Isa Stacciarini, Fernanda Bastos*
postado em 23/01/2019 17:35
Uma vistoria do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) constatou que 180 presos do Centro de Detenção Provisória (CDP), que fica dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, estão com escabiose, mais conhecida como sarna. A identificação ocorreu entre 10 e 15 de janeiro, quando promotores do Núcleo de Controle e Fiscalização do Sistema Prisional (Nupri) encaminharam um ofício à Gerência de Saúde Prisional da Secretaria de Saúde para que a doença não se espalhe. O documento pedia equipe de saúde e materiais necessários ao tratamento dos presos.
Na tarde de terça-feira (22/1), promotores do Nupri estiveram no CDP e se reuniram com a diretoria da unidade para informar sobre as medidas adotadas para combater a patologia. A equipe ainda monitora o caso com a Gerência de Saúde da Subsecretaria do Sistema Prisional do Distrito Federal.
As atualizações estão sendo registrados em procedimento interno do MPDFT, instaurado para acompanhar a doença. De acordo com o Ministério Público, os órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF) informaram ao menos cinco medidas adotadas para reverter o problema, mas o único medicamento para tratamento da doença de pele, a loção Permetrina 5%, está em falta no sistema. Por causa disso, o presídio liberou que visitantes levassem aos internos o remédio e iniciou contatos para compra emergencial do medicamento.
Além disso, equipe de saúde do CDP faz mutirão de atendimento, além de higienização de celas e alas. O MPDFT também recebeu informação de que houve início do processo administrativo para implantação de lavanderias no sistema.
Posicionamento oficial
Em nota, a Sesipe informou que os casos diagnosticados com doenças de pele na penitenciária da Papuda ;não caracterizam epidemia e já estão sendo tratados pela equipe médica do Núcleo de Saúde da Unidade;. Segundo o órgão, uma triagem feita no complexo na quarta-feira diagnosticou 55 presos com alguma doença de pele.
A Sesipe também garantiu que há acompanhamento médico desde a entrada no sistema penitenciário. ;Quando existe a identificação de alguma doença contagiosa, o interno é separado dos demais e recebe tratamento dentro do Núcleo da Secretaria de Saúde de cada unidade prisional, com médicos, dentistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos e assistentes sociais;, informou o órgão. A pasta também detalhou que a cela passa por um processo de higienização com produtos químicos.
A Secretaria de Saúde, por sua vez, informou que, desde 7 de fevereiro, realiza mutirões de atendimento aos internos no Centro de Detenção Provisória (CDP) para conter a disseminação das doenças de pele. As doenças manifestadas nos detentos são escabiose ou sarna, tínea, furunculoses, micoses e impetigo, segundo a pasta.
Garante ainda que aumentou a atuação depois de ofício emitido pelo Ministério Público, com triagens individuais, palestras educativas e entrega de medicamentos para o tratamento da escabiose no CPD. No Centro, a Secretaria de Saúde mantém 25 servidores, sendo dois médicos, para o um total de 3.587 internos.
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer