Bruna Lima - Especial para o Correio
postado em 30/01/2019 21:57
As coletas de provas e análises no apartamento incendiado na 310 Norte devem ser retomados nesta quinta-feira (31/1). As chamas, que começaram no quarto do casal, não apagaram o que de fatoaconteceu na madrugada desta quarta (30/1). A servidora aposentada da Secretaria de Educação do Distrito Federal, Veiguima Martins, 55 anos, foi atingida por ao menos cinco facadas desferidas pelo marido, José Bandeira e Silva, 80, que, após matá-la, ateou fogo no local e acabou também morrendo. Agora, a polícia quer saber detalhes do crime.
"Podemos afirmar que foi mais um caso de feminicídio e que o incêndio foi criminal. Ao recolher o corpo da vítima, encontramos fósforos e tecidos amontoados para facilitar a combustão. Como o local ainda estava muito quente, não foi possível concluir os trabalhos no dia. Mas a dinâmica deve ser esclarecida com a próxima visita", afirma o delegado-chefe da 2; Delegacia de Polícia (Asa Norte), Laércio Rossetto.
A arma do crime ainda está no local. A suspeita é de que tenha sido uma faca grande, de acordo com as análises das perfurações no corpo de Veiguima. Os golpes perfurararam a aorta pulmonar e causar lesões nas costelas e tórax. Segundo as investigações, as facadas foram suficientes para matar a vítima e o incêndio pode ter sido causado para tentar apagar as provas do crime ou como uma forma de suicídio.
Quando os bombeiros entraram no apartamento, José Bandeira foi encontrado na cozinha, desmaiado. Ele pode ter tentado fugir do local, mas acabou inalando fumaça e perdendo a consciência. Um vizinho que tentou socorrê-los ao ver as chamas relatou ter encontrado a porta aberta. "Entrei, mas não vi nada, estava tudo escuro por causa da fumaça. E ela era tão densa que caí no chão", lembra o pastor Jorge Tosta. Ele foi atendido pelos bombeiros, mas não precisou ir ao hospital. José foi levado para fora do apartamento, onde os militares fizeram manobras para reanimá-lo, mas ele não resistiu.
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A outra hipótese é de que o suspeito tenha tentado se matar. Em março de 2018, Veiguima registrou uma denúncia contra ele, alegando que ela teria sido ameaçada de morte e que o parceiro disse que se mataria em seguida. Segundo familiares, os relatos de agressões tanto verbais quanto físicas eram frequentes, mas Veiguima não tinha coragem de deixá-lo.
"Ela ficava sempre com pena porque o José era uma pessoa sozinha, não tinha ninguém. E sempre que ela falava em se separar, ele fazia promessas de melhorar. Mas ele era possessivo, ficava nervoso do nada, tinha crises nervosas e começava as agressões;, conta a irmã da mulher Rozilene Martins, 47.
Durante a madrugada, vizinhos relataram à polícia terem ouvido pedidos de socorro de Veiguima, que logo cessaram. Posteriormente, o cheiro de queimado tomou conta do local e todos os moradores precisaram desocupar o prédio. A Defesa Civil avaliou que não houve danos estruturais e, às 11h30, liberou o edifício.