Luiz Calcagno
postado em 24/01/2019 12:20
Do lado de fora da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), cerca de mil pessoas se aglomeram nesta quinta-feira (24/1) na tentativa de acompanhar a sessão de votação do projeto de lei que pretende estender o modelo de gestão do Instituto Hospital de Base (IHB) a outras unidades de saúde do DF. Durante toda a manhã, o clima foi de tranquilidade, porém, por volta do meio-dia, os ânimos dos manifestantes começaram a se alterar.
A tensão começou quando o diretor executivo do Sindicato dos Enfermeiros (Sindienfermeiros), Tarcísio Faria, discursou em cima do carro de som. Além de criticar a expansão do modelo IHB, Faria disse que os funcionários da Saúde estão dispostos a conversar com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. Segundo ele, os servidores conhecem, como ninguém, o gargalo do sistema.
Por volta das 12h30, com um número maior de manifestantes favoráveis ao projeto, o clima esquentou ainda mais. Houve bate-boca e um prinícpio de confusão. Quem apoiava o projeto gritava "vai ter que trabalhar", enquanto os contrários ao PL bravejavam frases como "vai ter que estudar". A Polícia Militar teve de intervir e fazer um cordão entre os grupos.
Os funcionários da Saúde contrários à expansão do modelo contam com um carro de som. Os apoiadores da ideia estendem faixas com os dizeres "Chega de sofrer, saúde já" e "chega de morte nos hospitais".
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Do carro de som, o diretor executivo do Sindicato dos Enfermeiros tentava acalmar os ânimos. Segundo ele, "todos os manifestantes estão do mesmo lado, pois esperam melhorias na saúde".
"Não somos contra a mudança, mas contra um projeto sem envolver a discussão entre entidades e governo. É comum termos opiniões diferentes. Interfere no relacionamento pessoal, pois estamos no mesmo processo em posições diferentes. Mas o respeito não é pelo colega e, sim, pela população", opinou Fábio Alves, diretor do Sindienfermeiros.
Jairo de Souza Santos, 44 anos, funcionário da limpeza do Hospital Reginoal de Planaltina (HRP), é favorável ao projeto. "É para melhoria da Saúde, que está no buraco. O povo está morrendo na fila. O HRP não tem atendimento. Em vez de os funcionários ficarem nos hospitais, estão aqui", reclamou.
O deputado distrital Fábio Felix (PSol) também discursou no carro de som dos funcionários da Saúde. Dentre outras coisas, ele acusou Ibaneis de "estelionato eleitoral".
Ao Correio, Félix críticou a postura "descompromissada" do governador. "Ele precisa conhecer a importância dos serviços de saúde. O SUS faz parte dos princípios fundamentais e a privatização da rede é um ataque frontal à população em seus direitos básicos", disse.
O parlamentar afirma o compromisso do Psol em votar contrariamente ao PL, critica a iniciativa e diz ser um "absurdo completo" uma alteração na estrutura de gestão sem a prévia negociação com os servidores.