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VLT Brasília - Valparaíso (GO) terá capacidade de 389 passageiros

Dois vagões chegam ao Distrito Federal na segunda quinzena de janeiro para o início da fase de testes do transporte de passageiros

Cézar Feitoza - Especial para o Correio
postado em 04/01/2019 22:05
Linha férrea liga Brasília a Santos (SP), passando por Goiás e Minas Gerais até chegar a São PauloO Governo Federal articula, junto com a Secretaria de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Distrito Federal, o início dos testes do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que ligará Brasília a Valparaíso (GO). São dois vagões, com capacidade para transportar 389 passageiros, que chegarão do Recife (PE) a capital federal na segunda quinzena de janeiro para entrar nos trilhos e passar por avaliação durante 30 dias.

A ideia, segundo o secretário de Desenvolvimento da Região Metropolitana, Paulo Roriz, é de que o VLT passe por testes no primeiro mês após a chegada dos vagões até começar a transportar passageiros. "No fim de fevereiro, entraremos no período de cinco meses de avaliação do transporte com passageiros. Se a população e o governo do DF aprovarem, passaremos para a consolidação do trecho no DF", conta Roriz.

A chegada do VLT é possível graças a reformas feitas nos dormentes dos trilhos da Ferrovia Centro Atlântica, que liga as duas cidades até o Porto de Santos, passando por Goiás e Minas Gerais até chegar no estado de São Paulo. Hoje, sobre os trilhos, trens com cargas - soja e areia, principalmente - chegam com destino ao DF diariamente.

"Como vai proceder o transporte de passageiros nós ainda não sabemos. Faltam detalhes técnicos para aprovarmos junto ao Governo Federal", relata Paulo Roriz. Haveria uma reunião para a resolução de pendência entre a pasta do DF, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), ligada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) nesta sexta-feira (4/1), mas a transição do Governo Federal ainda não se consolidou e o encontro teve de ser adiado.

O VLT terá velocidade de aproximadamente 70km/h e ajudará a desafogar o trânsito da região sul do DF. Inicialmente, ele fará duas viagens por dia: pela manhã, sairá de Valparaíso rumo à Rodoferroviária; à tarde, retornará ao município goiano. Estima-se que os passageiros do transporte ferroviário gastem 30 minutos no traslado entre as cidades. De ônibus, o trajeto de 37 km pode levar até 1h, devido aos engarrafamentos na Epia Sul e BR 040.

Projeto antigo


Inicialmente, projeto ligaria Brasília a Luziânia (GO)"No mundo todo é assim: o modal principal - chamado de troncal - é o metroferroviário. Os outros são alimentadores. A intermodicidade, que é o modal rodoviário interagindo com o modal ferroviário, é fundamental. Mas o Brasil se desenvolveu às avessas, o modal principal é o rodoviário", entende Marcelo Dourado, ex-presidente da Companhia do Metropolitano (Metrô-DF). Quando diretor da Superintendência do Desenvolvimento do Centro Oeste (Sudeco), do extinto Ministério da Integração Nacional, em 2011, foi esse pensamento que o movimentou para a criação do projeto do trem de passageiros que ligaria Brasília a Luziânia (GO).

Em dois anos, Marcelo realizou estudos de viabilidade técnica e financeira e viu que seria possível a consolidação do transporte de passageiros entre as cidades pelos trilhos da Ferrovia Centro Atlântica. Entretanto, o plano foi engavetado com o passar do tempo. "Não sei ainda muito bem o porquê do projeto não ter saído do papel àquela época. O importante, agora, é que o VLT vai chegar".

Apesar do projeto inicial chegar a Luziânia, o CBTU, a ANTT e o GDF vão reduzir o trajeto até Valparaíso, por causa da viabilidade técnica, indica Paulo Roriz. "O trilho, em Luziânia, não fica tão perto da cidade. A adesão da população será menor no município. Em Valparaíso não, a linha férrea passa dentro da cidade", esclarece.

Entretanto, a ideia é estender o alcance do VLT até o quinto município mais populoso de Goiás nos próximos anos. "Isso demanda tempo. Mesmo que o governador tenha o maior interesse, isso não é um processo rápido. É um processo que exige a formulação de normas técnicas, de instalação de novos trilhos", indica.

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