Alexandre de Paula
postado em 15/01/2019 06:00
Drones, 360 agentes de vigilância e 400 bombeiros farão parte de uma ofensiva do GDF para prevenção e combate à dengue. A força-tarefa, que contará ainda com apoio de administrações regionais, foi anunciada ontem pelo secretário de Saúde, Osnei Okumoto, e tem como principal objetivo evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, e reduzir a quantidade de casos no Distrito Federal.
Uma das medidas que mais chamam a atenção entre as propostas do programa é a utilização de drones do Corpo de Bombeiros para a avaliação de lotes fechados que possam oferecer risco de contaminação e de presença do inseto. Como não há legislação específica para esse fim, a ideia está em fase de análise, e o governo precisará criar regulamentação para colocar a proposição em prática.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Emilson Ferreira, explica que o aparelho de imagens aéreas será utilizado somente em casos em que haja suspeita de abandono dos lotes. ;Apenas uma pessoa verá as imagens, porque pode achar algo inapropriado. As imagens serão, logo depois, apagadas. A intenção é só analisar se há focos do mosquito;, detalha. Com a utilização desses equipamentos, ele acredita que será possível reduzir o tempo de avaliação desses lotes e reduzir a utilização de material humano. ;Com o drone, conseguiremos ver rapidamente se há indícios de problemas nesses lotes, e isso facilita a decisão de entrar ou não em cada um desses locais;, explica Emilson.
Além da medida mais moderna, o programa conta com ações de manejo ambiental, limpeza e conscientização. ;Queremos tentar erradicar essas doenças, que são resultados também da falta de cuidado com a cidade;, disse o governador Ibaneis Rocha (MDB). ;As ações têm de ocorrer de forma organizada. Não adianta limpar a cidade e reduzir filas de hospitais, se não houver, na base, ações para combater essas doenças. Eu pedi medidas preventivas para cuidar disso. E não há momento melhor do que esse em que o SOS Limpeza está em andamento;, afirma o chefe do Buriti.
;O problema da dengue foi quase erradicado no Brasil e retornou posteriormente. As mortes ocorrem no país inteiro e cabe a nós, da saúde, diagnosticar isso e mostrar para a sociedade o perigo que é;, observa o secretário Osnei Okumoto. Ele explicou que há divergências nos dados do DF. Enquanto o número de casos prováveis apresentou queda de 2017 para 2018 (de 3.971 para 2.351), o número de residências com presença de larvas do mosquito cresceu. Foi de 673, em 2017, para 1.195, em 2018. ;Isso se explica em parte pela subnotificação. Houve atendimento que não foi passado para a Secretaria de Saúde;, diz o secretário.
Ações
O aumento da presença do mosquito nas residências deve-se, principalmente, à falta de cuidados relativos à limpeza e à manutenção dos locais. Por isso, segundo o secretário, o programa contará com apoio das administrações regionais e do Corpo de Bombeiros. A ideia é, além de ações para limpeza e combate, conscientizar as pessoas. ;É uma questão que, desde a transição, nós tratamos. A intenção é que os administradores estejam participando, com os bombeiros e os agentes. A ideia é bater de casa em casa, falar com a população;, explica o coordenador de Cidades, Gustavo Aires.
O programa também conta com apoio do governo federal. ;O ministério vem ajudando e intensificando o combate. O DF recebeu 60 caminhonetes para o combate à dengue, para subsidiar ações dos bombeiros e das administrações;, destaca o coordenador-geral dos programas nacionais de controle e prevenção da malária e das doenças transmitidas pelo Aedes, Divino Valero Martins.
As medidas começam pelas cidades com maior risco de casos, como São Sebastião, Paranoá, Itapoã, Planaltina, Samambaia, Estrutural, Recanto das Emas, Lago Norte, Lago Sul e Candangolândia. Além de bombeiros, agentes de vigilâncias e funcionários das administrações, servidores do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), da Novacap, da Secretaria de Segurança, da Secretaria de Comunicação, da Casa Civil, da Secretaria de Educação e da Agefis participarão das ações.