Cidades

Octogonal: casal suspeito de agredir menino será indiciado por vias de fato

Crime é mais leve que lesão corporal. Polícia Civil também deve indiciar suspeitos por constranger o próprio filho

Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 03/01/2019 13:10

Entrada do condomínio onde ocorreu a agressão

O casal suspeito de agredir uma criança de 6 anos, em um condomínio fechado da Octogonal, em dezembro passado, será indiciado por vias de fato ; quando há uma agressão física que não causa lesão corporal ; e por submeter o filho a constrangimento. O inquérito deve ser finalizado na próxima semana.


O caso aconteceu na tarde de 9 de dezembro, um domingo. Após um acidente na quadra de esportes do condomínio, o suspeito, acreditando que a vítima tivesse derrubado seu filho, a segurou para que o menino desse um tapa na cara da criança. Depois, a mulher empurrou e derrubou o menino no chão. Tudo foi captado por câmeras de segurança.

Após analisar as imagens e ouvir testemunhas, a Polícia Civil do Distrito Federal decidiu enviar à Justiça as acusações de constrangimento e vias de fato. Para a polícia, ao ordenar que o filho agredisse outra criança, o pai o constrangeu. Já o crime de vias de fato é considerado menos grave que a lesão corporal, e gera uma pena de 15 dias a três meses de prisão simples.
O advogado responsável pela defesa do casal, Everardo Braga Lopes, ressalta que ainda não foi comunicado sobre o andamento do inquérito. ;Não posso fazer nenhum comentário de uma situação que não conheço. Posso dizer que os meus clientes estão abalados e traumatizados;, lamentou.
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Relembre o caso

O caso se tornou público após o site do Correio exibir as imagens das agressões. O vídeo mostra meninos e meninas jogando futebol na quadra na tarde de domingo, quando o garoto cai ao lado de outro, bate o rosto no chão, levanta sai de cena. Minutos depois, ele volta com o pai, que segura uma sandália. Em seguida, as agressões começam.

Após o ocorrido, o caso gerou grande repercussão e moradores do lugar realizaram reuniões para impedir que os pais agressores entrassem no complexo residencial. Eles moram em Águas Claras e, no dia do incidente, estavam na casa dos pais da mulher. No fim de semana após o ocorrido, um ato pedindo paz também foi realizado no condomínio.
Investigação

O caso ficou a cargo da delegada-adjunta da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Patrícia Bozolan. À época, ela afirmou ao Correio que as imagens "são inquestionáveis e inequívocas quanto à ação do pai e da mãe da outra criança durante as agressões". A reportagem tentou contato novamente com a investigadora, mas não conseguiu retorno até a última atualização desta reportagem. O Conselho Tutelar também colheu depoimento dos familiares da vítima e dos agressores.

Dias após a agressão, a defesa do casal se manifestou, em nota, sobre o caso. Segundo o texto, os pais se depararam com o filho com o "rosto deformado" e "foram tomados por violenta emoção, que desencadeou na fatalidade". Na tentativa de esclarecer o fato, o advogado afirma que os pais são pessoas comuns. "Não se tratam de pessoas violentas, com passagens pela polícia ou vida dedicada à prática criminosa, mas pessoas comuns, pais de família, trabalhadores, cidadãos respeitados, que sempre buscaram dar uma boa educação para seus filhos pautada no diálogo e respeito para com o próximo."

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