Cidades

Entrevistado do CB Poder, delegado fala em fortalecimento da Polícia Civil

Fernando César Costa defendeu a super-coordenação de combate ao crime organizado, Cecor, e se disse contra o armamento da população

postado em 21/01/2019 15:00

Chefe da Cecor, Fernando César Costa também mostrou estar esperançoso com a gestão de Sergio Moro à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública

O delegado-chefe da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes contra a Administração Pública (Cecor), Fernando César Costa, participou do programa CB Poder desta segunda-feira (21/1). A entrevista, feita por repórteres do Correio e da TV Brasília e veiculado pela emissora, abordou temas como o combate ao crime organizado na capital federal, a ação dessas facções no sistema penitenciário, o combate a todos os tipos de crime, incluindo da administração pública, e o programa SOS Segurança do GDF.

No ano passado, a Cecor efetuou 389 prisões, 434 mandados de busca e apreensão e apreendeu, ainda, 90 veículos. Entre os grupos investigados pela delegacia especializada está o bando que explodiu caixas eletrônicos do BRB no anexo do Palácio Buriti e outros no Lago Sul. Segundo Fernando César, esse grupo foi desarticulado. Os criminosos atuavam em Goiás e estenderam as atividades para o DF após se refugiar na região de São Sebastião.

Entre outras questões, Fernando César ressaltou a necessidade de investimento na polícia judiciária para ampliar os resultados de combate à criminalidade. Sobre a paridade salarial com a Polícia Federal, o delegado foi diplomático e tratou a questão como ;uma página virada;. ;A expectativa é boa. A Polícia Civil dá a questão da paridade como solucionada. Mas a insatisfação não era só salarial. Falta efetivo, equipamentos necessários, isso precisa ser retomado para maximizarmos nossa atuação contra a criminalidade;, argumentou.

Facções criminosas

Sobre a atuação do crime organizado no DF, o delegado comentou o trabalho que a Polícia Civil faz desde a última rebelião no Complexo Penitenciário da Papuda, em 17 de agosto de 2000, que aconteceu no então Núcleo de Custódia e deixou 11 mortos. ;Desde então, a Polícia Civil vem fazendo um trabalho para evitar a instalação dessas facções. ;Parte da ação veio com a criação da Cecor, uma divisão específica de combate a facções criminosas no DF e Entorno. E esse trabalho tem repercussão em outros estados, uma vez que esses grupos têm atuação nacional;, observou.

Ainda segundo Fernando César, é importante a polícia atuar em conjunto com os órgãos de inteligência dos presídios para monitorar as ações de facções nesses locais. Ele também frisou que o trabalho da polícia judiciária aumenta com a presença de um presídio federal na localidade. Por outro lado, o entrevistado tranquilizou a população e disse que, no DF, existem poucos representantes de facções criminosas e que não são articulados.

Outro tema abordado na entrevista foi o de regalias a políticos e empresários presos na Papuda. Entre eles, Luiz Estevão, flagrado com pen-drives, remédios e uma tesoura guardados na cela. O empresário ainda tentou descartar os equipamentos eletrônicos na hora da batida. Fernando César destacou a importância do combate à concessão de regalias.

;Mostramos o quão nefasta é a concessão de benefícios a quem quer que seja. Se existe alguém proporcionando vantagens ilegais a um interno, porque não vai proporcionar a outro? Isso deixa o sistema penitenciário sem controle. Há uma necessidade de cuidados especiais com presos com poder político e criminosos comuns. Isso acabou originando uma das organizações criminosas que dominam o crime no Rio de Janeiro hoje;, ressaltou.

Política nacional

Fernando César também teceu comentários a respeito da facilitação da posse de arma, promessa de campanha do presidente da República, Jair Bolsonaro. ;Sempre fui um defensor da política de desarmamento. Uma arma à disposição de um cidadão não resolve a criminalidade. Não traz segurança. Grande parte do armamento à disposição da criminalidade vem de ações de furto e roubo de armas do cidadão comum. Acredito em um impacto de aumento nos crimes violentos. Espero que não mude a política em relação ao porte;, disse.

Sobre a gestão do ministro Sérgio Moro à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o delegado se mostrou esperançoso. Disse esperar que, com a experiência como magistrado, Moro saiba atuar no combate ao crime organizado. ;Na minha atuação na Cecor, trabalhamos com polícias de vários estados. Tenho esperança de que o ministro consiga, como juiz criminal que viu de perto a necessidade de provas robustas para prisão de criminosos, um resgate das instituições para combater essas facções;, afirmou.

;Espero uma série de medidas para alteração da legislação penal. Não dá mais para admitir que criminosos não cumpram pena na cadeia. Isso gera reincidência;, completou.

Assista a entrevista na íntegra aqui.

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