Cidades

Ibaneis busca R$ 300 milhões com governo federal para gastos na saúde

Relatório da equipe de transição aponta deficit de R$ 2,6 bilhões em uma das áreas mais carentes do DF. Após participar da posse do ministro da Saúde, o governador tentou garantir recursos além dos R$ 110 milhões para a recuperação de hospitais

Alexandre de Paula, Jéssica Eufrásio
postado em 03/01/2019 06:00
Relatório da equipe de transição aponta deficit de R$ 2,6 bilhões em uma das áreas mais carentes do DF. Após participar da posse do ministro da Saúde, o governador tentou garantir recursos além dos R$ 110 milhões para a recuperação de hospitais
Depois de peregrinar por diversos órgãos federais em busca de recursos na fase de transição, o governador Ibaneis Rocha (MDB) começou a se aproximar do governo recém-empossado de Jair Bolsonaro (PSL). Ontem, o emedebista esteve no Ministério da Saúde para prestigiar a cerimônia de transferência de cargo ao novo ministro da pasta, o médico e ex-deputado federal Luiz Henrique Mandetta. Ibaneis foi o único governador a compor a mesa da solenidade, junto a outros ministros de Bolsonaro, com os quais também se reuniu antes de tomar posse.

Desde que ganhou as eleições, o emedebista tem estreitado a relação com representantes da pasta. Por meio de tratativas com o então ministro da Saúde, Gilberto Occhi, e Mandetta, Ibaneis conseguiu ontem a garantia de R$ 110 milhões em recursos do governo federal para a reforma de cinco hospitais na capital federal. Occhi, que também é advogado, assumirá a Agência de Desenvolvimento de Brasília (Terracap).

Ainda no mês passado, o governador reuniu-se com Mandetta para apresentar os nomes cotados para assumir a Secretaria de Saúde. Em conversas reservadas com o novo ministro antes da solenidade de ontem, Ibaneis reforçou o pedido para que o órgão encaminhe ao DF R$ 300 milhões do total de recursos que o governo federal disponibilizará para gastos com a saúde nas 27 unidades federativas. De acordo com o relatório final da transição, o rombo na área de saúde chega a R$ 2,6 bilhões. Segundo o documento, cerca de 1 mil leitos e 34 salas cirúrgicas foram fechados nos últimos quatro anos. Além disso, as unidades de saúde sofrem com a falta de pessoal, equipamentos e insumos.

Durante discurso de agradecimento, Mandetta aproveitou para cumprimentar Ibaneis e, em nome dele, pediu apoio dos governos estaduais e municipais para construir um sistema de saúde em ;plena potencialidade;. Ibaneis comentou que participou do evento não só para prestigiar Mandetta, mas porque a área de saúde é uma das prioridades da gestão. ;Acredito que ele nos ajudará muito no Distrito Federal. Conto com toda a Esplanada e irei atrás de todos eles (ministros). Como não tenho tempo para estar em todas as trocas de comando, escolhi a dele diante daquilo que, para mim, é prioritário no DF;, ressaltou Ibaneis.

Depois da solenidade, o emedebista elencou algumas das primeiras medidas adotadas no novo governo. Entre elas está o SOS DF, que englobará uma série ações emergenciais nos setores da saúde, infraestrutura e rural. Na área da saúde, Ibaneis garantiu a assinatura de um decreto que permitirá a gratificação para médicos aposentados que voltarem às atividades. O governador estima que os vencimentos serão de R$ 8 mil a R$ 10 mil para cada 20 horas de trabalho. ;Existem recursos nessas áreas e todas as reuniões aconteceram com a Secretaria de Fazenda. (As ações) devem custar em torno de R$ 40 milhões;, afirmou.

Distribuição


Para a saúde, o emedebista anunciou o início de um mutirão de cirurgias eletivas, a partir de segunda-feira, com foco em pacientes com problemas ortopédicos e cardíacos, além do atendimento a pessoas com câncer, principalmente de medula óssea. ;Toda a parte da saúde está organizada com medidas de liberação de horas para funcionários que queiram trabalhar em horário extra, fazendo novas cirurgias, e no horário noturno também, no qual há capacidade ociosa na área da saúde;, declarou Ibaneis.

Na área da segurança pública, a remuneração para trabalho extra realizado em dia de folga será nivelada entre as polícias Civil e a Militar, segundo o governador. Ele comentou que o valor será de R$ 400 e que os policiais civis aposentados que quiserem retomar as atividades receberão R$ 2,5 mil como gratificação. ;(Faremos) de modo que, em um prazo rápido, tenhamos delegacias reabertas e mais policiais nas ruas;, ressaltou Ibaneis.

Primeiras horas


Ontem, primeiro dia de trabalho após a posse, Ibaneis chegou ao Palácio do Buriti às 9h42. Sem sair do carro, abriu o vidro e, sorridente, acenou para os jornalistas, que não tiveram acesso às reuniões pela manhã. Ainda não foram divulgadas imagens do novo gabinete, organizado ao gosto de Ibaneis. Na sede do GDF, o emedebista tratou de atos de gestão de governo, como nomeações e prioridades do programa SOS DF (leia abaixo).

Diversos secretários estiveram no Buriti pela manhã para o primeiro dia de expediente. Além das conversas iniciais, a ideia era de que os nomes do primeiro escalão começassem a se ambientar nas novas funções. O vice-governador, Paco Britto (Avante); o secretário de Fazenda, André Clemente; a chefe de gabinete, Kaline Gonzaga; e o chefe da Casa Civil, Eumar Novacki, foram alguns dos primeiros a chegar ao Buriti.

À tarde, Ibaneis participaria de reunião com a nova equipe de secretários. Mas o governador teve outros compromissos fechados e, com o atraso na solenidade do Ministério da Saúde, não pôde comparecer. O encontro foi comandado por Paco Britto, assim como ocorreu em outras ocasiões na transição.

Impasses na saúde


A equipe de transição do governador Ibaneis Rocha (MDB) elencou nove problemas da área de saúde do Distrito Federal que precisam de atenção. Confira:

; 3,4 mil notificações de dengue e 1 mil casos confirmados

; Redução média da cobertura vacinal de 7% para 15% nos últimos cinco anos

; 2.832 servidores da saúde de licença médica por mês

; Previsão de deficit orçamentário para 2019 de R$ 2,6 bilhões

; Cerca de mil leitos e 34 salas cirúrgicas fechadas nos últimos quatro anos

; Relatos de teto caindo e equipamentos parados por falta de manutenção básica

; Cerca de 40% dos insumos hospitalares em falta

; Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) desaparelhadas, com falta de pessoal e equipamentos

; 23 remédios em falta nas Farmácia de Alto Custo.

Fonte: Relatório final do Governo de Transição do Distrito Federal (2019-2022)

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