Cidades

Moradora do Gama, pequena bailarina ganha bolsa para estudar em NY

Com 12 anos, Júlia Carneiro Bezerra é uma das cerca de 40 bailarinas do mundo inteiro a participar do curso de verão da American Academy of Ballet

Mariana Machado
postado em 13/01/2019 08:00
Os treinamentos de Júlia eram de seis horas semanais, divididas entre balé e jazz Tutus, sapatilhas e collants. Tudo isso faz parte do universo da bailarina Júlia Carneiro Bezerra, 12 anos. A brasiliense, moradora do Gama, conquistou, com muito esforço e treino, o que poucas da idade dela conseguiram: uma das cerca de 40 vagas para o curso de verão da American Academy of Ballet de Nova York. A partir de julho, ela passará 15 dias praticando com bailarinas do mundo inteiro.

O caminho na dança clássica começou cedo. Desde os 3 anos, Júlia participava de aulas, primeiro nas escolas e mais recentemente no Sesc do Gama, onde treina desde 2013. De olho no talento dela, a professora Leila Costa, 39, incentivou a menina a se inscrever para as audições, que ocorreram em novembro do ano passado. ;Todos os anos representantes da academia vêm ao Brasil selecionar dançarinos para o curso. Eu soube que estariam em Taguatinga e perguntei se a Júlia não queria participar;, recorda a professora.

A princípio, a menina ficou insegura, achando que teria de mudar de país se fosse aprovada. ;Meus pais nem deixaram, mas, depois que a Leila explicou que era só por um tempo, eles concordaram;, comenta Júlia. O problema foi que ela decidiu em cima da hora. Faltavam apenas 15 dias para as audições e precisou correr contra o tempo. ;Treinamos bastante e eu peguei pesado mesmo. Focamos em condicionamento físico, resistência e flexibilidade;, declara a professora.

Os treinamentos eram de seis horas semanais, divididas entre balé e jazz, e todo o esforço valeu a pena. Passaram-se dois meses até que a resposta da academia chegasse, por e-mail. ;Assim que ela soube, me ligou eufórica para contar tudo. Como demorou muito, ela estava pessimista, mas deu tudo certo;, disse Leila. ;A Júlia me deu um novo gás. Para mim, fica uma sensação de dever cumprido, de ter feito o trabalho direito;, disse a professora, que agora espera aprovar mais alunas para cursos internacionais, como o famoso Ballet Bolshoi.

Apoio dos pais

Bruno Bezerra e Lucirene Carneiro não perdem uma apresentação da filha Orgulho, alegria e preocupação se misturam nos corações dos professores Lucirene Carneiro, 49, e Bruno Bezerra, 44, pais de Júlia. A dupla não perde uma apresentação da filha e coleciona um grande acervo de fotos e vídeos da menina em apresentações. A mãe conta que a aprovação para o curso nos Estados Unidos foi uma surpresa e eles, agora, têm de decidir quem vai acompanhá-la na viagem. ;Na família, muita gente já se voluntariou, mas ainda vamos ver como vai ser;, comenta.

De olho em cada detalhe, a mãe se certifica de que a meia-calça não está rasgada, que o tutu está no lugar e que o collant não está torto. ;A gente faz com amor. Sabemos o quanto é importante apoiar o filho no que ele gosta;, declara. Ver a menina brilhando nos palcos é, para Lucirene, um sonho realizado.

Parte do apoio é viver com Júlia os mesmos sentimentos. ;É um estresse muito grande, ela deixa a gente louco. Ela se preocupa demais em fazer as coreografias direito e isso contagia;, comenta a mãe. Nos espetáculos, a família quer gritar e comemorar cada acerto, mas a menina não permite. ;Eles me matam de rir e eu perco a concentração;, explica a bailarina.

Os dois acompanham de perto o desempenho da filha, preocupados com a segurança da menina e com o desempenho escolar. ;Mantemos um diálogo aberto sempre. Ela é muito boa aluna, tira notas excelentes e, no balé, nunca falta. Ela é dessa área da arte e a gente vai dando corda;, orgulha-se o pai. Bruno admite que é gratificante ver os resultados que Júlia tem conquistado. ;Ela é resolvida. Isso que está acontecendo é uma consequência de quem ela é mesmo. Não é apegada, ela é do mundo;, resume.

Por enquanto, o balé é apenas um hobby para a garota, que pensa em ser veterinária. ;Está longe para decidir, mas não penso em viver da dança. É muito difícil. Hoje, é uma diversão. Até na escola, entre uma aula e outra, treino os passos na sala;, conta. Mas, até chegar a hora de escolher uma profissão, ela e os pais vão aproveitando.

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