Com atraso de cinco horas, os corpos do sargento da Polícia Militar do Distrito Federal Marcílio da Costa; da mulher, Elzilene de Souza Silva Ferreira; e do filho, Lyncon, foram velados na tarde desta segunda-feira (28/1), no ginásio da Praça Central do Paranoá. Os caixões foram recebidos por familiares e amigos ao som das sirenes dos carros dos bombeiros e da PM, além de muitos aplausos.
Cerca de 200 pessoas compareceram ao local para prestar as últimas homenagens às vítimas, que morreram após uma colisão frontal contra uma carreta, na manhã de domingo (27/1), na BR-020. O casal e o filho voltavam de viagem após visitarem parentes no Piauí e Maranhão.
A comoção tomou conta. Militares uniram-se em fila e conduziram a família ao interior da quadra esportiva. Muitos não conseguiram conter as lágrimas, principalmente após a passagem do pequeno caixão branco do filho do casal, de 5 anos.
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A longa espera não desmotivou aqueles que foram se despedir da família. Agora, os corpos serão conduzidos para as respectivas cidades natais. Elzilene e Lyncon vão para Passagem Franca, no Maranhão, e Marcílio será levado para São Francisco, no Piauí.
Alegria e companheirismo
O casal foi lembrado pela alegria e pela vontade de viver, características destacadas por amigos e familiares. Marcito Ferreira, 49 anos, psicólogo e irmão de Marcílio, lembrou como o militar era querido em todos os lugares que frequentava. "Ele era um irmão maravilhoso, filho obediente, bom marido e bom pai. Com os amigos do trabalho, ele era companheiro e leal. A alegria dele era contagiante, gostava de se divertir e de aproveitar a vida, sempre gostou", contou.
O irmão relatou que, no último dia de viagem, a mãe deles decidiu encontrar Marcílio. "Eles já tinham ido embora do Piauí e estavam saindo da cidade de Elzilene (no Maranhão). Em um ponto de entroncamento entre as cidades dela e nossa, a minha mãe foi encontrá-los para ver Lyncon, a quem era muito apegada. Nem imaginavam que seria a despedida e que horas depois aconteceria o acidente", lamentou.
Amigo de infância de Marcílio, Osvaldo Rei da Hungria, 48, emocionou-se ao lembrar do companheirismo do casal. "Para nós, não é Marcílio, é Di. Nós nos conhecíamos desde pequenos, no tempo do Piauí. Estávamos sempre juntos, nos aniversários, nas datas especiais. O último Natal foi lá em casa, e Di estava lá com a família. Foi a última vez que nos vimos", contou.
O único familiar de Elzilene que acompanhou o velório foi o tio Domingos Souza, 40, promotor de vendas. Os demais familiares que moram em Brasília haviam viajado para a cidade natal, Passagem Franca, no Maranhão, onde o corpo será enterrado. Domingos conta que Elzilene, assim como o marido, era cheia de alegria. "Ela era extrovertida, por onde passava deixava a sua marca. Era solidária demais e fazia amigos em todo o lugar. Os nossos filhos eram muito amigos e, quando o meu soube que Lyncon tinha morrido, ficou aos prantos."
Para a amiga Valéria Santana, 33, Elzilene ajudou no momento em que ela mais precisava. "Eu saí muito cedo da casa dos meus pais e foi a Elzilene quem me acolheu. Eu era amiga da irmã dela, a Erilene, que morava com o casal e, sem mesmo me conhecer, Elzilene abriu as portas para mim, quando a minha mãe me expulsou", disse.
Segundo ela, a amiga seria nomeada pela Secretaria de Educação. "Ela era professora temporária, mas a nomeação estava marcada para hoje; por isso, acho que eles estavam apressados para chegar a Brasília", avaliou.
* Estagiária sob supervisão de Guilherme Goulart