Cidades

Fotógrafo brasiliense convida mulheres para ensaio sobre vaginas

Fotógrafo de arte quer registrar órgãos genitais de mulheres, incluindo as cisgênero e as que passaram por cirurgia para redesignação de sexo.

Marina Adorno - Especial para o Correio
postado em 20/01/2019 15:17
As fotos dos ensaios serão parte de uma mostra fotográfica em um centro cultural de Brasília.
O brasiliense Kazuo Okubo, 59 anos, já começou o ano envolvido em um novo projeto. Para "O inventário", o fotógrafo de arte está convidando mulheres, incluindo as cisgênero e as que passaram por cirurgia para redesignar o sexo, maiores de 18 anos, legalmente capazes, a participar de um ensaio fotográfico de nu artístico em que serão registradas as imagens das vaginas de forma anônima.
As fotos serão parte de uma mostra fotográfica em um centro cultural de Brasília. As mulheres interessadas devem se inscrever pelo site do projeto http://kazuookubo.com.br, preencher o formulário eletrônico e concordar com os termos de licença de uso de imagem previamente estabelecidos, a ser formalizado no momento da sessão de fotos.
Após a inscrição, as interessadas serão contatadas pelo artista, que explicará como serão conduzidos os ensaios. As sessões fotográficas serão realizadas no estúdio do fotógrafo, com acesso restrito à equipe do fotógrafo e convidados da modelo. Com curadoria de Rosely Nakagawa, o projeto "O inventário" é patrocinado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC) da Secretaria de Estado de Cultura do Governo do Distrito Federal.
A série iniciada em 2004 já foi parcialmente apresentada em exposições na galeria A Casa da Luz Vermelha e na SP-Arte/Foto 2013, a maior e mais importante feira de galerias de arte da América Latina. Para Kazuo Okubo, o momento é ideal para se falar de um tema que é cercado de tabus e preconceitos. "Existe uma beleza nas formas das vaginas de todas as mulheres que quando são retratadas, seja na pintura, na gravura ou na fotografia, podem surgir como imagens tanto realistas como idealizadas e líricas. Neste ensaio busco reconhecer a naturalidade, o início do mundo como o fez Gustave Courbet, no século XIX. Para além dessas idealizações ou usurpações do feminino, busco entender o que é a mulher, seu corpo, sua vontade, suas decisões", afirma o fotógrafo. E ressalta: "Mais da metade de mundo tem uma vagina. Passou da hora de entender que não temos direitos sobre seus corpos", completa.
Segundo a curadora Rosely Nakagawa, a obra de Kazuo Okubo ocupa um lugar na fotografia de arte contemporânea brasileira devido à sua forte individualidade e à sua tradição oriental, onde além da presença do nu, o rigor técnico e formal são ferramentas para exercer sua criatividade. Em "O inventário", o fotógrafo "reúne a delicadeza das flores e a ousadia dos nus, obtendo um resultado poético e particular, despido de julgamento e contextualização da cultura Ocidental", afirma a curadora.

Trajetória

Kazuo Okubo é fotógrafo e produtor cultural. Começou na fotografia como assistente de seu pai, Arlindo Okubo, em 1974, e em 1989, começou sua trajetória na fotografia publicitária. Desde 2003, desenvolve trabalhos autorais. Em 2009, inaugurou em Brasília a primeira galeria de arte dedicada exclusivamente à fotografia no Centro-Oeste, A Casa da Luz Vermelha.

Curadoria

Rosely Nakagawa nasceu em São Paulo, onde vive e trabalha. Graduou-se em Arquitetura pela FAU-USP, em 1977, fez especialização em Museologia pela USP anos mais tarde e em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP em 2005. Desde 2015, é curadora e gestora cultural do Armazém Cultural 11 Santos, São Paulo.
Já trabalhou em várias iniciativas que são referência na fotografia brasileira. Coordenou os projetos de fotografia FUJIFILM 2013, foi curadora da Casa da Fotografia FUJI de 1994 a 2013, do Espaço SENAC Escola de Comunicações e Artes 1994 a 1998. Também foi curadora do Espaço Cultural CITIBANK de 1987 a 1991.

Serviço:

Inscrições pelo site http://kazuookubo.com.br/
Quem pode participar: mulheres cisgênero e pessoas que passaram por cirurgia para redesignção de sexo, maiores de 18 anos e legalmente capazes

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