negada sob a alegação de que ;ele não poderia se defender de algo que não fez;.
Mais cedo, Gutemberg havia publicado um vídeo em suas redes sociais dizendo ter sido "surpreendido" pelo comparecimento da Polícia Civil na Administração Regional. Enquanto conversava com os policiais, o administrador da cidade prometeu tomar as ações necessárias para cooperar com a operação. "Após a conclusão do caso, se for constatado que houve participação de qualquer servidor da administração, nós vamos puní-lo conforme manda a lei", disse na postagem.
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Tenente-coronel dos bombeiros assume administração
O substituto de Gutemberg na administração de Santa Maria será Alexson Vales Leite. Ele é tenente-coronel do Corpo de Bombeiros da reserva e Subsecretário de Desenvolvimento Regional e Operações da Secretaria das Cidades. Segundo a Subsecretaria de Relações com a Imprensa, os outros servidores serão exonerados à medida que seus nomes se tornarem públicos.%u200B%u200B
Ex-servidores da Companhia Habitacional do DF (Codhab), Oséias Ribeiro de Souza e Rutielle Matos de Paula, também foram alvo de buscas. Mais cedo, quatro pessoas havia sido presas temporariamente: dois corretores de imóveis, um funcionário do quadro da administração de Santa Maria e um outro que, apesar de não prestar serviços de forma oficial para a regional, possuía ;poderes administrativos; para indicar servidores a serem nomeados pelo administrador.
Segundo as investigações da Polícia Civil e do MPDFT, o grupo agia em conluio com membros de cooperativas e associações, corretores de imóveis e servidores da Codhab para praticar as vendas ilegais das unidades. Mais de 200 lotes de programas habitacionais localizados QR 119 foram negociados por cerca de R$ 70 mil reais cada.
Unidades do Programa de Promoção do Desenvolvimento Econômico Integrado e Sustentável do DF (Pró-DF) também faziam parte do esquema e eram oferecidas por valores entre R$ 800 mil e R$ 3 milhões. A investigação identificou ainda contratação de funcionários fantasmas, uso de bens públicos em benefício particular, captação ilícita de apoio político e ocultação e dissimulação de bens e valores.
O nome da operação é uma referência ao fato de os investigados se intitularem membros de um grupo conhecido como "Alto Comando de Santa Maria".